Climatização & Refrigeração S/A

O número de aquisições e parcerias envolvendo grandes players do setor de refrigeração e ar condicionado chama a atenção do mercado. Nos últimos anos, essas operações originaram novos negócios mundo afora, incrementando portfólio, market share e, consequentemente, os lucros das companhias.

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Na América Latina, uma das principais ações dessa natureza ocorreu em 2011, quando a chinesa Midea adquiriu 51% da Carrier no Brasil, Chile e Argentina por US$ 220 milhões. Assim, nasceu o maior fabricante de equipamentos de climatização do continente.

Já consolidada, a joint venture informa que manterá este ano os investimentos em sua fábrica em Manaus (AM), com produtos voltados para o uso residencial, e em Canoas (RS), destinada à produção de equipamentos de ar condicionado para grandes obras.

A força das duas marcas, somadas à tradição da Springer, também se expandiu para outros segmentos, como o de eletrodomésticos. Agora, o catálogo da multinacional conta com produtos para casa, como duas linhas de cozinha – a Midea Desea e a Midea Liva – e também adegas, cervejeiras e micro-ondas.

“A Midea Carrier hoje é reconhecida no Brasil e em toda a América Latina por sua expertise em climatização. Desde o início da joint venture, houve ampliação de portfólio, tanto na oferta de soluções para climatização comercial, quanto de produtos inovadores e conectados para a climatização residencial”, ressalta o CEO da empresa no País, Luiz Felipe Costa.

Mais recentemente, outro grande negócio mexeu com o HVAC-R. Não foi uma parceria, nem uma fusão ou aquisição, mas a reconfiguração global das divisões de negócios da norte-americana DuPont, que deu origem, em 1º de julho do ano passado, à Chemours. A nova sociedade anônima independente assumiu a grande participação de mercado deixada pela companhia bicentenária no ramo de refrigerantes sintéticos.

“Já estamos conseguindo atingir nossos objetivos, especialmente no que diz respeito a dar um maior foco ao negócio de especialidades químicas, bem como ao reinvestimento de parte dos resultados em novos projetos desenvolvidos pela própria Chemours”, informa Renato Cesquini, gerente de negócios para fluorquímicos da subsidiária brasileira.

Um desses projetos é o da nova linha de fluidos refrigerantes Opteon, que a empresa apresentou ao mercado brasileiro durante a Febrava (Feira Internacional de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar). “Eles são considerados o que há de mais inovador nessa indústria hoje”, destaca o químico, lembrando que esses compostos são feitos à base de hidrofluorolefinas (HFOs), substâncias com características termodinâmicas bastante parecidas com as dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e hidrofluorcarbonos (HFCs).

Durante a maior mostra do HVAC-R latino-americano, a Embraco anunciou o estabelecimento da parceria com a italiana Dorin, iniciativa que faz parte da estratégia de expansão de negócios e portfólio implantada desde o final de 2014 pela companhia do segmento de compressores herméticos.

Segundo a multinacional sediada em Joinville (SC), a parceria irá permitir sua entrada no mercado de equipamentos semi-herméticos e de refrigeração comercial de grande porte, nichos até então pouco explorados por ela.

“Em contrapartida, a Embraco, com sua estrutura e conhecimento do mercado nacional, irá acelerar a introdução dos compressores Dorin no Brasil, a partir do fim do primeiro trimestre deste ano”, diz Fernando Fischer, líder da área de novos negócios da empresa.

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou, em outubro do ano passado, a criação de uma joint venture para a produção de splits com capacidade entre 7 mil BTU/h e 24 mil BTU/h pela chinesa Gree e pela sueca Electrolux, que, em 2014, pagou US$ 3,3 bilhões pela divisão de eletrodomésticos da norte-americana General Electric (GE).

Também em outubro, a Johnson Controls e a Hitachi iniciaram as operações de uma joint venture para o fornecimento global de produtos e tecnologias de ar condicionado de primeira linha, incluindo sistemas de fluxo de refrigerante variável (VRF, na sigla em inglês), chillers de alta eficiência e compressores.

Por meio do acordo, a multinacional norte-americana adquiriu 60% de participação acionária na nova companhia, que tem mais de US$ 2,8 bilhões em vendas anuais. Na ocasião, o diretor executivo da JC-Hitachi, Franz Cerwinka, disse, em comunicado distribuído à imprensa, que ambas as empresas “formam uma combinação perfeita, devido à sua linha de produtos complementares, marcas inigualáveis e riqueza de 100 anos de história”.

Em dezembro, a Panasonic confirmou a aquisição da Hussmann, indústria norte-americana de sistemas refrigerados. A operação, que soma US$ 1,5 bilhão, deverá ser concluída em 1º de abril.

O acordo permitirá à companhia asiática expandir seus negócios nas áreas de expositores frigoríficos e de soluções para distribuição de alimentos nos EUA e países da região, além da Austrália e Nova Zelândia.

Em 1º de janeiro, o grupo alemão ebm-papst se tornou sócio majoritário da espanhola Ikor, impulsionando sua competência nos campos de desenvolvimento e fabricação de produtos eletrônicos.

No comunicado à imprensa, a multinacional do ramo de ventiladores informa que a aquisição fortalece sua posição na América do Norte e China, entre outros mercados. Antes da operação, enfatiza a nota, as duas empresas já mantinham uma bem-sucedida parceria.

No início de fevereiro, por sua vez, a japonesa Daikin anunciou a intenção de comprar 100% das ações da Flanders, fabricante norte-americano de filtros de ar, por US$ 430 milhões. Se tudo der certo, essa aquisição deverá ser finalizada em abril.

Pelo andar da carruagem, 2016 será um ano de muitos negócios entre grandes corporações. De acordo com o índice global de fusões e aquisições da Intralinks, essas operações devem crescer 8% em todo o mundo no segundo trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015.

Os setores de maior movimento devem ser os de consumo, telecomunicações, saúde, indústria, imobiliário e energia. Já os segmentos de alta tecnologia, varejo, mídia e entretenimento devem apresentar redução.

Segundo especialistas, dois cenários diferentes favorecem esse tipo de negócio. O primeiro deles é quando o mercado cresce de forma acelerada e as empresas querem se expandir mais rápido que o próprio mercado. E o segundo é quando há retração econômica e queda de preços de produtos. Nesse caso, para não perderem sua estrutura, as organizações buscam recompor seu faturamento adquirindo participações ou se fundindo com outras companhias.