Isolando a crise

Os materiais termoisolantes são largamente utilizados em diversos setores para reduzir o consumo de energia, mantendo a temperatura desejada em uma determinada área fechada. Por isso, eles são considerados essenciais tanto para a performance operacional dos processos e economia de energia, quanto para a vida útil dos edifícios e de seus sistemas de refrigeração e ar condicionado.

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Devido a esses benefícios, o isolamento térmico é, atualmente, um fator preponderante para a obtenção de certificações como a Aqua-HQE (Alta Qualidade Ambiental), adaptada ao Brasil pela Fundação Vanzolini, e a LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), do Green Building Council (GBC).

Globalmente, fatores como o aumento do investimento na indústria da construção, expansão do número de fábricas e a crescente urbanização deverão impulsionar o mercado de isolantes nos próximos anos.

Com o objetivo de atingir metas ambientais cada vez mais ambiciosas, os países desenvolvidos têm formulado normas rígidas para reduzir seu consumo de energia. Economias em desenvolvimento também estão apoiando o uso desses materiais nas construções. O Brasil, por exemplo, já é o quarto país com mais prédios verdes do mundo, segundo o GBC.

Atualmente, os edifícios residenciais, comerciais e de escritórios consomem mais de 30% da energia gerada no planeta, e os sistemas de aquecimento e ar condicionado são responsáveis por praticamente metade da conta de energia desses locais.

Na construção civil brasileira, há apenas uma normativa que regulamenta o uso de isolamento térmico e acústico nas obras, estabelecendo requisitos obrigatórios para manter a segurança contra incêndios.

“Em qualquer segmento no qual não existam regras ou normas bem estabelecidas, o maior prejudicado sempre será o cliente final, que fica à mercê de várias opções que, na maioria dos casos, nem mesmo servem para o seu tipo de instalação”, avalia o engenheiro Rogério Pires, gerente nacional da Epex.

No entanto, já está em discussão no País uma norma técnica mais ampla, baseada nas exigências europeias. “Além disso, as empresas fornecedoras mais sérias já atendem as normas dos EUA e Europa, que são muito rígidas”, diz o diretor de marketing da Dow para o negócio de poliuretano na América Latina, Marcelo Fiszner, lembrando que o mercado nacional de refrigeração doméstica está bem regulamentado no que tange à eficiência energética.

“O segmento está avançando também na logística reversa e reciclagem, em que há um grande estímulo para reduzir, reutilizar e recuperar materiais”, acrescenta.

A companhia, portanto, foca sua estratégia na construção civil, que ainda faz pouco uso de isolantes térmicos. “Por essa razão, temos trabalhado para difundir as vantagens do nosso produto nesse segmento”, informa.

“Para se ter a mesma eficiência térmica que um painel de 50 mm de poliuretano, são necessários 1.429 mm de espessura de tijolo, 833 mm de fibrocimento e 100 mm de poliestireno expandido (EPS)”, exemplifica.

Na opinião do engenheiro de produtos e aplicação da Armacell, Antonio Borsatti, os requisitos térmicos e acústicos vêm, aos poucos, transformando a conduta dos profissionais da construção civil, que passam a especificar em projetos os produtos adequados para compor os sistemas construtivos de seus edifícios.

“Nesse setor, encontramos recursos humanos com perfis bastante diferenciados, buscando isolamentos para atender todos os níveis de desempenho exigidos e regulamentados pelo mercado, de construções mais econômicas até projetos de alto padrão”, afirma.

Além da construção civil, a multinacional alemã tem como clientes as indústrias automotiva e de óleo e gás. Juntos, esses três mercados somam 10% dos negócios da empresa na América Latina. “Ao longo de 2015, desenvolvemos dez novos produtos e, até o final deste ano, mais dez serão lançados”, informa.

Obras em destaque

O edifício Torre Pituba, que abriga as atividades administrativas da Petrobras em Salvador (BA), foi concebido de acordo com os critérios de sustentabilidade do GBC e do selo Procel Edifica, inaugurando, no Nordeste, a era das construções verdes em utilização pela estatal.

O sistema inovador de climatização, por água gelada com insuflamento de ar tratado pelo piso, apresenta uma eficiência energética 30% maior, com impacto equivalente na redução do consumo de energia, e tem menor custo de manutenção, além de vida útil dos equipamentos até duas vezes maior do que a de um sistema convencional. “Os materiais utilizados no isolamento térmico desse sistema foram as espumas elastoméricas K-Flex, devido ao seu excelente desempenho térmico, e as mantas PoliPex Isofloor, cuja alta resistência mecânica foi decisiva na sua aprovação e utilização como material termoisolante das 22 lajes sob os pisos técnicos elevados com sistema de condicionamento de ar em ‘plenum’ de insuflamento”, explica o engenheiro de vendas técnicas da Polipex, André Dickert.

No Shopping Frei Caneca, em São Paulo, os painéis de poliuretano da Dow foram aplicados pela MBP Isoblock, responsável pela ampliação e retrofit da fachada, de 1500 m2.

