Continente e ilha em debate climático
Professor do CEUB representará a Ilha Maurício nas negociações da COP 30 em Belém
O professor Nitish Monebhurrun, do Centro Universitário de Brasília (CEUB), foi designado representante oficial da Ilha Maurício na COP 30, que será realizada em Belém. Radicado no Brasil, o especialista levará à conferência comparações entre os impactos das mudanças climáticas em países continentais e em Estados-ilha em desenvolvimento.
Segundo Monebhurrun, enquanto o Brasil responde por 1,2% das emissões globais de CO₂ e enfrenta eventos extremos como secas e enchentes, a Maurício contribui com menos de 0,01%, mas sofre com o aumento do nível do mar e a degradação de recifes de corais, ameaças que podem levar ao deslocamento de populações.
O professor destacou avanços como o Acordo de Paris e pareceres da Corte Internacional de Justiça, que reforçam a responsabilidade dos países desenvolvidos em apoiar os mais vulneráveis. Ainda assim, apontou entraves, como a dificuldade de acesso a fundos climáticos e a resistência de potências, entre elas os Estados Unidos, em ampliar compromissos.
Monebhurrun defendeu que países insulares não abrem mão da soberania, mesmo diante da erosão territorial. Ele lembrou que recente decisão consultiva da Corte Internacional de Justiça assegurou a manutenção do status de Estado a territórios ameaçados pela perda de terras.
Para a COP 30, o professor considera que o Brasil, como anfitrião, pode ter papel estratégico ao buscar destravar mecanismos de financiamento e incluir deveres ambientais em acordos econômicos internacionais. “É urgente condicionar a proteção jurídica de empresas ao cumprimento de suas responsabilidades ambientais”, afirmou.