Produzindo mais e melhor

Nem mesmo os sinais evidentes de que a economia brasileira deve crescer bem menos até o final de 2012, em comparação aos resultados registrados nos dois anos anteriores, têm arrefecido o ânimo de alguns segmentos do HVAC-R.

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Um dos exemplos emblemáticos disto é o mercado dos trocadores de calor, onde os fabricantes de evaporadores e condensadores levam adiante planos ambiciosos relativos à quantidade e, principalmente, à qualidade dos seus produtos.

E motivos para tal comportamento não faltam. “A crise europeia e o recente aumento dos impostos em alguns setores podem diminuir certos investimentos, mas os grandes eventos esportivos que acontecerão no Brasil em 2014 e 2016 devem alavancar muitos negócios, pois existem várias obras de infraestrutra em curso como aeroportos, hotéis, estádios, shoppings e prédios comerciais”, exemplifica o engenheiro de Aplicações e Vendas da Semco Equipamentos de Refrigeração, Bruno Bonaldi, ao falar das razões para o otimismo reinante na área.

Independentemente dos grandes eventos que se aproximam, João Gilberto Muraro, da Thermokey do Brasil, encontra nos próprios anseios atuais do Frio as causas principais para também achar que as coisas vão bem. “O mercado de refrigeração vem passando por mudanças em busca de maior sustentabilidade ambiental e econômica para se ajustar ao aumento das exigências dessas áreas no Brasil e no Mundo, diz o coordenador técnico da multinacional italiana.

Um dos efeitos dessa conscientização, segundo ele, têm sido novos projetos dando prioridade a equipamentos que utilizem menores volumes de fluidos refrigerantes, necessidade que se encaixa perfeitamente nos atributos da tecnologia de micro-canais, intensificada atualmente por empresas como a Thermokey.

Soma-se a expectativas assim a própria evolução natural do consumidor brasileiro, na visão de outro profissional da área, o sócio-diretor da Agraz Refrigeração, Fernando Vanzetta. “Com o aumento da renda da população e, consequentemente, o acesso cada vez maior a soluções inovadoras, sejam elas dependentes da cadeia do frio ou vinculadas a climatização (conforto térmico), o mercado estará nos próximos anos em franca expansão”, prevê o empresário gaúcho.

“A gente acredita muito no mercado de food service em nosso país, a despeito de toda a crise que possa haver nos EUA e na Europa e até mesmo no Brasil, o que torna o nosso mercado de certa forma blindado contra esses problemas, conforme se viu recentemente na Fispal”, raciocina o diretor comercial da paulistana Trineva, Alessandro De Fusco Pereira.

Soluções inovadoras

Diante de um clima tão positivo, nada mais justo do que a proliferação também de novidades, corroborando com isso que os players do setor estão mesmo apostando em dias cada vez melhores.

Na última Febrava, já foi possível perceber essa tendência em estandes como o da Mipal, onde o Dry Cooler mereceu um dos selos Destaque Inovação concedidos pela Abrava, graças ao seu potencial de realizar a troca de calor em processos industriais, climatização e resfriamento de líquidos.

“Hoje temos a condição de oferecer condensadores a ar, como este, e também modelos a água altamente eficientes e que, ao mesmo tempo, não agridem o meio ambiente”, explica o diretor geral da indústria, Antônio Cláudio Montiani Palma, referindo-se ainda a equipamentos como a unidade de refrigeração K-7 e a central de frio compacta C-flex.

Sediada também em Cabreúva, no interior paulista, a Lantery revela cuidado semelhante ao inovar em sua linha de produção. “O apelo ecológico, juntamente com a proposta de economia de energia,fez com que o nosso departamento de engenharia desenvolvesse evaporadores de alta performance para soluções frigoríficas com novos fluidos: CO2, Glicol e GAS Propano R 290”, explica o sócio-gerente da empresa, Paulo Lantery.

Em meio a este nítido entusiasmo do setor em promover soluções inovadoras, há até exclusividades mundiais, caso da unidade condensadora FR, da Heatcraft do Brasil. “O uso da tecnologia microchannel e do fluxo reversível em um único equipamento é inédito no mundo”, assegura o gerente de marketing e desenvolvimento de produtos da empresa, Martin Bertini.

De olho nos clientes exigentes, da mesma forma a gaúcha Deltafrio tem inovado com frequência, ao fazer o que o seu diretor geral, Marcelo Marx, define como “refinamento” da linha de evaporadores, uma série de mudanças conciliando melhorias estéticas e funcionalidade operacional.

Os equipamentos da marca foram dotados, por exemplo, de portas laterais basculantes que podem ser abertas e fechadas pelo refrigerista sem a utilização de ferramentas. Toda a linha recebeu ainda pintura eletrostática branca, para se harmonizar com o interior das câmaras frias, bem como aletas, suportes e até embalagens mais resistentes.

