Automação, um setor à prova de crises
Fornecedores históricos de equipamentos e sistemas para automatizar instalações do HVAC-R têm sido pródigos em demonstrar sua notável vitalidade, mesmo em momentos menos pujantes da nossa economia como os atuais.
Apesar do crescimento anêmico do PIB nos últimos dois anos, patrocinado em grande parte pela queda da atividade industrial no país, o setor comemora o desempenho dos mercados ligados a automação predial, bem como consumo e alimentação, nestes casos específicos sob a égide da aclamada ascensão de uma nova classe média, composta por camadas da população até pouco tempo atrás alijadas de certos confortos.
Além desses fatores consideráveis, vários negócios decorrentes dos eventos esportivos locais que se iniciam com a Copa das Confederações, em junho próximo, começam a se concretizar, por meio dos estádios e arenas. E ainda deve haver vários picos, em virtude da Copa, no ano que vem, e a Olimpíada de 2016, tendo em vista as muitas obras necessárias à rede hoteleira e toda uma gama de serviços de infraestrutura reconhecidamente imprescindível para que o Brasil faça bonito perante o mundo.
Haveria, então, apenas flores no caminho deste importante segmento? Certamente que não, conforme poderá ser visto ao longo das páginas de mais uma reportagem especial da Revista do Frio retratando um dos segmentos de perfil mais tecnológico, dentre os muitos que compõem o nosso mercado.
Mesmo assim, as maiores dificuldades e gargalos encontrados na área são nitidamente de ordem cultural e já há algum tempo estão sendo trabalhados com dedicação redobrada, tanto nos mercados atendidos quanto dentro de casa.
Além da venda
Convencer o cliente de que é um bom negócio investir um pouco mais na obra, para depois gastar cerca de 30% menos no dia a dia das instalações de refrigeração e ar-condicionado. Ou ainda, que a automação pode poupar o elemento humano de certas decisões críticas e urgentes, nem sempre bem executadas de forma manual. Tal missão pode parecer simples, frente à obviedade e força dos argumentos utilizados. Porém, nove em cada dez empresas especializadas em controladores eletrônicos definem a conscientização do mercado como uma autêntica catequese diária.
A primeira barreira nesse sentido é a concorrência acirrada, na visão do gerente de Vendas de HVAC-R para a América Latina da Danfoss do Brasil, Carlos Barbosa Navarro, o que muitas vezes ainda coloca o custo inicial em primeiro plano. “Por isso vimos realizando um trabalho forte junto aos projetistas, usuários e investidores para mostrar as vantagens da tecnologia verde e o retorno do investimento em prazos bem interessantes”, assegura.
A preocupação ambiental, aliás, não deveria ser uma exclusividade do cliente final, mas também dos fabricantes, que tendem a alcançar melhores resultados ao adquirir dispositivos com esse foco para equipar suas máquinas, conforme pondera o chefe de produto para OEM Solutions da Schneider Electric, Igor Guardino.
Tão importante quanto essa disposição de fazer a coisa certa, no entender de Rodrigo Miranda, da Mercato, é uma combinação de fatores neste campo, que ele acredita ter feito a automação deixar no Brasil a condição de artefato de luxo para assumir a de disciplina convencional, com importância equivalente à de outros sistemas. “Precisamos de projetos bem claros, com as funções e especificações do empreendimento; normas brasileiras específicas e que possam ser cumpridas, assim como uma fiscalização eficaz”, resume o diretor comercial.
As consequências dessa combinação, segundo o executivo da empresa sediada em Canoas (RS), será um aumento de qualidade, dando origem a empreendimentos cada vez mais seguros, confortáveis e econômicos.
Características como estas a indústria local estaria plenamente apta a atender, mas nem sempre esse reconhecimento ocorre, segundo constata o coordenador de marketing da Contemp, Rafael de Pádua. “Uma atitude desejável para o mercado de HVAC-R seria priorizar os fabricantes nacionais de controle e automação. Ainda se dá muito valor para produtos importados, quando estamos produzindo no Brasil itens de qualidade”, reclama.
Até mesmo comportamentos na área da manutenção compõem hoje o repertório educativo posto em prática por players da área como a Every Control, em sua verdadeira cruzada de convencimento para ver o setor cada vez mais ocupando o lugar que merece, como agente de sucesso nas obras.
“O traço cultural mais preocupante do mercado continua sendo o de colocar a manutenção corretiva à frente da preventiva”, justifica o diretor Fabio Cardoso, frisando que os projetos da empresa paulistana sempre procuram fomentar as vantagens para todos de uma mudança nesta filosofia.
Lições de casa
Mas nem sempre se encontram extramuros algumas das barreiras a serem removidas para um desenvolvimento maior ainda do segmento no País.
O campeão absoluto de citações neste particular ainda é a falta de mão de obra especializada para lidar com tanta sofisticação tecnológica.
Um grande desafio, sem dúvida, na visão do diretor da gaúcha Full Gauge Controls, Antonio Gobbi. “Esta é uma realidade que vem melhorando a cada ano, mas ainda representa lacuna a ser preenchida no HVAC-R”, reconhece.
