Caminhos a percorrer
Em ano de economia arrefecida, as empresas do setor de isolamentos térmicos e acústicos avaliam que precisam investir mais na divulgação e disseminação dos conhecimentos sobre os benefícios trazidos por essas tecnologias, a fim de aumentar sua presença em pequenos projetos e empreendimentos.
O atual cenário de baixa confiança e os contornos políticos da crise resultaram na postergação de investimentos em obras novas e ampliações de hotéis, hospitais, shopping centers e outros grandes empreendimentos que não dispensam o uso desses produtos em sua estrutura e instalações de refrigeração e ar condicionado.
Para piorar, os indicadores e as previsões mais recentes mostram que 2015 não será um ano fácil. “Por outro lado, a desaceleração econômica gera compensação, pois a situação exige que se otimize o uso de energia e aumente a eficiência dos processos existentes, tanto em fábricas como em sistemas de condicionamento de ar instalados nos mais diversos edifícios”, argumenta o engenheiro de vendas técnicas da Polipex, André Dickert, lembrando que a aplicação de materiais isolantes agrega alto valor às obras em avaliações para a obtenção de certificado de sustentabilidade.
E quando o isolamento térmico é constituído de materiais reaproveitáveis, como é o caso de alguns dos tubos e mantas de polietileno totalmente recicláveis ou de lãs produzidas com vidro reciclado, a contribuição para o meio ambiente fica ainda maior.
Mas um dos principais motivos para o baixo índice de utilização de isolantes termoacústicos na construção civil brasileira sempre foi a falta de normas e legislação com exigências mínimas de desempenho energético para as edificações.
“Hoje, em função da NBR 15.575, os projetistas e construtores têm de atender aos requisitos mínimos de conforto térmico e acústico em edificações residenciais, e os isolantes possibilitam que isso seja feito de forma eficiente e sustentável”, salienta o engenheiro de desenvolvimento de produtos e aplicações da Armacell no Brasil, Antonio Borsatti.
A norma já está sendo seguida pelas principais construtoras brasileiras, porém, segundo alguns fabricantes, ela ainda é muito vaga em relação ao isolamento térmico e acústico, que deveria ser amplamente aplicado na cobertura e envoltória dos edifícios, não somente nos dutos e tubulações dos sistemas de climatização.
Afinal de contas, a proteção do piso, o isolamento do ruído de impacto e a isolação térmica são questões ligadas à melhoria da qualidade das edificações e construção civil como um todo.
“É necessário que haja uma norma mais específica para o conforto termoacústico de edificações, pois estamos falando de fatores vitais para o bem-estar e a convivência. Enquanto algo assim não for normatizado, sua utilização continuará sendo um detalhe secundário na maioria das obras. Além disso, tão importante quanto a própria norma, é a fiscalização efetiva em relação ao seu cumprimento”, opina o assistente de marketing da Epex, Peter Litzenberger.
Para os empresários e profissionais do setor, fatores climáticos e culturais também levam à baixa utilização de isolantes térmicos no Brasil. “Vivermos em um país tropical de clima não hostil, sem grandes variações de temperatura”, justifica o sócio-gerente da Neotérmica, Luiz Marcomini.
“Não temos um inverno extremamente rigoroso que nos obrigue a utilizar calefação e aquecimento de piso, e, apesar do nosso verão ser extremamente quente, nem podemos nos comparar aos países do Oriente Médio ou estados localizados no deserto americano, onde as temperaturas exigem sistemas de climatização altamente eficazes”, acrescenta.
Mas essa realidade tende a mudar no Brasil. Em invernos rigorosos ou verões escaldantes, a temperatura pode variar até 20ºC num mesmo dia em algumas regiões do planeta, e diversos estudos científicos evidenciam que os brasileiros já sentem em seu dia a dia mudanças repentinas de temperatura, fenômenos climáticos extremos e estações atípicas.
