Operação Carne Fraca pode favorecer indústria do frio
Dez dias depois de a Operação Carne Fraca ter sido deflagrada pela Polícia Federal, o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Weyland Barbosa Vieira, avaliou que ela poderá, a médio e longo prazo, produzir efeitos positivos para o agronegócio do País.
Vieira, que assumiu recentemente a presidência da entidade, negou que a imagem negativa, causada pela operação da PF na indústria da carne, possa contaminar outros setores rurais.
“Os impactos iniciais nos pareceram preocupantes, mas tudo indica agora que os impactos a médio prazo serão bons. O consumidor brasileiro passou a se interessar um pouco mais pelo controle sanitário e está vendo como nosso sistema é bem estruturado”, disse.
O presidente da SRB também disse que, apesar dos problemas iniciais relacionados às suspensões de compra da carne brasileira por alguns países, o valor do produto nacional deverá rapidamente voltar a seu patamar anterior.
Segundo a PF, os frigoríficos envolvidos na Operação Carne Fraca “maquiavam” carnes vencidas com produtos químicos e as reembalavam para conseguir vendê-las.
As empresas, de acordo com a polícia, subornavam fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que autorizassem a comercialização do produto sem a devida fiscalização. A carne imprópria para consumo era destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação.
Impactos na cadeia do frio
A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), por meio de seu Departamento Nacional de Refrigeração Comercial (DNRC), fez uma análise positiva da Operação Carne Fraca para o setor de refrigeração.
“Neste primeiro momento, todas as instalações e novos projetos estão sendo reavaliados, pois, a partir de agora a fiscalização será mais rigorosa, fazendo com que os frigoríficos se ajustem aos padrões de máxima qualidade para seus produtos, de forma a permitir, posteriormente, uma retomada para todo o setor da refrigeração comercial e industrial para adequação de normas e padrões do mercado”, ressaltou, em nota, o presidente do DNRC, Eduardo Almeida.
Em sua avaliação, é apenas uma questão de tempo para que a indústria de equipamentos de refrigeração seja acionada. “Temos no Brasil uma grande oportunidade de aprimorarmos as instalações frigoríficas quanto aos aspectos de qualidade, eficiência energética e manutenção. Esta operação pode incentivar os frigoríficos que ainda não se adequaram às rigorosas normas de qualidade”, disse.
Para a Abrava, controle e rastreabilidade do frio darão o tom das mudanças a serem feitas na indústria e comércio de carnes em geral. Substituição de equipamentos antigos, eficiência energética, melhor capacidade de refrigeração e manutenção são alguns dos pontos a serem tratados com urgência para que os parques industriais voltem a trabalhar com a qualidade necessária para atendimento ao mercado brasileiro e de outros países importadores da carne nacional.