Profissão: instalador de ar-condicionado

O verão passado, encerrado em 20 de março, registrou as temperaturas mais altas dos últimos 10 anos. Consequentemente, o calor mais intenso resultou em movimento acima da média no comércio de condicionadores de ar.

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“No auge do calor, em janeiro, recebemos muitas ligações, até mesmo de empresas que nunca foram nossas clientes. Apesar da procura, não tivemos como atender toda demanda”, informa o diretor comercial da Komeco, Sandro Suda.

No início do ano, lojas físicas de grandes varejistas chegaram a ter seus estoques esgotados. E não foram só as vendas de aparelhos compactos que dispararam. De acordo com fabricantes e empreiteiros do setor, o comércio de sistemas de médio e grande porte também está em expansão.

Nesse cenário, em que todo mundo quer fugir do calor, a demanda por mão de obra especializada também aumenta. E esse crescimento acelerado abre novas oportunidades para quem deseja seguir carreira ou empreender no disputado e promissor mercado de instalação, no qual a qualificação profissional nem sempre esteve em primeiro plano.

“Nosso segmento está extremamente aquecido, mas muitos instaladores nem são técnicos e, por isso, nunca fizeram um curso para atuar na área, como é o caso de pedreiros, eletricistas e outros profissionais que se aventuram pelo nosso ramo”, confirma o projetista Rodrigo Men, diretor comercial da FR Climatização, empresa com mais de 30 anos de experiência no setor.

Segundo o empresário, um instalador autônomo sem empresa chega a ganhar R$ 2 mil mensalmente, podendo atingir até R$ 5 mil nos meses de pico. “Já se ele tiver sua própria firma e souber cobrar o preço correto, esse ganho pode chegar a R$ 8 mil”, explica.

Para ter sucesso em sua empreitada, o instalador profissional necessita investir no ferramental básico, composto por vacuômetro eletrônico, bomba de vácuo, jogo de chaves, curvador, kit flangeador, termohigrômetro, jogo de chaves e furadeiras, entre outras ferramentas. Quem executa serviços de manutenção precisa ainda ter máquina recolhedora de gás e manômetro.

Além do próprio veículo, o empresário lembra que o profissional do setor também deve investir em insumos de instalação, como bucha, parafuso, suporte, barra, cobre, cabo PP, maçarico padronizado e garrafa de nitrogênio. “Dificilmente, um autônomo possui todos esses itens”, informa.

“E a maioria daqueles que se dizem instaladores ou mecânicos não conhece nem os fundamentos básicos da termodinâmica, o que é primordial para o exercício dessas profissões. Isso resulta em má qualidade das instalações e prejuízo para consumidores e clientes corporativos”, acrescenta o engenheiro mecânico Edson Porciuncula, diretor da Edstar Consultoria.

De acordo com o executivo, sistemas de climatização tecnologicamente mais avançados – caso daqueles com fluxo de refrigerante variável (VRF, na sigla em inglês) e das centrais de ar condicionado – exigem ainda mais qualificação.

“Quem instala ou faz manutenção desses sistemas também é melhor remunerado. Por isso, é fundamental que o profissional da área tenha metas para progredir em sua carreira, buscando sempre participar de cursos, treinamentos, workshops e palestras”, finaliza.

Capacitações periódicas

Além dos cursos oferecidos por escolas como o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e outras instituições de ensino profissionalizante espalhadas pelo País, empresas do setor costumam promover capacitações periódicas em seus centros de treinamento.

Segundo a japonesa Daikin, que já está entre as três maiores do segmento de ar-condicionado no Brasil, a empresa continuará estimulando sua estratégia de investir pesado em ações de apoio para manter as firmas instaladoras locais com mão de obra bem preparada.

Um dos pilares dessa política, o programa Daikin Qualifica reciclou dois mil profissionais em 2013, seu segundo ano de vida, e agora introduz novidades como o treinamento de Chiller Modular e Fancoils, bem como um módulo para Controle e Automação de Sistemas VRV.

“Para que nosso negócio evolua, nossos parceiros técnicos e comerciais devem estar muito bem treinados e com conhecimento pleno de nossos produtos e suas aplicações”, ressalta o gerente nacional de vendas HVAC da Komeco, Robenir Teixeira da Costa, lembrando que a empresa catarinense mantém em sua sede, na cidade de Palhoça, laboratórios onde também são realizados treinamentos técnicos de manutenção e instalação de sistemas de climatização.

Outro player do setor que aposta na qualificação da mão da obra é a Elgin. Há 15 anos, a empresa realiza esses eventos, visando estreitar o relacionamento com revendedores e parceiros técnicos, por meio da capacitação das assistências técnicas autorizadas a prestar atendimento em conformidade com sua política de qualidade.

Segundo a companhia, a programação dos treinamentos é definida no início de cada ano, com base em critérios como a avaliação das carências de cada região e também dos novos credenciamentos de assistências técnicas autorizadas por todo o Brasil.

“Para os grandes clientes, em função do número de representantes técnicos a serem treinados, existe uma avaliação específica das necessidades, através da qual são programados treinamentos exclusivos”, salienta a gerente de marketing da Elgin, Vera Araújo.

A fim de minimizar o gargalo da mão de obra, outros grandes fabricantes de ar-condicionado, entre os quais, Trane, LG, Samsung e Panasonic, também promovem treinamentos específicos para profissionais do setor.