Em países mais desenvolvidos também há uma preocupação muito maior com a questão de preservação dos recursos energéticos e redução das emissões dos gases que agravam o efeito estufa.
Isso levou essas nações a criarem regulamentações específicas dos sistemas energéticos para suas edificações em função de sua demanda energética, tipo de combustível e climatologia, para atender suas necessidades e cumprir com as metas assumidas quanto à redução nas emissões de poluentes prejudiciais ao meio ambiente e na preservação dos recursos naturais.
No Brasil, ainda não existe uma regulamentação dessa natureza, razão pela qual pouca importância é dispendida ao sistema de isolamento térmico, quer por desconhecimento ou mera displicência. Além disso, ainda são adotados critérios internacionais em projetos que podem, em alguns casos, não ser compatíveis com as nossas climatologia e demandas na área.
“Falta, portanto, que os projetistas, fabricantes, autoridades e todos os profissionais ligados à área, se reúnam e estabeleçam consensualmente critérios próprios que possam equalizar essa e tantas outras questões, e que proporcionem benefícios efetivos, condizentes com a nossa real necessidade”, avalia Dickert, da Polipex.
Enfim, os crescentes custos energéticos e a expansão do mercado de climatização e refrigeração também devem alterar os costumes e aquecer o setor ao longo dos próximos anos.
Com o desenvolvimento da construção civil brasileira e o aumento do nível de exigência da sociedade e da legislação, amplia-se o potencial para a venda desses produtos.
“Enxergamos um grande mercado em setores como o varejo (shopping centers, super e hipermercados), a área hospitalar, a construção civil (em especial, os edifícios comerciais e obras de infraestrutura), a área de logística e alguns segmentos industriais (frigoríficos, indústrias alimentícias, farmacêuticas, químicas e petroquímicas)”, diz Borsatti, da Armacell.
Aspectos técnicos
Atualmente, existem inúmeros tipos de produtos termoisolantes disponíveis no mercado brasileiro fabricados em formatos variados – tubos, mantas, rolos e placas. Cada um apresenta características específicas e qualidades únicas para brigar pela preferência de projetistas, especificadores, instaladores e clientes finais.
As principais matérias-primas utilizadas em sua produção são lã de rocha, fibra cerâmica, silicato de cálcio, polietileno expandido, espuma elastomérica, lã de vidro e poliuretano expandido.
Segundo Litzenberger, da Epex, alguns desses materiais, como lãs de rocha e vidro e fibra cerâmica, encontram grande aplicação na área civil como proteção passiva ao fogo ou isolantes termoacústicos. “Mas encontramos aplicações desses materiais em grande parte da indústria de base, como isolantes para área quente. Já a espuma elastomérica, o polieuretano e o polietileno expandido são aplicados exclusivamente em sistemas frios”, informa.
“Os isolantes térmicos têm como objetivo criar uma resistência ao fluxo de calor entre dois pontos, reduzindo suas perdas ou ganhos, em sistemas que operam acima ou abaixo da temperatura ambiente, respectivamente, e para isso devem apresentar baixo índice de condutividade térmica (l), com valores menores que 0,065 W/(m.K)”, detalha Dickert, da Polipex.
Em sistemas frios, os baixos valores iniciais de condutividade térmica são considerados irrelevantes se o material isolante não possuir uma baixa permeabilidade ao vapor de água (d) ou um alto fator de resistência à difusão do vapor de água (mu).
“A razão disso é que quando uma instalação de fluido frio entra em operação, a condutividade térmica do material isolante aumenta consideravelmente, devido à migração do vapor de água contido no ar, que tende a se deslocar da zona de maior pressão parcial de vapor (a que está na maior temperatura, externa ao isolamento) para a de menor pressão de vapor (temperatura mais baixa, interna ao isolamento), ocasionando a condensação interna ou intersticial e umedecendo o isolamento”, explica.
