Comprometimento ecológico e modernização caminhando lado a lado
Semelhante ao segurança que fica à porta autorizando ou não a entrada, as válvulas presentes nos sistemas de refrigeração e ar condicionado têm o poder de controlar a passagem do refrigerante, água ou vapor, determinado a quantidade de frio que será colocada no ambiente.
Tanta responsabilidade não poderia ficar sem um respaldo. Por isso, os principais fabricantes desse componente têm levado muito a sério os aprimoramentos tecnológicos, parceiros íntimos da qualidade em um mercado cada vez mais sofisticado.
Ultimamente, além de mostrar a seus clientes a variedade do portfolio, falando em soluções mais inovadoras e específicas, os empresários desse setor têm demonstrado também toda sua preocupação ecológica.
Valores como economia de energia, menor gasto de água e uso dos fluidos de impacto reduzido ao meio ambiente nunca pesaram tanto na escolha desse componente como agora. “Com as recentes discussões sobre a redução do consumo de energia, na tentativa de diminuir a emissão de gases que causam o aquecimento global, cada vez mais os novos produtos se alinham a essa finalidade”, aponta o coordenador técnico da Emerson Climate Technologies, Alexandre Zimmaro.
A partir dessa percepção, a fabricante de válvulas solenóides eletricamente atuadas; de esfera, operada manualmente, e de expansão automática, eletrônica e termostástica promoveu algumas mudanças significativas em sua organização produtiva. Agora, sua unidade brasileira apenas distribui os componentes fabricados fora do País, o que, na opinião do engenheiro elétrico eletrônico, é muito positivo para oferecer uma melhor tecnologia aplicada e preços mais atraentes.
Desenvolver os modelos para utilização com R-410 A, aplicados à refrigeração, foi igualmente estratégico para destacar a posição da empresa em prol da conservação dos recursos naturais.
Com a mesma avidez, o diretor geral da Tour & Andersson Ltda., Hernani Paiva, defende a consciência ecológica. “O segmento está passando por um momento de mudanças culturais onde o consumidor exige qualidade, preços razoáveis e, principalmente, menores desperdícios de energia e água”, revela.
Diante desse cenário, os caminhos encontrados pela indústria de origem sueca, instalada no Brasil desde 1996, quando passou a produzir válvulas – hoje separadas nos tipos de balanceamento, esfera de haste estendida, borboleta, controle, tudo ou nada, floating e proporcional para aplicações em refrigeração por água e sistemas de água quente — foram agregar suporte de engenharia e desenvolver alternativas hidráulicas que primassem pela sustentabilidade. Exemplos disso, segundo Paiva, são as válvulas reguladoras de pressão diferencial; de controle e balanceamento conjugadas proporcional, e de balanceamento e automação para sistemas hidráulicos acoplada a medidor de consumo de água, soluções apresentadas pela indústria na Febrava 2007.
Em sintonia com essa preocupação mundial, a paulistana Vastin tem priorizado as parcerias para oferecer uma solução cada vez mais completa a seus clientes. “Também investimos em inovações tecnológicas para diminuir o tempo de produção e oferecer ainda mais qualidade”, completa o gerente comercial dessa fabricante de válvulas globo para refrigeração e aquecimento industriais, Eduardo Lins.
No mesmo rumo caminha a Válvugas, que este ano completa 40 anos de existência produzindo válvulas industrias para controle de aquecimento e refrigeração. “Pretendemos fazer um trabalho junto aos usuários, no sentido de melhorar a facilidade de manutenção, porque às vezes você tem um produto que é muito bom, mas o usuário tem dificuldade ao exercer esse trabalho”, prevê seu gerente Comercial, Ricardo Cucato.
MOMENTO FAVORÁVEL?
Familiarizados com o vai-e-vem do mercado brasileiro, nos mais diversos segmentos, os empresários do frio ainda não chegaram a um consenso sobre as oportunidades atuais para as válvulas.