“O cliente necessitava de uma solução que oferecesse estanqueidade, conforto térmico e acústico, durabilidade e facilidade da manutenção, um design moderno e um prazo de execução limitado. Os painéis termoisolantes foram aplicados em uma semana (tempo 30% menor que a solução convencional, de placas pré-moldadas), oferecendo redução de peso da obra de 300 kg/m2 para 15 kg/m2, também em comparação com o mesmo sistema convencional”, revela Marcelo Fiszner.

Segundo o executivo, o material otimiza a eficiência energética e o conforto térmico das edificações com baixo impacto ambiental, pois eliminam 100% da água utilizada na montagem, são reutilizáveis e recicláveis, geram baixo índice de resíduos na obra e são livres de CFCs e HCFCs. “Eles otimizam os custos com mão de obra, montagem e energia elétrica, garantem facilidade de limpeza e não têm risco de fissuras e trincas”, enfatiza.

“Um exemplo com resultado excepcional foi conduzido pelo nosso parceiro Isoeste, que aplicou os painéis termoisolantes em um hipermercado no Centro-Oeste. O local tem uma área coberta de 6.280 m2 e uma área de fachada de 4.200 m2 e registrava, no verão, uma temperatura média de 32ºC. O cliente desejava que essa temperatura interna chegasse a 22ºC”, informa.

Em um sistema construtivo convencional, com cobertura metálica e fachada com bloco de concreto, o consumo de energia seria de 469 mil Kcal/h, ou 155 TR, gerando um custo de R$ 587 mil na conta de energia mensal. “Com o sistema construtivo industrializado isotérmico, o consumo foi reduzido para 36.180 Kcal/h, ou 48 TR, com uma conta de energia de R$ 181 mil. Ou seja, com o sistema de isolamento, o custo de energia caiu 69%”, esclarece.

No Rio de Janeiro, diversas obras contam com os isolantes Armacell, como o Rio Media Center, o Velódromo do Centro Olímpico e o Museu do Amanhã. Outra empresa presente em grandes obras é a Epex “Fornecemos nossos tubos e mantas Wincell para o edifício Charles Darwin, o prédio empresarial mais alto do Nordeste. Também estamos presentes em vários hospitais, shopping centers e aeroportos do Brasil e, inclusive, no exterior, numa obra que todos reconhecem, que é o Estádio Nacional de Pequim, conhecido como Ninho do Pássaro”, salienta o gerente da indústria brasileira, Rogério Pires.

Novidades

De olho na evolução do mercado interno de isolamentos termoacústicos, que tem na construção civil sua grande mola propulsora, os fabricantes instalados no País apostam em soluções inovadoras, em função da maturidade técnica atingida pelos especificadores desses materiais.

Apesar da crise, o setor espera a massificação e intensificação desses materiais, o que estimula o desenvolvimento de soluções alinhadas às últimas tendências tecnológicas. “O mercado, sem dúvida, está enfrentando momentos difíceis, mas continuamos otimistas, porque temos um potencial muito grande para continuar crescendo”, diz o empresário Robert van Hoorn, diretor da MultiVac.

Armacell

Dos recentes lançamentos da indústria alemã para o segmento de mantas e isolantes térmicos, destacam-se diversos produtos, como a Subcobertura Termoacústica de espuma elastomérica ou em PEBD, que age para melhorar o conforto térmico dos ambientes internos, tanto no frio quanto no calor.

Já o Armaflex Roofing promove conforto térmico e acústico melhorando a qualidade dos ambientes a partir dos telhados. “Ele reduz o consumo de energia com climatização ou refrigeração no ambiente, pode ser facilmente instalado em telhados existentes e atenua ruídos que interferem na qualidade do conforto dentro do ambiente. Como exemplo, pense na chuva caindo sobre a cobertura de galpões metálicos”, ressalta o engenheiro de produtos e aplicação da empresa, Antonio Borsatti.

Outro destaque é o Armaflex Finish, tinta indicada para proteção de isolamentos térmicos, contra os efeitos das intempéries e dos raios UV. Segundo a Armacell, o produto mantém sua elasticidade permanentemente acompanhando as movimentações do isolamento térmico sem sofrer danos, protegendo de maneira eficaz os isolantes Armaflex e Armaduct.

Para completar a lista, a empresa também desenvolveu o Armaflex Fittings, conjunto de peças pré-fabricadas para otimizar a instalação dos isolantes em obras e sistemas de refrigeração comercial. “Essa solução é uma exclusividade da marca no Brasil”, afirma.

Suas principais vantagens são evitar a confecção de peças mais complexas como curvas, tês, válvulas e outras conexões durante a instalação, reduzindo o tempo de aplicação do isolamento (cerca de 80%) e mantendo a uniformidade no acabamento, além de diminuir o desperdício de materiais e a geração de resíduos na obra.

Dow

A companhia norte-americana atua em duas frentes principais no mercado de isolamento térmico: refrigeração doméstica e comercial e construção civil. Para a indústria do frio, seu mais recente lançamento é o sistema de poliuretano Pascal Pro, uma tecnologia que promove diversos benefícios, como maior produtividade, redução de custo e eficiência energética.

