Em busca da máxima eficiência

Manter o ar em movimento representa, muitas vezes, a maior parcela de gasto energético de um prédio comercial. Com o custo da energia elétrica em alta e o apelo global por equipamentos cada vez mais sustentáveis, o mercado de ventilação e exaustão vem se sofisticando e cobrando dos fabricantes produtos mais eficientes e cada vez mais automatizados, com alta tecnologia integrada, confiabilidade e durabilidade em todas as aplicações.

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Fatores como nível de ruído e baixo custo de manutenção – ou até mesmo sua eliminação total, em alguns casos – também ditam as tendências na área, que tem visto a ascensão das hélices mais leves e dos motores eletronicamente comutados (EC), os quais vêm substituindo os modelos assíncronos (AC).

Os motores AC são simples, compactos e alimentados diretamente pela rede elétrica. Eles dispensam quaisquer comutadores mecânicos ou componentes eletrônicos para suprir o rotor, e ainda são robustos e confiáveis.

Sua principal desvantagem, no entanto, é a baixa performance. Particularmente, quando se trata de carga parcial, é claramente inferior à dos motores EC, que operam a partir de cerca de 70% de eficiência. Isso tem, naturalmente, uma influência direta sobre o consumo de energia em praticamente todas as aplicações.

Criadora do conceito de motor de rotor externo e dos famosos ventiladores EC, a Ziehl-Abegg segue apostando todas as fichas na tecnologia e eficiência dos motores eletrônicos em âmbito mundial e também nacional, como pode ser claramente observado com a recente inauguração da sua nova linha de montagem e balanceamento de equipamentos no Brasil.

A multinacional também segue na vanguarda do desenvolvimento de projetos usando em seu design os critérios de biomimética, estudo que visa converter as estruturas, os processos e os princípios de desenvolvimento dos sistemas biológicos em tecnologia.

De acordo com o diretor geral da empresa para a América do Sul, José Eduardo Rapacci, a tecnologia EC tem, normalmente, os seus preços mais elevados que os ventiladores convencionais. “Entretanto, essa diferença retorna rápido para os clientes, em função do custo operacional muito menor”, ressalta.

Na avaliação do empresário João Henrique Schmidt Santos, diretor da Joape, poucos projetistas estudam as inovações. “Normalmente, os profissionais se prendem ao uso de uma única tecnologia e não saem dela, seja por desconhecimento, medo de inovar ou até mesmo em função do valor agregado que alguns produtos têm”, enfatiza.

Recentemente, a companhia brasileira desenvolveu um sistema de climatização por aspersão de água por disco de centrifugação, com patentes deferidas no Brasil, México e EUA. Sua maior vantagem é climatizar e ventilar os ambientes sem molhá-los, com baixo consumo de energia. “Apesar da crise, nosso mercado está em fase de crescimento. Temos excelentes perspectivas quanto ao futuro”, enfatiza.

“Mas não vejo no Brasil um movimento forte na busca pela eficiência. Ainda utilizamos equipamentos com polia e correia, tecnologias que deixaram de existir na Europa há mais de uma década. Como também não temos uma certificação focada na eficiência, esse processo passa a ser ainda mais lento”, analisa o engenheiro de automação e controle Leandro Taglieri, especialista em vendas para o mercado de ventilação e ar condicionado da ebm-papst no País.

“Por outro lado, as multinacionais acabam fazendo com que essa mudança de paradigma ocorra um pouco mais rápido, pois trazem para o mercado nacional as últimas tendências”, pondera.

Segundo Taglieri, o custo-benefício ainda é o principal critério que as empresas e profissionais do HVAC-R levam em conta nos projetos e obras do setor, em relação aos equipamentos de ventilação e exaustão.

“De forma geral, pensamos mais nos custos de implementação do que nos de operação, fato que nos leva a raciocinar no curto prazo, e não a longo. Com os aumentos recentes do custo da energia, a eficiência do produto passa a ter um valor ainda mais relevante”, reforça.

De acordo com a gerente comercial da Qualitas, Fernanda Stivalli, o mercado de ventilação também enfrenta a concorrência dos produtos de baixa qualidade e custo reduzido dos importados da China. “Além dessa difícil questão, temos uma carga tributária elevada, o que torna mais difícil nossa competitividade”, informa.

Por que ventilar?

A importância do oxigênio para o metabolismo humano e da movimentação do ar para a troca de temperatura e umidade corporal é incontestável. Nas plantas industriais, a ventilação tem sido o principal recurso usado para evitar a dispersão de contaminantes no ambiente, bem como para diluir concentrações de gases, vapores e promover o conforto térmico.

Nas cozinhas, o preparo de alimentos por meio da cocção térmica provoca a emissão de calor, gordura vaporizada, fumaça, gases e odores que precisam ser captados, transportados e tratados, de forma a garantir condições de higiene e conforto aos profissionais que trabalham nesses locais.

Nas estações de metrô, a ventilação renova o ar e alivia o calor dos passageiros que aguardam nas plataformas. Nos edifícios comerciais e residenciais, ela é necessária para controlar odores corporais, fumaça de cigarro, cheiros da cozinha e outras impurezas.

Enfim, movimentar o ar de forma correta ajuda a evitar males causados pela concentração de pó, gases e vapores em suspensão no ar, aumentando a qualidade de vida e segurança das pessoas nos mais diversos locais. Em situação de incêndio, os sistemas de exaustão ainda salvam vidas, ao eliminar a fumaça e as partículas tóxicas dos ambientes fechados.