Caráter igualmente prático tem uma novidade que a Danfoss do Brasil está introduzindo em suas linhas do gênero. “Estamos trabalhando em conjunto com alguns clientes e parceiros para desenvolver um sistema eficiente na remoção de sujidades da água, que se proteja o trocador de calor e evitem paradas constantes, tornando possível sua utilização como condensador”, resume a engenheira de vendas da multinacional dinamarquesa, Natália Pires Macedo. “Consultamos fornecedores de sistema de tratamento de água que especificaram o equipamento mais adequado a ser usado e também estão dando suporte aos clientes dispostos a iniciar os testes com o trocador para essa aplicação”, acrescenta a profissional.

A utilização desses trocadores a placas como condensador apresenta, segundo Natália, inúmeras vantagens frente à tecnologia utilizada atualmente, que é o trocador tipo casco-tubo. “Encontramos aí uma grande oportunidade para melhorar o desempenho das máquinas de nossos clientes, uma vez que utilizando o trocador a placas será possível a redução de até 85% do peso do condensador, e aproximadamente 55% da área ocupada por ele, além de apresentar uma significativa redução na carga de refrigerante”, assegura.

Já na Semco, a intensificação no emprego do aço inox é o destaque do momento, tanto nas carcaças quanto nas serpentinas de sua nova linha de condensadores evaporativos e torres de resfriamento.

Atenuadores de ruído para atender as necessidades de clientes localizados em áreas urbanas, onde o nível sonoro deve ser extremamente baixo, são componentes também destacados por Bruno Bolandi.

No portfólio da Trineva, por sua vez, o que faz a diferença hoje é o alcance de novas faixas do mercado, com o evaporador de ar forçado PRN e o forçador industrial FTBI, com motores de 500 milímetros e capacidade de atender aplicações para resfriados e congelados com pé direito acima de 10 metros. “A flecha de ar atinge até 24 metros, então você pode trabalhar em túneis de congelamento, câmaras de armazenamento de congelados e, na linha de resfriados, toda a espécie de instalação de porte industrial”, acentua Alessandro.

Haja espaço

Ao contrário da preocupação que têm com os seus clientes, produzindo para eles equipamentos capazes de ocupar o mínimo possível dos preciosos metros e até centímetros de suas lojas e áreas de operação, os fabricantes de condensadores e evaporadores não têm pensado duas vezes antes de ampliar suas plantas.

Só assim têm conseguido abrigar a contento as novas tecnologias e processos agregados aos seus produtos, bem como equipes de profissionais especializados em cada um dos vários setores envolvidos, desde a fase de projeto até as etapas de montagem final e expedição.

Em São Sebastião do Caí (RS), a Deltafrio oferece um claro exemplo disso no pavilhão recém-anexado ao prédio onde está há 11 anos. A nova construção foi responsável pelo acréscimo de mil metros quadrados aos cerca de 3 mil até então ocupados pela indústria.

Os investimentos para tal ficaram em torno de R$ 1 milhão, e foram aplicados, segundo a empresa, também na implantação de um novo sistema ERP, bem como na aquisição de uma matriz de estampo para aletados e novos dispositivos de medição voltados ao setor de P&D.

Tudo isso está intimamente ligado ao slogan ‘Diferenças que Antecipam o Futuro’, na avaliação de Marcelo Marx, para quem o aumento gradativo na quantidade de lançamentos será um dos efeitos diretos de tantas novidades em curso na empresa.

A Heatcraf é outra força da área que está se preparando para fazer frente aos desafios trazidos pelo crescimento do mercado brasileiro, conforme atestam os mais de R$ 2 milhões aplicados em 2011 na compra de equipamentos voltados ao aumento da capacidade produtiva, assim como à segurança dos seus colaboradores e à redução da sucata gerada em virtude do processo produtivo.

Embora não revele quanto investiu, a Mipal também aumentou há pouco tempo sua capacidade produtiva em exatos 12,8% em relação ao ano passado, por meio de novos equipamentos e a inauguração de um moderno laboratório de testes.

Na Lantery igualmente há novidades no tocante à infraestrutura. A empresa cabreuvense concluiu recentemente um novo espaço exclusivo para a fabricação de evaporadores destinados à refrigeração comercial. São 1000 m² adicionais, com os quais pretende atender os clientes com prazos de entrega cada vez menores e qualidade redobrada, graças ao emprego da tecnologia CMS (Costruzione Macchine Speciali).

A Agraz também optou por conciliar o aumento do espaço físico (de 2.400 para 3.600 m²) à aquisição de tecnologia, uma diretriz com resultados diretos que incluem a criação de novos produtos seriados, no caso forçadores de ar em fase final de desenvolvimento, cujos detalhes a empresa ainda não pode informar.