O quinhão de sua empresa para colaborar na mudança desse quadro tem sido oferecido por meio de ações diferenciadas como o “Direto ao Ponto”, quando a empresa passa o dia em revendas tirando as dúvidas de técnicos e instaladores; o Master Full Gauge, treinamento gratuito focado no uso de instrumentos digitais específicos nas áreas de refrigeração e aquecimento, realizado em vários países.
“Também apoiamos sempre escolas de refrigeração; palestras; treinamentos em feiras, eventos e revendas. Enfim, não medimos esforços para disseminar o conhecimento”, garante Gobbi.
Necessidade semelhante de aprimoramento profissional na área é reconhecida pelo Team Leader – Sales &Engineering da Belimo Brasil, Marcos Gonçalves de Melo.
“Ainda hoje encontramos profissionais não adeptos à automação, seja por falta de know-how para aplicá-la, ou em virtude de restrições à implementação das tecnologias”, diz ele.
Para contornar a questão, a empresa de origem suíça com sede brasileira na cidade de São Paulo tem treinado muitos profissionais do setor e participado efetivamente de todos os eventos que levam conhecimento aos profissionais, País afora.
“Hoje nosso negócio tem sido não somente a venda de válvulas e atuadores, mas prover conhecimento ao mercado. Acreditamos fielmente que um profissional bem treinado se sente mais confortável em aplicar novas tecnologias”, justifica o engenheiro mecânico.
Iniciativas semelhantes das entidades e eventos do setor, assim como da própria mídia especializada, ao divulgar resultados obtidos aplicando-se automação, são igualmente lembradas por ele. “Essa disseminação é essencial para o crescimento de empresas como as nossas”, acrescenta.
Quem concorda com essa necessidade é Lucas Menegassi, da Eco World. “O conhecimento neste campo precisa ser mais bem divulgado, de forma que todos os envolvidos compreendam melhor as possíveis soluções e aplicações da automação”, analisa o engenheiro de vendas dessa distribuidora Honeywell.
Segundo ele, infelizmente ainda chega a ser comum um cliente adquirir solução de custo menor, que não atenda plenamente às suas necessidades.
As consequências dessa conduta são válvulas motorizadas sem a pressão de close-off mínima; incompatibilidade de sinais analógicos entre um elemento de campo e um controlador; instrumento com faixa de transmissão totalmente fora de sua aplicação e daí por diante.
“São detalhes simples de verificar, mas que podem causar grandes transtornos, caso não sejam devidamente analisados”, conclui Menegassi.
Novidades não faltam
Fique por dentro dos últimos lançamentos no fascinante mundo da automação para o HVAC-R
BELIMO
A Energy Valve (Válvula de Energia) conjuga em um só corpo válvula de balanceamento dinâmico, válvula de controle com atuador elétrico e Btu Meter. Garante balanceamento e controle do fluxo de água e a obtenção, em tempo real, da carga térmica consumida pelos sistemas. Trabalha com protocolo de comunicação BacNet, acumula informações por até 12 meses e monitora o Delta T dos sistemas, auxiliando as equipes de manutenção a saberem o momento exato das manutenções.
CONTEMP
O S501 é um transmissor de temperatura e umidade que pode ser utilizado em parede ou duto, com opção de display local e comunicação RS485. Aplica-se principalmente a salas e dutos de ar condicionado.
DANFOSS
A empresa destaca a linha VLT® HVAC Basic Drive, conversor de frequência que aciona motores elétricos, tendo como principal característica sua simplicidade de operação. Segundo a empresa, proporciona também economia de energia, redução dos níveis de ruído, proteções e facilidade de instalação e programação, tudo isso aliado a confiabilidade e robustez.
DIGIMEC
Sua principal novidade é a parceria firmada com a Theben, um dos maiores fabricantes mundiais de sistemas para controle de iluminação, climatização, automação predial e interruptores horários, uma ampla linha que inclui termostatos e controladores de conforto ambiente e umidade.
ECO WORLD
Termostato Honeywell HALO, agora na versão digital “floating”, em 24 Vac, com melhorias estéticas e novas aplicações, comparativamente aos modelos analógicos “on-off” e “proporcional”.
EVERY CONTROL
Linha de controladores cpro3 node, que além dos protocolos nativos ModBus e CANopen, também se comunica com o BacNET, apontado pela empresa como rápido e de fácil interface com as principais gerenciadoras do mercado.
FULL GAUGE
Nova versão do software de gerenciamento Sitrad Mobile, agora também rodando em tablets e smarthphones com os sistemas operacionais Android (Galaxy) e iOS (iPhone, iPad, iPod Touch).
MERCATO
MDX da linha Climate, apontado pela empresa como um poderoso controlador que, além de completo para sistemas de HVAC, é de fácil operação, graças aos seus dois níveis de configuração. Funciona em redes Modbus RTU ou Bacnet MS/TP, possui display remoto e comunicação para efetuar rodízio de equipamentos por falha, programação horária e complemento de carga.
SCHNEIDER
TVDA, solução com arquitetura testada, validada e documentada, possibilitando máquinas flexíveis e eficientes, reduzindo em até 50% seu tempo de engenharia e manutenção. Utiliza blocos de funções dedicados à eficiência enérgica que reduzem em até 30% o consumo de energia elétrica.