Refrigeração garante propriedades no transporte de proteína animal

Logística do frio prolonga a vida útil da proteína animal, reduz perdas econômicas associadas ao desperdício de alimentos e preserva o produto até o consumidor.

Anualmente, o Brasil descarta cerca de 41 mil toneladas de alimentos, de acordo com o setor de Mudanças Climáticas do World Resources Institute (WRI) Brasil, o que coloca o país entre os 10 países que mais desperdiçam comida, sendo 20% representados por proteína animal e produtos lácteos. O transporte e a armazenagem corretos são apontados como fatores importantes para reverter esta situação. Assim, a refrigeração desempenha um papel fundamental na preservação das propriedades e nutrientes durante o transporte de proteína animal, como carne, peixe, frango e derivados. Manter a carne em condições adequadas de temperatura ao longo de toda a cadeia de frio é essencial para garantir a segurança alimentar, a qualidade do produto, e a conformidade com as regulamentações de saúde pública. A proteína animal é altamente perecível e propensa à deterioração se não for mantida em temperaturas adequadas e a refrigeração reduz a atividade microbiológica e enzimática, retardando a decomposição e preservando a frescura.

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Soraia Putrino, gerente de Inovação da FairFeed

“As proteínas de origem animal são fontes de nutrientes (principalmente aminoácidos, minerais e vitaminas) de elevada biodisponibilidade para os humanos, alimentos importantes a serem considerados para manutenção da saúde. Após o abate dos animais, reações químicas e enzimáticas ocorrem nos produtos cárneos, reduzindo o perfil nutricional principalmente devido a oxidação da gordura, alteração do perfil proteico e de vitaminas. Adicionalmente, os nutrientes presentes nos produtos cárneos são substrato ideal para o crescimento e proliferação de microrganismos.

As reações químicas, enzimáticas e a multiplicação dos microrganismos são acelerados em temperaturas ambientais mais elevadas como de países tropicais, caso do Brasil, portanto, a higiene durante todo o processo é imprescindível para reduzir a exposição dos produtos cárneos aos microrganismos e na manutenção dos produtos em temperaturas baixas (frio como método de conservação). As temperaturas baixas retardam as reações químicas e enzimáticas, bem como a multiplicação de microrganismos”, explica Soraia Putrino, gerente de Inovação da FairFeed Soluções em Nutrição.

Eduardo Dória, diretor da BPlan Consultoria, acrescenta que a refrigeração também impede a proliferação de patógenos como a Salmonella, E. coli, e Listeria, que podem causar doenças graves se o alimento não for adequadamente conservado, além de contribuir para a retenção de vitaminas B e C, mantendo o valor nutricional do alimento.

“A refrigeração prolonga a vida útil da proteína animal, reduzindo as perdas econômicas associadas ao desperdício de alimentos e garantindo que o produto chegue ao consumidor em boas condições. Com uma vida útil prolongada, a carne pode ser transportada por longas distâncias, permitindo que produtos de alta qualidade sejam disponibilizados em mercados distantes dos locais de produção. Entre técnicas e tecnologias o ciclo da cadeia e logística frigorificada, destaco o armazenamento antes do transporte, em câmaras frigoríficas que mantêm a carne em temperaturas controladas para assegurar que ela esteja em ótimas condições quando transferida para veículos refrigerados. Caminhões e contêineres equipados com sistemas de refrigeração são fundamentais para manter a cadeia do frio durante o transporte. Eles são projetados para manter temperaturas específicas que variam de acordo com o tipo de proteína animal transportada (por exemplo, carne bovina, suína ou aves). E tecnologias como sensores de temperatura e sistemas de monitoramento remoto que garantem que a temperatura seja constantemente monitorada e ajustada conforme necessário, evitando flutuações que possam comprometer a qualidade do produto”, informa Doria.

Segundo ele, qualquer interrupção na cadeia de frio pode levar à deterioração do produto, o que representa um risco para a segurança alimentar e a qualidade nutricional.

