Alumínio e cobre bem mais próximos

A competição entre o cobre e o alumínio no setor continua tendo na fusão entre ambos um ponto crucial, mas que já demonstra a queda de certos tabus.

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Durante um bom tempo, por exemplo, bradou-se aos quatro ventos que a brasagem neste caso seria eternamente prejudicada, por exemplo, pela ameaça de um fenômeno químico conhecido como corrosão galvânica.

Paralelamente, soldar tubos de alumínio entre si já foi apontado como missão quase impossível, fadada de antemão ao insucesso, sob a forma de inevitáveis vazamentos futuros.

O tempo, aliás, vem se encarregando de mostrar que verdades absolutas ainda estão longe de se concretizar neste campo, tendo em vista a experiência obtida por empresas que acreditam valer a pena investir em algo antes inimaginável.

Foi apenas na última Febrava, para se ter uma ideia, que o tema ganharia dimensão maior, com a surpresa causada pela catarinense Migrare, ao apresentar em seu estande a Vareta iZi operando com incrível desenvoltura, algo digno de ficção científica para alguns.

“O mito de que seria impossível fazer solda entre alumínio e cobre caiu por terra”, recorda o engenheiro de Produtos e Aplicações, Bruno Anjos.

Dois anos depois, sua empresa está prestes a exibir no mesmo evento aquilo que assegura estar quebrando outro paradigma: uma solução efetiva contra a corrosão galvânica, batizada com o nome de Proteção IZOX.

“É extremamente simples e confiável. Basta o técnico posicioná-la sobre a união, aquecer e aguardar o resfriamento”, assegura o engenheiro mecânico.

Mão de obra crucial

Igualmente sem duvidar de vantagens pró-alumínio, como menor preço e rendimento superior nas obras, há no setor quem continue apostando que a melhor solução para unir o metal com ele mesmo ou ao cobre seja utilizar encaixes especiais, algo que a Vulkan denomina como Lokring.

Também numa feira, a Chillventa, a empresa de origem alemã apresentou recentemente novas uniões especiais para instalações VRF com fluido R410A, segundo informa seu gerente comercial no Brasil, André Corrêa.

“A tecnologia atual já permite trabalhar com os dois metais, combinados ou não, de forma a atender à demanda do mercado. Acho que a pergunta agora é como fazer esta informação chegar aos usuários que, por vezes, têm problemas por desconhecer os melhores procedimentos de trabalho”, acrescenta.

Anjos, da Migrare, concorda com o concorrente neste ponto. “O alumínio, como qualquer outro produto, necessita de um conhecimento mínimo para que possa ser utilizado. Percebemos que os técnicos e profissionais que buscaram informações e participaram de treinamentos sobre como utilizar os tubos de alumínio não encontraram dificuldades em suas instalações. Já aqueles que trabalharam com ele da mesma forma que agem com o cobre se decepcionaram. Não é de hoje que sabemos quão grande é a falta de qualificação profissional no mercado de refrigeração brasileiro”, sentencia.

A Vulkan, segundo Corrêa, tem contornado essa questão crucial ao marcar presença na Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves, em São Paulo, onde o sistema de união sem solda integra a formação técnica dos alunos.

“Além disso, ministramos palestras gratuitas pelo país durante o ano todo, voltadas a instaladores, lojistas e profissionais da área interessados”, assegura o profissional.

A Migrare afirma vir trilhando caminho semelhante. “Ouso dizer que somos uma das poucas empresas no mercado de refrigeração brasileiro a investir em treinamento e capacitação de profissionais nas suas revendas, por meio de encontros técnicos, palestras e demonstração de produtos”, garante Bruno. Parcerias com distribuidores, instaladores e órgãos como SENAI’s e Institutos Técnicos Federais completam essa verdadeira cruzada da empresa para divulgar seus produtos e ensinar a maneira correta de se trabalhar com a brasagem do cobre.

Futuro promissor

Mesmo diante de desafios como os propostos pela área da formação profissional, insistir no alumínio como alternativa viável parece ainda reservar bons momentos para os adeptos dessa ideia no HVAC-R.

No caso da Vulkan, que considera inegável o predomínio do cobre nos dias de hoje, sermos um país tropical, de vasta extensão territorial e com um mercado interno de renda crescente, justifica o verdadeiro trabalho de catequese que também vem fazendo junto ao mercado, no tocante às boas práticas e vantagens de trabalhar com produtos e soluções de maior valor agregado envolvendo a utilização do alumínio.

Na mesma linha de raciocínio, Bruno Anjos pondera que o cobre, cada vez mais, tem sido substituído pelo alumínio em sistemas de refrigeração, devido à sua melhor relação custo versus benefício. “Naturalmente que, com esse crescimento, haverá a necessidade de insumos e peças para atender essa demanda, e é nisso que a Migrare vem se especializando, trazendo soluções simples e inteligentes para o segmento de refrigeração”, arremata.