Portanto, o comportamento do material isolante frente a proliferações de micro-organismos também deve ser considerado pelos projetistas. Além disso, é necessário verificar a adequação dos produtos às normas e especificações de segurança, saúde e higiene, conforme recomendam os fabricantes.
É por isso que os projetos que demandam isolamento térmico exigem a união de todos os profissionais envolvidos na obra, fabricantes e usuários, desde a concepção até sua execução, com o objetivo de aprimorar as suas especificações e necessidades, controlando e exigindo materiais certificados.
“Na especificação dos isolantes, os projetistas devem observar se eles possuem todos os testes e laudos necessários para a aplicação a que se destinam, qual o diferencial do produto frente aos que já existem no mercado e, principalmente, se o fabricante possui todos os certificados ambientais de sua planta fabril, se o processo de fabricação não agride o meio ambiente e como é feito o descarte desse material após seu uso ou no caso de um retrofit”, recomenda Marcomini, da Neotérmica.
E a eficiência de um isolamento térmico não está apenas em suas características técnicas ou na seleção da espessura adequada, mas, também, em sua correta aplicação, em conformidade com os procedimentos recomendados, e na utilização de materiais complementares compatíveis.
Novidades
De olho no imenso mercado para isolamentos termoacústicos, que tem na construção civil sua principal mola propulsora, os fabricantes e distribuidores instalados no País apostam em soluções inovadoras, em função da maturidade técnica atingida pelas indústrias e especificadores desses materiais.
Apesar da crise, o setor espera a massificação e intensificação do uso de isolamentos térmicos em praticamente todo o País, o que estimula o desenvolvimento de materiais alinhados às últimas tendências tecnológicas.
Confira, a seguir, as principais tecnologias fornecidas pelos players do setor que atuam no Brasil:
Armacell
A indústria alemã lança constantemente novas versões de seu sistema de isolamento térmico flexível em espuma elastomérica com a marca Armaflex. A mais recente delas é o AF Armaflex BR, com tecnologia avançada e diferenciais exclusivos, como a proteção antimicrobiana Microban.
Segundo a empresa, o AF Armaflex BR conta também com estrutura microcelular que proporciona melhor condutividade térmica e aumenta a resistência à difusão de vapor de água, trazendo benefícios ao controle da condensação e à redução das perdas energéticas, contribuindo para que o produto proporcione um isolamento térmico eficaz para sistemas de refrigeração, ar condicionado, aquecimento e aplicações industriais.
Outro lançamento recente de destaque da empresa é o Armaduct, sistema de isolamento térmico para dutos de climatização, produzido em espuma elastomérica com estrutura celular fechada.
“Neste ano, estamos ampliando nosso portfólio no Brasil, com o lançamento de uma nova linha para utilização em residências, edifícios e empreendimentos comerciais”, informa Antonio Borsatti, engenheiro de desenvolvimento de produtos e aplicações da companhia no Brasil.
Para o isolamento acústico e a proteção de pisos e lajes, foram lançados três produtos na Feicon Batimat deste ano: o Isolamento Acústico para Lajes Armacell, que reduz a transmissão de ruídos, contribuindo para atender às exigências da norma NBR 15.575; a Manta Acústica para Pisos Laminados Armacell, que evita os ruídos e melhora a acústica desse tipo de piso, além de prevenir a umidade e eliminar irregularidades; e a Proteção para Pisos Armacell, indicada para proteger o piso durante e após a realização das obras.
Outro item inovador se destina ao isolamento térmico e acústico de telhados. Trata-se da Subcobertura Armacell, que proporciona isolamento com ótimo desempenho térmico e acústico, reduzindo a temperatura em ambientes quentes e mantendo-a em locais frios, ao mesmo tempo em que evita a umidade.
A marca também possui mais um produto inovador voltado para o isolamento acústico, o Fonoblok, que proporciona ótima performance acústica para tubulações de água e esgoto.