“A refrigeração no transporte de proteína animal é fundamental para garantir a manutenção de suas propriedades, qualidade e valor nutricional. Por meio de técnicas avançadas e a manutenção rigorosa da cadeia do frio, é possível assegurar que a carne chegue ao consumidor final em perfeitas condições, preservando a segurança alimentar e os padrões de saúde pública. A inovação contínua e a busca por soluções sustentáveis na refrigeração são essenciais para enfrentar os desafios atuais e futuros da indústria”, observa Dória.

EV 500 da Thermo King, desenvolvido para caminhões 100% elétricos

Transporte frigorificado

A saudabilidade da carne é um dos pontos de maior preocupação do consumidor e dos órgãos públicos de vigilância sanitária, por isso merece atenção redobrada de todas as empresas que fazem parte da cadeia de produção da proteína animal, principalmente as empresas de transporte frigorífico. No caminho do abatedouro, passando pelo frigorífico até o varejo, um item que se destaca para garantir ao máximo a qualidade e a segurança alimentar é a refrigeração frigorífica durante o transporte.

Dar mais atenção à refrigeração durante o transporte entre empresas significa cuidar da manutenção artificial da temperatura, redução artificial da temperatura e produção de frio. Em outras palavras: é a ação de conservar a temperatura dos produtos transportados, neste caso, a proteína animal. Por isso, sua manutenção periódica – recomendada a cada 1000 horas de equipamento trabalhado – é fundamental. Assim, o transportador consegue garantir a temperatura recomendada para manutenção das propriedades do alimento transportado.

“A importância de controlar a temperatura é muito grande, pois tem como propósito primordial evitar os riscos de contaminação por microrganismos, além de manter a qualidade dos produtos. Quando o transportador não atende às necessidades de refrigeração para o transporte de carne, ele desrespeita uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Em vigor desde 1984, ela dispõe sobre instruções para conservação de alimentos perecíveis nas fases de transporte”, explica Carlos Paiva, presidente da Refrigor – Paiva Refrigeração para Transporte, sediada na cidade de Anápolis (GO).

A Associação Brasileira de Logística (ABRALOG) anunciou que a frota de veículos refrigerados no Brasil cresceu 5% nos últimos três anos. Com isso, tem aumentado também as iniciativas mais verdes para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, como caminhões movidos a biometano ou com sistemas de refrigeração mais eficientes. Um dos exemplos criados para enfrentar os desafios ambientais é o EV 500, equipamento de refrigeração da Thermo King desenvolvido exclusivamente para caminhões 100% elétricos. Utilizando a energia das baterias de alta voltagem do caminhão, ele se destaca pelo controle inteligente, resfriamento mais rápido, componentes duradouros e com compressor de velocidade variável, que possibilita alto rendimento e economia de energia.

Raphael Kanzler, gerente de marketing e vendas da Thermo Star, destaca que, “Além do cuidado para a perenidade dos produtos, especialmente carnes, há também as questões legais que precisam ser observadas para o transporte destes produtos perecíveis. Por ser um grande produtor, o Brasil está cada vez mais aberto a soluções de refrigeração que promovam a durabilidade das cargas. Hoje é possível, por exemplo, transportar cargas do Sul ao Nordeste, em variações de clima em mais de 20°C num mesmo dia, sem comprometer a qualidade do produto. Para isso, são necessários uma carroceria e um equipamento de refrigeração bem dimensionados. Já alimentos manipulados como a carne, por exemplo, o órgão destaca que ‘a distribuição até a entrega ao consumo, deve ocorrer em condições de tempo e temperatura que não comprometam sua qualidade higiênico-sanitária. A temperatura do alimento preparado deve ser monitorada durante essas etapas’”, avalia especialista da Thermo Star.

 

TSA 20 da Thermo Star com capacidade de resfriamento de até +3°C