Gilberto Carlos Machado, diretor da Honeywell do Brasil, por exemplo, identifica uma baixa no ramo em que atua devido ao aumento de utilização dos equipamentos de expansão direta e à invasão de produtos de qualidade questionável. Por outro lado, reconhece a estabilidade advinda da construção em ótima fase para a venda de seus modelos cartucho, esfera, globo, borboleta e de expansão e balanceamento, próprias para água gelada, vapor, etileno glycol e gás refrigerante.
Há dez anos fabricando válvulas para fancoletes de ½ e ¾ de polegada; borboleta de 30 polegadas; de controle para fancoil e globo nos Estados Unidos e na Suíça, a Belimo também vê o atual momento sob duas óticas. “A tendência de se utilizar a expansão direta nos prejudica um pouco, porque o nosso produto é voltado para sistemas de água
gelada mas, em paralelo, existe um movimento de uma maior consciência quanto à energia, e essa eficiência nossa solução oferece”, resume a diretora geral da indústria para a América Latina, Karina Esteves da Silva.
Impressão semelhante é a do gerente de Engenharia, Anderson Dameto, da Slic, empresa que comercializa válvulas globo, esfera, borboleta motorizada, de balanceamento e motorizada on-off. “Nossa área está sofrendo alguma concorrência com equipamentos split system que são refrigerados a ar, mas o sistema de ar condicionado em água gelada está em expansão”, afirma.
Já a KSB Bombas, que tem em sua linha produtiva os tipos BOA-C, BOA-CS e DANAIS, não sente nenhuma postura hostil do mercado, muito pelo contrário. Para seu coordenador de Vendas, Luiz Antunes do Prado, tudo é uma questão de adaptação. “Como as exportações de frutas, flores e carnes estão em franco desenvolvimento, a tendência é aumentar a procura pelos sistemas de refrigeração e câmaras frias”, observa.
Com matriz na Dinamarca e prestes a completar 75 anos, a Danfoss tem sentido igualmente essa perspectiva, principalmente nos frigoríficos. “Os supermercados vão bem e impulsionam a refrigeração comercial. Na parte industrial, tem a ver com a melhora nas exportações de carne, frango e suínos, e quando as grandes fabricantes e produtoras dessas áreas ampliam a capacidade de produção, precisam de mais
frio”, conclui o diretor de Vendas — Refrigeração dessa fabricante de válvulas manuais e controladas por pressão, temperatura, ar comprimido e energia elétrica, Peter Young.
Igualmente animada com todo esse boom segue a americana Parker Hannifin. E para atender bem seus clientes na venda dos modelos com orifício intercambiável e fixo, conta com alguns recursos especiais. “O destaque é nosso prazo de entrega, pois temos uma fábrica local, o que flexibiliza a entrada de pedidos”, enfatiza seu supervisor de Vendas e Marketing, Jonathan Faber Pretel.
No âmbito das válvulas de ferro, as perspectivas também são boas. Quem afirma isso é o coordenador comercial da Madasa, Ronaldo da Silva. “Esses modelos estão substituindo os antigamente fabricados em latão, adotados nos projetos de unidades condensadoras e seladas. Ao mesmo tempo, a utilização dos tipos com dispositivos de segurança em vasos de pressão tem se intensificado, até mesmo por proporcionar
maior segurança às instalações”, finaliza.
OLHO NO FUTURO
Para levar qualidade, consciência ecológica e alta performance a seus produtos, as fabricantes de válvulas não esquecem, nem por um momento, de reparar nas tendências predominantes. Uma das mais comentadas atualmente, além do uso crescente do CO2 e da linha de expansão eletrônica, é a automatização.
Quem defende essa tese, por exemplo, é Peter Young, da Danfoss. “Sistemas que eram muito manuais passam a ser automatizados. Num primeiro passo, deixa de se abrir e fechar uma válvula para operar eletricamente. Num segundo, proliferam os sistemas com controle eletrônico”, explica o administrador.
Raciocínio de produção centrado nessa idéia é justamente a estratégia da Belimo para atingir um nicho importante e relacionado aos itens que produz: válvulas motorizadas. “Os sistemas mais eficientes são o futuro”, avisa sua diretora geral para a América Latina, Karina Esteves da Silva.