“Todos esses novos produtos têm em comum a utilização da mais avançada tecnologia. O know-how adquirido pela Armacell com sua atuação na Europa e nos Estados Unidos representa um importante diferencial para que possamos oferecer as melhores soluções para o isolamento térmico e acústico, atendendo tanto às necessidades de uso mais eficiente da energia, quanto aos mais rígidos requisitos estabelecidos nas normas técnicas”, garante Borsatti.
Epex
Com sua operação fabril concentrada numa área de aproximadamente 20 mil m² na cidade de Blumenau (SP), a Epex conta com know-how próprio e forte presença nos mercados da construção civil, isolamento térmico, embalagem e outros segmentos sob a norma da qualidade NBR ISO 9001, atendendo a todo o território nacional e a América Latina.
“A opção estratégica da empresa é pela vanguarda tecnológica nas áreas de sua atuação, através de máquinas e equipamentos de última geração, além do investimento contínuo no desenvolvimento de novos produtos e aplicações, bem como de sua equipe”, ressalta o assistente de marketing da companhia, Peter Litzenberger.
“A Epex não para de investir em pesquisa e desenvolvimento. Estamos constantemente lançando novos produtos ou aperfeiçoamentos. Os equipamentos de ar condicionado tipo split estão evoluindo e, sendo assim, não podíamos ficar parados”, completa.
A nova linha de isolamentos térmicos em polietileno expandido da marca nacional, que substituirá sua linha atual, dispõe de uma composição química desenvolvida especialmente para estas necessidades. “Por enquanto, não podemos informar mais nada sobre este lançamento, mas faremos sua divulgação oficial durante os próximos meses”, informa.
Neotérmica
Atuando desde 1979, a Neotérmica está sempre atenta às movimentações e às necessidades do nosso mercado. Além disso, aliado ao forte relacionamento com seus fornecedores, a empresa consegue fornecer produtos e soluções diferenciadas para seus clientes.
Dentre as principais novidades oferecidas, possui o isolante em espuma elastomérica Armaflex com proteção antimicrobiana Microban, o duto leve em poli-isocianurato NeoDuct, a manta para isolamento acústico de piso NeoAcustic em material 100% reciclável, o sistema para shaft NeoShaft, o isolamento acústico para tubulação de esgoto, além da linha completa de isolantes térmicos para sistemas frios e quentes e isolantes acústicos para pronta entrega.
Polipex
A empresa lançou recentemente a Manta PoliPex-Isofloor, um produto especial desenvolvido exclusivamente para assegurar o correto isolamento térmico de lajes sob pisos técnicos elevados com sistema de condicionamento de ar em “plenum de insuflamento”, que requer não somente um material com alta performance térmica, mas também com elevada resistência mecânica que garanta a sua integridade nestes locais críticos, sujeitos a abusos mecânicos frequentes ocasionados pela circulação dos instaladores e/ou apoio direto de outros sistemas e equipamentos.
Em breve, a indústria catarinense deve lançar a Solução Limpadora PoliPex, desenvolvida especialmente para a limpeza e o desengraxamento de superfícies e substratos, previamente à aplicação de adesivo especial de contato ou mantas autoadesivas.
“Ao contrário dos diversos materiais isolantes térmicos tradicionalmente utilizados no setor de HVAC-R, as espumas de polietileno de baixa densidade expandido fabricadas pela Polipex e as espumas de borracha elastomérica fabricadas pela L’Isolante K-Flex, disponíveis em tubos isolantes pré-formados e mantas, são, comprovadamente, os materiais do gênero mais adequados disponíveis no mercado”, destaca o engenheiro de venda técnicas da empresa, André Dickert.
“Além de possuírem baixa condutividade térmica, eles são flexíveis, o que facilita o seu manuseio e instalação, e também têm estrutura celular fechada, que proporciona uma efetiva barreira de vapor, incorporada ao longo de toda a sua espessura, o que lhes confere um alto fator de resistência à difusão do vapor de água, muito acima do padrão mínimo definido pela Ashrae”, explica o especialista.