Bomba de vácuo, uma ferramenta indispensável

A retirada completa de gases e vapores do circuito frigorífico antes da carga de fluido refrigerante é um processo fundamental para não comprometer o desempenho da troca térmica nos sistemas de refrigeração ou condicionamento de ar.

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Se incondensáveis, como o ar, não são removidos, o equipamento irá operar a pressões de condensação maiores do que o normal. Isso acontece porque o ar é aprisionado no topo do condensador, reduzindo efetivamente sua capacidade de trocar calor. O aumento da pressão de condensação resulta em maiores taxas de compressão e maiores temperaturas de descarga, sendo que ambas diminuem a eficiência do sistema e podem levar à diminuição da vida útil.

O vapor de água deve ser removido do sistema de refrigeração por várias razões. O vapor de água pode congelar no dispositivo de expansão, causando perda do efeito de refrigeração. A umidade, o refrigerante e o calor também podem se combinar e formar ácidos.

“O processo de vácuo nos garante que somente fluido refrigerante e óleo irão circular pelo sistema frigorígeno, evitando, assim, a oxidação de peças metálicas e a acidificação do óleo”, explica o refrigerista Deivi Homem, diretor da Viatec Service.

Apesar do avanço tecnológico das bombas de vácuo, muitos “técnicos” ainda cometem o erro de usar o equipamento sem o vacuômetro. “As duas ferramentas precisam ser utilizadas em conjunto”, afirma. Sem vacuômetro, a bomba de vácuo fica como “um cego sem bengala – até vai andar, mas sem saber para onde está indo”, compara.

Segundo o empresário, a escolha de uma bomba de boa procedência garante agilidade e traz dinheiro ao bolso do profissional, pois o ganho de tempo é significativo.

“Uma boa bomba de vácuo pode executar o procedimento até três vez mais rápido do que uma ferramenta com tolerâncias de folgas menos precisas. Claro que a realidade dos valores das ferramentas no Brasil é algo que deve ser levado em consideração. Por isso, muitos que estão começando na profissão adquirem bombas de baixa qualidade. Isso é até compressível, mas, depois que esse profissional começa a pegar serviços maiores e experimenta uma bomba de vácuo de qualidade, ele desiste das bombas lentas e fracas”, diz.

Com a evolução do segmento, hoje é possível encontrar nas lojas de refrigeração bombas de vácuo com motores BLDC e os mais variados designs, e com a facilidade para efetuar a substituição do óleo de lubrificação e selamento de forma rápida e eficiente, inclusive dotadas de sistemas de arrefecimento e dissipação de calor, o que assegura eficiência e integridade do óleo, gerando economia entre as trocas de lubricante.

 

Níveis de vácuo

Para que a evacuação de um sistema seja considerada satisfatória, é fundamental que se possua uma bomba de alto vácuo – simples ou de duplo estágio de bombeamento – com características técnicas lhe permitam produzir níveis de vácuo melhores que 0,1 Torr. = 0,1 mmHg, ou seja, uma pressão residual absoluta menor que 100 microns, conforme explica o engenheiro Manuel Lameira, sócio-fundador da Symbol, marca nacional cujas novas tecnologias em processos de fabricação e materiais aplicados deixaram suas bombas de vácuo com melhor desempenho, maior durabilidade e menor consumo energético.

Bomba de alto vácuo fabricada pela brasileira Symbol

Em teste nos laboratórios do fabricante, “constatamos que as bombas de duplo estágio são mais rápidas ao desidratar os circuitos; entretanto, a escolha deverá ser efetuada em função dos valores de investimento”.

“Sem querer entrar em cálculos eminentemente técnicos, podemos dizer que, na  prática, é necessário atingir uma pressão residual absoluta, dentro dos circuitos de refrigeração – devidamente estabilizada – abaixo de 1 Torr, ou seja, abaixo de mil microns, para que a quantidade de vapor de água fique abaixo de três miligramas”, diz.

“Entretanto, quanto menor for a pressão residual no circuito, menores serão as quantidades de oxigênio, ar e vapor de água, o que resultará em melhor desempenho de todo o sistema, com alto poder de refrigeração, baixo consumo energético e sem a necessidade de manutenções constantes”, acrescenta o empresário, lembrando que o nível ideal de vácuo deve ficar entre 250 e 500 microns, “para que a temperatura de ebulição da água fique em cerca de -30 ºC”.

 

Novidades no mercado

Bombas de vácuo de duplo estágio, com vacuômetro digital acoplado e inclusão de válvula Gas Ballast, para evitar a condensação e a contaminação do óleo, são as grandes inovações no portfólio de fabricantes como a alemã Vulkan.

“Bomba de vácuo não é luxo, mas sim uma ferramenta necessária para se realizar um serviço com qualidade”, salientam Paulo Vitor Torre e Márcio Malaquias, da equipe técnico-comercial da multinacional no Brasil.

