Será que agora vai?
Os meses que antecederam as eleições presidenciais mais acirradas da nossa história foram marcados por um intenso debate sobre a melhor maneira de tirar o Brasil, definitivamente, de sua maior crise de todos os tempos.
Mais que a própria economia, já havia ficado na berlinda, antes disso, a credibilidade nacional, em meio a incontáveis casos de corrupção afetando segmentos estratégicos como o petrolífero e a construção civil, este último um dos pré-requisitos para o crescimento dos negócios envolvendo refrigeração e, principalmente, ar condicionado.
Encerrada a corrida ao Planalto, finalmente chegou a hora de se viver na prática uma nova era, cujos contornos começaram a tomar forma com o anúncio do novo ministério, e diariamente vai se delineando, a cada ato e pronunciamento do presidente, agora com a saúde em vias de se restabelecer.
Mas antes mesmo que o olho do furacão passasse, já surgiriam os primeiros sinais de um mar mais tranquilo a ser navegado adiante, conforme avalia Arnaldo Basile, presidente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA).
Ouvido pela Revista do Frio pouco antes de os dados oficiais do ano passado estarem consolidados, ele já arriscava um palpite sobre aquilo que logo depois se comprovaria.
“Em 2018 a gente percebe que houve crescimento em todos os segmentos do mercado de ar condicionado”, exemplifica o empresário, para quem as ações concretas do atual governo têm sido visivelmente mais empresariais que sociais, “vindo assim ao encontro das expectativas do empresariado por uma gestão de negócios mais confiável”, acrescenta.
Dentre os números que motivam tais expectativas de Basile está o faturamento dos quatro segmentos do HVAC-R, que em conjunto totalizou R$ 30,6 bi no último exercício, representando com isso um crescimento de 10% em relação a 2017.
Quanto aos splits comercializados no período, um referencial sempre importante das vendas para o mercado residencial, manteve-se a tendência de crescimento, com um total de 2.639 unidades, contra 2.497 no ano anterior, ou seja, algo em torno de 5% a mais.
Previsões
A combinação entre atitudes governamentais positivas, incluindo a simplificação do sistema tributário, e a boa vontade generalizada do empresariado, levam Basile a sentir-se otimista sobre os próximos meses.
No caso específico do HVAC-R, ele considera fundamental a continuidade da atuação conjunta , reunindo entidades como a FIESP e os SINDRATAR Brasil afora, para a manutenção de bandeiras macro, como a redução dos tributos de uma forma geral e, em específico, do imposto de importação sobre o aço.
Mesmo sem o incremento de uma Copa do Mundo, Olimpíada e a pujança da hoje combalida Petrobras, ele acredita num crescimento gradual e constante da economia brasileira, algo que terá um realce especial junto às empresas, em função da lição de casa feita por grande parte delas nos últimos anos para aumentar a eficiência, enxugar estruturas e rever a forma de contratar.
Raciocínio semelhante é o de Maurício Lopes de Faria, presidente do Comitê Nacional de Climatização e Refrigeração, grupo criado em 2015 para reunir as entidades sindicais e associações do setor de Aquecimento, Ventilação, Ar Condicionado e Refrigeração.
No seu entender, a economia voltando a andar deve reativar a construção civil que, por conseguinte, tende a movimentar a indústria e, finalmente, as empresas prestadoras de serviço, fomentado assim os negócios de instalação e manutenção de ar condicionado e refrigeração.
A crença dele no sucesso do governo Bolsonaro se condiciona a aspectos básicos como as reformas tributária e fiscal. “Fazendo-as, nós teremos como consequência a baixa do juro bancário e da inflação e, automaticamente, o país deve voltar a andar”, prevê.
Na Associação Sul Brasileira de Refrigeração Ar Condicionado Aquecimento e Ventilação, o presidente Eduardo Hugo Müller anseia pelas reformas previdenciária e fiscal, mas também reconhece a importância de um bom andamento dos principais assuntos internos do setor.
Dentre eles, o empresário ressalta a regulamentação do PMOC e do manuseio de fluidos refrigerantes, assim como a continuidade dos cursos de aprimoramento promovidos pela própria ASBRAV, e a discussão dos assuntos em comum da área, por intermédio do Comitê Nacional HVAC-R.