Em debate, a armazenagem dos dados

Não é de hoje que a tecnologia da informação (TI) vem aprimorando os sistemas de automação predial (BASs, na sigla em inglês), responsáveis por controlar o ar condicionado central e outros dispositivos eletromecânicos instalados em prédios de escritórios, residências ou plantas industriais.

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Cada vez mais integrados, os processos de controle e automação dos edifícios visam, primordialmente, elevar seu índice de eficiência energética, enquanto proporcionam mais conforto e segurança aos ocupantes que vivem ou trabalham neles.

Atualmente, os BASs podem, ao mesmo tempo, regular a iluminação e a temperatura dos ambientes internos de acordo com a demanda de seus usuários, agendar manutenção preventiva, monitorar consumo de água, energia e acesso de pessoas, alertar sobre fumaça e incêndio e disponibilizar para seus gestores os dados pertinentes a esses procedimentos em Cloud Servers.

“As estruturas próprias de servidores estão se tornando obsoletas”, afirma o engenheiro eletricista Valério Galeazzi, gerente comercial da Novus, fabricante nacional de instrumentos para controle, aquisição, registro e supervisão de dados.

Segundo o gestor, a maior tendência no setor de automação predial é “jogar” os dados na nuvem e permitir o acesso a essas informações por meio de qualquer plataforma, seja um PC com Windows ou um dispositivo móvel usando Android ou iOS.

Na avaliação do diretor geral da Full Gauge, Antonio Gobbi, a utilização de softwares de gerenciamento remoto não é uma tendência, mas, sim, uma realidade no segmento.

“Eles são uma ferramenta facilitadora, um meio de expandir o controle a distância e desvinculá-lo da presença humana no local das instalações, sem, no entanto, prescindir de um profissional especializado”, lembra o executivo da empresa brasileira que desenvolve ampla linha de instrumentos digitais para controle de refrigeração, aquecimento, climatização e aquecimento solar.

As velocidades de comunicação, processamento e compartilhamento de informações em diversos meios formam, portanto, um importante grupo de elementos norteadores dos programas corporativos de pesquisa e desenvolvimento desse nicho hi-tech do HVAC-R.

De olho nesse cenário, a suíça Sauter, cuja operação no Brasil se dá por meio da VL Indústria, aposta em seus produtos Módulo 5, que possuem controladores com processadores velozes e comunicação por meio do protocolo aberto BACnet IP, o que permite acesso via web.

“Os investimentos em automação predial são crescentes. No entanto, ainda estamos muito longe de alcançar os níveis europeus ou norte-americanos de eficiência energética em edifícios, principalmente em função da falta de uma legislação nacional que trate efetivamente do assunto”, esclarece o engenheiro de automação Felipe Altafim, coordenador de projetos da VL.

“Muitos investimentos estão sendo feitos em hotéis e centros comerciais, principalmente por conta dos grandes eventos. Além disso, o mercado está percebendo mais seriamente a necessidade de investir em eficiência energética, razão principal pela qual a automação é desenvolvida”, acrescenta Marcelo Lopes Moreira, engenheiro de produtos de sistemas de automação predial da Siemens no Brasil.

Outras tendências

A integração das tecnologias de controle e automação predial desenvolvidas por fabricantes distintos passou a ser uma preocupação dos players desse setor nos últimos anos, uma vez que a conectividade entre os dispositivos de diferentes marcas é aspecto relevante a ser observado na fase de especificação de qualquer projeto de automação.

“Devido à grande pressão de órgãos externos e clientes finais para uma excelência nos projetos, a tendência é o integrador buscar cada vez mais soluções com alta qualidade e já conhecidas no mercado, para garantir uma obra sem problemas de manutenção”, observa o engenheiro de aplicação da brasileira Coel, Paulo Carvalho.

“A interligação e a compatibilidade de todos os componentes são exigidas pelos clientes que buscam um sistema otimizado. Por isso, hoje, a comunicação via protocolo de todos os periféricos de automação está sendo mais solicitada”, diz o engenheiro de vendas da Danfoss, Rodrigo Marques de Sá.

A multinacional dinamarquesa vem consolidando no mercado brasileiro suas válvulas de controle independente de pressão AB-QM. “Essa é a solução mais simples para regular a temperatura e garantir a eficiência do controle e de todas as medições em sistemas de automação predial”, explica.

Além da eficiência energética, fabricantes de controladores também se preocupam com a economia de água, caso da italiana Carel. “Nosso sistema de resfriamento adiabático é uma alternativa às torres de resfriamento tradicionais”, exemplifica o gerente de produtos da companhia europeia no Brasil, Marcelo Lorençon.

Outra tendência forte no segmento é o comissionamento contínuo, apontam especialistas. “O comissionamento avançado permite ajustar o sistema de automação e controle predial de acordo com o perfil de ocupação”, salienta Manoel Gameiro, diretor comercial da Trane para América Latina.

O executivo, que preside o Green Building Council Brasil – organização Não Governamental certificadora de edifícios verdes –, também ressalta que o ajuste frequente dos BASs reduz os custos de manutenção e operação de um edifício durante sua vida útil, tornando-o mais sustentável.