Segundo a Dow, sua condutividade térmica é até 5% menor comparada aos sistemas atuais de isolamento de poliuretano. O produto pode ser aplicado em todas as tecnologias de agentes de expansão com ou sem potencial de destruir ozônio (ODP, na sigla em inglês) e baixo ou nenhum potencial de aquecimento global (GWP, em inglês), como água, hidrofluorcarbonetos (HFCs), hidrocarbonetos (HCs) e hidrofluorolefinas (HFOs).

Para o segmento da construção, a Dow oferece os sistemas de poliisocianurato Voratherm, que atendem às normativas mais rígidas de resistência e reação ao fogo, oferendo diversas oportunidades para os fabricantes de painéis rígidos termoisolantes. “Essa tecnologia oferece um excelente equilíbrio entre custo, produtividade e benefícios ao meio ambiente”, garante Marcelo Fiszner, diretor de marketing para o negócio de poliuretano na América Latina.

“Os núcleos térmicos da espuma de poliuretano produzidos pela Dow junto com seus parceiros têm propriedades específicas ímpares e atuam na redução da troca térmica entre os ambientes interno e externo. Eles oferecem mais estabilidade dimensional e resistência à compressão. Como são mais versáteis, contam com diversos tipos de aplicações e podem ser injetados, moldados ou ter forma de chapas. Podem ser utilizados em edificações comerciais, residenciais, industriais, de logística, shopping, supermercados, entre outros”, explica.

Segundo o executivo, o coeficiente de condutividade térmica desses painéis está na faixa de 0,021 W/m.K. “Além de otimizar a eficiência energética e o conforto térmico das edificações, eles também têm alta resistência mecânica (compressão, tração e fadiga) e possuem estabilidade química e física”, informa.

Multivac

Em 2008, a indústria brasileira lançou no mercado o MPU, seu exclusivo e revolucionário sistema de painéis pré-isolados para a fabricação de dutos de ar condicionado e ventilação, feito em alumínio e espuma rígida de poliuretano expandido.

“Em vez de se fazer um duto de ar metálico para depois isolá-lo, esses dois trabalhos são feitos de uma só vez, reduzindo o tempo de fabricação dos dutos e ganhando eficiência e qualidade na instalação”, explica o empresário Robert van Hoorn, ao salientar que a espuma rígida de poliuretano usada nos painéis MPU têm como uma das suas principais características a excelente resistência térmica.

Recentemente, a empresa investiu mais de R$ 1 milhão para modernizar a linha de produção de seus sistemas de dutos em painéis pré-isolados, substituindo o HCFC-141b como agente expansor da espuma por pentano, com o objetivo de tornar sua produção mais ecológica e acreditando no potencial do mercado brasileiro.

“Trabalhamos neste projeto desde 2014 e, em março deste ano, a adaptação da fábrica foi finalizada dentro dos mais altos padrões internacionais. Agora, com a linha atualizada, estamos prontos para atender os nossos clientes no Brasil e no exterior com mais sustentabilidade e altos padrões de qualidade”, resume.

Polipex

A indústria brasileira lançou oficialmente m março deste ano, o PoliPex Inverter, revolucionário isolamento em polietileno expandido de alta performance, com exclusiva formulação resistente a temperaturas operacionais mais altas, que podem chegar aos 120 °C, como nas tubulações de sistemas Inverter e VRF.

“A novidade é uma excelente opção a uma antiga demanda dos instaladores de equipamentos de climatização dotados de inversores de frequência”, diz o engenheiro de vendas técnicas da empresa, André Dickert.

Já o Sistema PoliPex AluCLAD, que teve o seu lançamento oficial no mercado brasileiro durante a Febrava 2015, é um revestimento multicamadas plásticas laminadas com alumínio, desenvolvido pela austríaca Lenzing Plastics para ser uma solução perfeita para o revestimento de isolantes térmicos em tubulações, dutos, tanques e equipamentos.

“É um produto 100% à prova de água e que possui alta resistência à tração e um excelente efeito de recuperação que garante proteção contra choques mecânicos ao isolamento e evita amassados e rugas no revestimento, respectivamente. Com aparência atraente e de fácil instalação, é adequado para aplicações interiores e exteriores, em todas as condições climáticas, substituindo caros e complexos processos de revestimentos em chapas de alumínio e de aço inox”, explica.

Outra inovação recente da empresa catarinense é a Manta PoliPex Isofloor, desenvolvida exclusivamente para atender a necessidade de isolamento térmico de lajes sob pisos técnicos elevados com sistema de condicionamento de ar em “plenum” de insuflamento.

A Solução Limpadora Desengraxante PoliPex SL-420 é um outro produto recém lançado, desenvolvido para promover a efetiva limpeza e desengraxe de superfícies a serem revestidas por adesivação ou pintura, quer sejam metálicas (dutos, tubulações, tanques, chapas, equipamentos e outros), plásticas ou mesmo substratos em espuma de polietileno ou elastomérica.