Expansão da rede de gás fomenta instalação de aquecedores de passagem
Embora o chuveiro elétrico ainda seja o sistema de aquecimento de água mais comum nas residências brasileiras, o ritmo de instalação em novas habitações vem diminuindo nos últimos anos, graças à disseminação de tecnologias mais eficientes, como os aquecedores a gás e os coletores solares térmicos.
No caso específico dos aparelhos a gás, os fabricantes consultados pela Revista do Frio apontam que é notório o crescimento da preocupação do consumidor brasileiro com a eficiência energética das soluções que aplica em sua casa, assim como o nível de conforto de seu lar.
“O chuveiro elétrico vem sendo substituído por sistemas que aquecem volumes maiores de água utilizando menos energia. Dessa forma, o mercado de aquecedores a gás tem crescido acima da média da construção civil como um todo, e deve manter um ritmo de expansão superior a 10% ao ano nos próximos anos”, afirma Rafael Campos, vice-presidente de vendas da Bosch Termotecnologia, que fabrica dez modelos a gás natural e GLP (gás liquefeito de petróleo).
Na avaliação do gerente de marketing da Lorenzetti, Alexandre Tambasco, o crescimento do setor tem sido impulsionado, principalmente, pela expansão das redes das distribuidoras de gás no Brasil e crescimento do mercado imobiliário.
“Os lojistas também estão evoluindo. Além de venderem, eles divulgam e tornam a informação para a aquisição facilitada, pois se trata de uma venda técnica mais complicada, se comparada ao sistema elétrico”, diz.
A expectativa da companhia brasileira, que desenvolve desde modelos mecânicos até os mais modernos aquecedores digitais, também é muito otimista com relação ao inverno, estação marcada pela maior demanda por aquecedores de água a gás no mercado em geral. Para 2014, a empresa aguarda crescimento de 10% nas vendas desses produtos.
O comércio especializado também sente o bom momento do setor. “As vendas de aquecedores e os serviços de instalação seguem crescendo junto com a construção civil”, confirma o empresário Armando Bellopede, diretor da Top Service Aquecedores, revenda e instaladora autorizada de grandes fabricantes localizada em Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo.
De acordo com as indústrias, porém, um relevante passo para incrementar o uso da tecnologia de aquecimento a gás no País seria a criação de mais infraestrutura básica.
Isso significaria ampliar o número de domicílios conectados à rede de gás e construir residências adequadas à sua instalação, já contendo a tubulação completa de água quente e fria.
Os representantes do setor produtivo também dizem que é importante uma comunicação assertiva sobre o uso e vantagens dessa tecnologia voltada aos novos consumidores em potencial, em detrimento de tecnologias inicialmente mais baratas, porém menos eficientes e oferecendo menos conforto, como é o caso dos chuveiros elétricos.
“O aquecimento solar é a forma mais eficaz de aquecer água, já que utiliza da energia gratuita do sol. Entretanto, ele necessita sempre de um apoio para períodos de dias consecutivos nublados. Os aquecedores a gás são os produtos mais eficientes para complemento (back-up) dos coletores, formando, portanto, um sistema híbrido ideal para o consumidor preocupado em ter sempre água quente com conforto, sem abrir mão da economia energética”, explica Campos, da Bosch.
Segundo os profissionais do setor, boa parte dos novos projetos envolvendo o aquecimento solar contempla o sistema a gás como apoio. “No entanto, como a maioria dos fabricantes de coletores solares não possui equipamentos a gás em sua linha, isso faz com que os consumidores e executores das obras tenham de buscar outros fornecedores para complementá-las”, ressalta Carlos Eduardo Fagundes, gerente de vendas da Rheem do Brasil, multinacional que faz parte do Grupo Paloma.
Quanto às vendas este ano, a expectativa de crescimento da subsidiária brasileira é de 21%. “Nossa estratégia é buscar clientes em novas regiões, uma vez que estamos implementando novos modelos em nossa linha de aquecedores, que atendem ao perfil de consumidores de fora de São Paulo, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Centro-Oeste, Nordeste e Sul do Brasil”, informa.
Segundo o gerente comercial da Rinnai, Eduardo Gonçalves, o mercado nacional de aquecedores tem imenso potencial para crescer. “Atualmente, são vendidos 300 mil aparelhos a gás por ano, contra 10 milhões de chuveiros elétricos”, argumenta.
O principal setor da economia para instalação de aquecedores a gás continua sendo o segmento residencial, em especial as novas moradias ou imóveis já habitados que passaram a ter conexão com a rede de gás.
“Infelizmente, o percentual de residências que dispõem de aquecedores a gás é muito baixo; eles não chegam a 1% dos lares, ou seja, 99% das unidades habitacionais brasileiras ainda usam eletricidade para aquecer água”, lembra Anderson Kioity Yassumura Ferreira, presidente da Abagás (Associação Brasileira de Aquecimento a Gás).
Ampliação da rede
Os especialistas consideram a universalização do uso do gás natural estratégica para a diversificação da matriz energética brasileira, cujo sistema elétrico vem mostrando sinais de exaustão.
Dados recentes da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo) revelam que a empresa superou recentemente a marca de 1.333.765 clientes. Os segmentos que mais contribuíram para esse resultado foram os “New Housing” (novos edifícios), “Casa” e “Comércio”, com um crescimento de 16% em relação ao ano anterior.
Maior distribuidora do recurso canalizado no Brasil, a companhia possui em sua área de concessão 177 municípios, que concentram cerca de 27% do PIB do País, com 9,2 milhões de residências e 10 milhões de veículos.
O segmento residencial encerrou 2013 com 952.662 medidores conectados, um crescimento de 7,4% em relação ao ano anterior (887.162 medidores). Esse número inclui condomínios com medidores coletivos que atendem vários clientes com um único medidor.
O segmento comercial – que está sendo amplamente desenvolvido em 2014 com a oferta de novas aplicações para o gás natural em fornos de pizzarias e refrigeração comercial, por exemplo – figurou como o segundo maior crescimento, com 12.297 medidores instalados, aumento de 9,1% em relação a 2012.
Segundo o presidente da companhia, Luís Henrique Guimarães, 2013 foi um ano de progressos significativos, em função de investimentos constantes e de um time comprometido com a perenidade do negócio.
“Ao longo do ano, a Comgás reforçou os investimentos em infraestrutura e eficiência de suas operações. Ao todo, a companhia investiu R$ 852 milhões, configurando a maior aplicação de recursos feita pela distribuidora em sua história”, comemora o executivo.
“Em 2014, a Comgás continuará perseguindo a conquista de resultados consistentes e a satisfação dos clientes”, acrescenta. Para isso, a companhia estima um investimento de R$ 700 milhões, com foco na expansão da infraestrutura e atração de mais de 130 mil clientes.
Por questões estratégicas, a Comgás não revela quantos consumidores já foram beneficiados pelo Programa de Venda Facilitada de Aquecedores a Gás, iniciativa que está abrindo portas para a captação de novos clientes.
Segundo a distribuidora, o programa de incentivo é direcionado para condomínios verticais ou horizontais que sejam clientes da Comgás e que atendam aos critérios de elegibilidade. Para usufruir de seus benefícios, é necessário que um consultor da empresa entre em contato com o síndico para apresentar uma proposta.
A companhia também trabalha em parceria com construtoras, engenheiros e arquitetos, acompanhando projetos de instalação de rede interna de gás nos mais variados empreendimentos, como edifícios residenciais e comerciais, flats, hotéis, motéis, academias, shopping centers, restaurantes, hospitais e supermercados.