Segundo o tecnólogo André Oliveira, diretor geral da Mastercool no Brasil, as bombas de vácuo têm se tornado mais leves e eficientes. Uma tendência bem-vinda, prossegue o executivo, é a introdução de bateria nesses equipamentos, dando maior praticidade a eles. “Assim como os manômetros, as bombas de vácuo são uma ferramenta básica do setor”, lembra.

Bomba de vácuo introduzida no mercado de refrigeração pela Mastercool

De maneira geral, os fabricantes têm estudado o comportamento dos técnicos para aprimorar suas ferramentas. “Com essa base de informação, no ano passado lançamos o que de mais moderno no segmento. Aliando design sofisticado, praticidade e uma incrível integração do passado com o futuro, surgiu a primeira bomba de vácuo com vacuômetro digital na América Latina. O sucesso desse lançamento nos trouxe o prêmio Destaque Inovação na Febrava 2019 com a bomba de 10 CFM Inteligente”, comenta o gerente de produtos da  Suryha, Luiz Felipe Lopes.

Agora, a empresa brasileira vai introduzir no mercado a bomba de 5 CFM Inteligente, equipamento que utiliza a mesma tecnologia da anterior. “Entendemos que se empresas de ar condicionado estão em constante mutação nos seus produtos, investindo em novas tecnologias nos equipamentos, e se os consumidores desses produtos aceitam e optam por ter essa sofisticação, os fabricantes de ferramentas devem acompanhar essa evolução, aplicando toda a tecnologia disponível em suas ferramentas”, ressalta o gestor.

“A bomba de vácuo é uma das principais ferramentas para um técnico, uma vez que ela combate o maior inimigo da refrigeração: a umidade. Um sistema com umidade é um sistema comprometido. Por isso, a grande importância da utilização correta desse equipamento. Porém, mais importante do que utilizar essa ferramenta, é efetuar a leitura apresentada de forma correta, utilizando um vacuômetro digital para esse processo”, acrescenta.

 

Troca de óleo

O óleo é fundamental para se obter uma boa eficiência de vácuo, pois, ao se realizar o vácuo em um sistema de refrigeração, tanto a umidade como os gases não condensáveis e outras impurezas se misturam ao óleo, deixando-o escuro, mais viscoso ou leitoso, causando mau funcionamento, menor eficiência e redução da vida útil.

Bomba de vácuo de 18 CFM lançada pela Vulkan

“O tempo correto ou adequado para se trocar o óleo é uma questão constante dos nossos amigos do HVAC-R. Cada marca adota um determinado tempo. O consenso, ou seja, o que é mais indicado pelos especialistas, é que a cada 12 horas de trabalho, ou a cada 10 vácuos realizados, o óleo seja substituído. No entanto, muito cuidado com isso, pois pode acontecer de o técnico trocar óleo e no mesmo dia esse óleo ficar escuro ou leitoso devido ao equipamento de refrigeração estar muito contaminado. Assim, aconselhamos nossos clientes a observarem com frequência o nível e a cor do óleo e fazerem uma ficha de manutenção indicando as datas de troca o óleo, algo semelhante ao que comumente fazemos com o óleo dos nossos carros”, explica Paulo Vitor Torre, da Vulkan

“Na falta de indicadores visuais, também sugerimos que, pelo menos a cada 48 horas trabalhadas (horas úteis da bomba em funcionamento), o óleo seja integralmente substituído”, diz.

Além da troca de óleo, os refrigeristas devem tomar outros cuidados com o equipamento, como sempre manter a bomba na posição correta para o óleo não vazar, limpar a parte externa com pano úmido – isso não é perfumaria, é importante, dizem os especialistas –, manter o equipamento em lugar seguro para evitar queda e nunca deixá-lo que seja molhado, a fim de não danificar a parte elétrica.

Outro erro grave cometido por muitos técnicos é o improviso na alimentação elétrica, com o uso de extensões mal dimensionadas e tomadas com tensão incorreta, situação que faz o equipamento trabalhar sobreaquecido, prejudicando o vácuo final e encurtando a vida útil da bomba.

Bomba de vácuo da linha Inteligente lançada pela Suryha na última Febrava

Também é importante não deixar entrar impurezas dentro da bomba, como grãos de areia, partículas do ambiente ou abrasivos, muito comuns em mangueira de serviço.

Segundo os fabricantes, ainda é necessário limpar sempre o filtro de retenção de partículas, que quase 100% das bombas possuem.

Outra dica importante é “confirmar sempre a similaridade das conexões SAE, pois há inúmeros fabricantes no mercado mundial fornecendo produtos com pequenas divergências em medidas que causam a falsa impressão de que a rosca do manifold está  totalmente apertada e vedada, e acaba surgindo um ponto de vazamento”, conforme salienta o diretor comercial da Symbol, Jorge Lameira.

“Esse ponto particular é de extrema importância, pois nosso departamento técnico tem verificado roscas SAE incompatíveis com alguns flanges, impedindo o aperto correto para perfeita vedação. Tem-se verificado também que, em campo, alguns operadores forçam demais o aperto dos flanges, o que resulta em fissuras nas pontas do tubo de cobre, causando vazamentos constantes, mesmo que aparente um bom aperto”, alerta.