A ascensão contínua dos splits
O mercado brasileiro de climatização doméstica vem apresentando excelentes taxas de crescimento nos últimos anos. Entre 2009 e 2012, o segmento dobrou de tamanho. Os dados da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) também mostram que, em 2013, a expansão do comércio desses aparelhos foi de 32%, em relação ao ano anterior.
E tudo indica que o setor de ar condicionado continuará dominado pelos splits, que representam mais de 70% das TRs (toneladas de refrigeração) instaladas no País, seguidos pelos modelos de janela (15%), centrais de água gelada (11%) e sistemas VRF (1%).
Segundo a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), a indústria vendeu, no ano passado, 3.679.948 minisplits, contra 703.576 condicionadores de janela. “Trata-se de um mercado em amadurecimento”, resume o gerente geral de vendas de ar-condicionado residencial da LG no Brasil, Lúcio Bacha, lembrando que a multinacional sul-coreana conseguiu atingir este ano 24% de participação no setor.
No primeiro trimestre de 2014, as vendas dos fabricantes instalados no País cresceram 17,6%, em relação ao mesmo período de 2013. “Se somarmos os efeitos do maior poder de compra da classe C, o baixo índice de penetração do ar-condicionado nos lares brasileiros e os preços de splits bem mais acessíveis do que há alguns anos, podemos traçar um cenário muito promissor para os próximos”, analisa a gerente de produto da brasileira Elgin, Andrea Denise de Lima.
Comparando com outros países, o índice de condicionadores instalados ainda é baixíssimo no Brasil, de menos de 15%, contra categorias como refrigeradores e lavadoras, presentes em quase todas as residências, e isso reforça o potencial do setor.
Otimista, o diretor de vendas de portáteis e linha branca da Philco, Iberê Martello, também considera que o segmento de splits continuará em forte ascensão, independentemente da política industrial adotada pelo governo brasileiro. “Nossa meta é alcançar 20% de participação no mercado nacional até 2015”, adianta.
Embora não divulgue sua cota de participação no setor, a Midea Carrier, detentora das marcas Midea Eletrodomésticos, Springer e Carrier, segue investindo em Manaus (AM), onde hoje concentra a produção da sua linha residencial.
“Investimos mais de R$ 5 milhões em expansão, melhorias e contratação de colaboradores, e hoje temos a maior fábrica de condicionadores de ar da América Latina”, ressalta o gerente de marketing de produto da empresa, Rodrigo Teixeira.
“Mas a logística complicada, as dificuldades inerentes ao complexo sistema tributário e à burocracia elevam os custos da produção local, principalmente quando fazemos a comparação com o cenário internacional”, pondera o gestor.
Esse discurso é, praticamente, uníssono entre as empresas ouvidas pela Revista do Frio. “Acreditamos que poderiam existir mais incentivos para quem já produz outras linhas e deseja fabricar splits no País. Isso possibilitaria maior viabilidade de investimentos para a nacionalização. Também é necessária a implementação da reforma tributária em todos os setores envolvidos, garantindo maior competitividade”, diz o responsável pelo departamento comercial de condicionadores de ar da Panasonic, Luciano Valio.
Os fabricantes também avaliam que produtos com maior índice de eficiência energética e selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) deveriam contar com benefícios fiscais, a fim de torná-los acessíveis aos consumidores finais. “Isso alavancaria a produção nacional de modelos com inversores de frequência”, exemplifica o diretor da divisão de eletrodomésticos da Samsung, Adelson Coelho.
“Mas notamos que, com o passar do tempo, o consumidor que adquiriu um condicionador de ar nunca mais deixa de tê-lo. Podemos fazer um paralelo com o mercado de automóveis, no qual o ar-condicionado se tornou um item de série praticamente obrigatório”, completa o executivo.
Apesar de também não divulgar sua parcela de participação no mercado, a diretoria da Samsung afirma estar satisfeita com os níveis de vendas que vêm sendo atingidos ano a ano no Brasil.
Avanços tecnológicos
Pesquisar e desenvolver meios inovadores de reduzir a demanda energética dos condicionares de ar, um dos grandes vilões das contas de luz, continua sendo uma busca incessante das indústrias. Apesar de ainda serem mais caros quando comparados aos condicionadores convencionais, os aparelhos dotados da tecnologia Inverter estão se tornando mais comuns.
Além do compressor com velocidade variável e dos gases refrigerantes mais ecológicos, outra tendência forte no segmento são os filtros que ajudam a purificar o ar e eliminam vírus, bactérias, fungos e ácaros.
Igualmente notório é o alinhamento dos splits com as atuais tendências de design, integrando-se de forma discreta e harmoniosa aos ambientes onde são instalados. E a conectividade dos produtos, possibilitando acesso remoto via Wi-Fi e 3G, está em voga no segmento, assim como o desenvolvimento de aparelhos cada vez mais compactos e silenciosos.
Ao que tudo indica, as tecnologias que proporcionam bem-estar e conforto às pessoas agregam outros valores aos condicionadores de ar e tornam essa máquina que refresca – ou também aquece os ambientes, dependendo do modelo – em um item mais de necessidade do que luxo, propriamente.