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Descarbonização da economia passa pelo isolamento térmico

Tecnologia garante conforto, bem-estar e redução de consumo de energia nas construções.

Agora que a economia de energia deixou de ser uma questão puramente técnica para estar na boca de todo mundo, é hora de falar com clareza sobre quais são os elementos que mais podem resultar em consumo menor de energia em edifícios e instalações de refrigeração e ar condicionado. Para atingir isso, uma das chaves é o isolamento térmico.

Atualmente, o mercado dispõe de uma vasta gama de fontes limpas e renováveis – solar, eólica, geotérmica e biomassa – para tornar o consumo energético menos intensivo em carbono. No entanto, sistemas eficientes e mais ecológicos só serão úteis se forem instalados em edifícios bem isolados, uma vez que grande parte da energia gerada é perdida em construções sem isolamento adequado.

Nos ambientes construídos, para se obter um correto isolamento térmico, é preciso dar especial atenção às paredes e ao teto. Ao investir no isolamento de ambos, não se obtém apenas economias significativas de energia, como também se agrega mais conforto e bem-estar para os ocupantes de casas, escritórios e fábricas.

Atualmente, existem muitos materiais que podem ser utilizados para isolar internamente uma construção, como poliuretano (PUR), fibra de vidro, lã mineral, placa de lã de madeira etc.

Segundo os especialistas da área, esses materiais são muito fáceis de serem instalados e podem ser implantados facilmente, gerando benefícios diretos para o bolso e o planeta – afinal de contas, as cidades, onde ficam a maioria absoluta das construções, são responsáveis pelo consumo de 78% da energia mundial e por 60% das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

É por isso que a descarbonização dos edifícios passa pelo isolamento térmico. “A melhor energia é aquela que não é produzida porque não é necessária a sua utilização. Isso significa que a redução da demanda energética através do isolamento térmico também deve ser priorizada”, explica Luis Mateo, diretor da associação espanhola de fabricantes do setor.

Segundo ele, um edifício com um nível ótimo de isolamento “sempre” reduzirá suas necessidades energéticas e, consequentemente, emitirá menos dióxido de carbono ao longo de sua vida útil.

“Dessa forma, o isolamento térmico torna os edifícios mais sustentáveis, melhora a qualidade de vida das pessoas e valoriza as construções”, conclui.

 Qualidade acústica

Com o aumento do trabalho remoto, o isolamento termoacústico também provou-se essencial para a produtividade.

Segundo o engenheiro Gilmar Luiz Pacheco Roth, membro da Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav), embora não existam dados concretos, é possível observar que, desde julho de 2013, quando a Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais (NBR 15575) entrou em vigor, o setor de incorporação passou a pensar na qualidade acústica de seus prédios.

“Um bom isolamento acústico pode servir tanto para residências como ambientes de trabalho e estudo, além de locais corporativos para apresentações e reuniões”, diz.

“A indústria, prontamente, passou a investir no desenvolvimento de materiais acústicos, elementos e sistemas tanto de isolamento, como mantas, quanto na melhor performance de esquadrias e elementos de vedação”, afirma.

Já os construtores, segundo ele, passaram a investir em medições acústicas em obras, para certificação do desempenho das opções escolhidas. Paralelo às ações citadas, consultorias especializadas e ensaios laboratoriais específicos para produzir parâmetros na qualidade acústica dos prédios tiveram um crescimento considerável por solicitação dos construtores.

O especialista explica que o isolamento acústico está diretamente relacionado ao controle de ruído, seja por via estrutural de um prédio ocasionado por vibrações de algum equipamento mecânico, ou ruído aéreo, produzido por inúmeras fontes, móveis ou fixas. Já o conforto acústico é o resultado obtido através do isolamento acústico de um ambiente, e pode ser combinado com o condicionamento acústico, que se refere à qualidade dos sons produzidos num ambiente interno e sua propagação no recinto e cuida do controle do tempo de reverberação (eco).

“A acústica bem projetada de um ambiente para desempenho de atividades laborais é fundamental para a produtividade e bem-estar dos usuários. Acústica e saúde andam juntas, pois uma das vantagens de um ambiente bem projetado acusticamente é a contribuição para melhorar a concentração e a diminuição do estresse, geralmente causado por ruídos excessivos, conversas paralelas, equipamentos ruidosos e outras situações conflitantes de trabalho, muito comuns nos meios corporativos”, acrescenta.

 Cadeia do frio

Muitos produtos, como alimentos e produtos fármacos, por exemplo, precisam ser acondicionados em ambientes refrigerados. O objetivo é que, armazenados por um certo período em um ambiente de temperatura controlada, de acordo com suas necessidades específicas individuais, os itens tenham sua vida útil garantida.

Para isso, atacadistas e varejistas utilizam câmaras frias, que são consideradas um dos equipamentos mais importantes para garantir o isolamento térmico e manter a conservação dos produtos estocados.

Fazer o controle de temperatura das câmaras frias, no entanto, não é tarefa fácil. Formadas por uma série de equipamentos que auxiliam no isolamento do ambiente e impedem a entrada de calor no espaço interno, elas exigem uma verdadeira barreira protetora dos insumos.

“Quando o local sofre com a entrada de calor, é possível que a câmara frigorífica tenha infiltrações que podem causar instabilidades climáticas, por exemplo. Além disso, a falta de vedação das paredes ou portas isolantes e a abertura delas por longos períodos ocasiona a entrada de calor no espaço e pode resultar em um problema sério, como perda dos produtos e aumento de custos. Por essa razão, é importante contar com equipamentos que permitam máxima vedação e o isolamento térmico industrial, como é o caso de uma porta rápida”, comenta Giordania Tavares, diretora-executiva da Rayflex.

Ela explica que, para a montagem de uma câmara frigorífica para estocagem de produtos já resfriados ou congelados, é importante definir o fluxo e o nível de rigorosidade.

“As movimentações que acontecem em uma câmara fria industrial precisam de agilidade. O principal desafio encontrado em locais voltados para o isolamento térmico e que necessitam de uma alta taxa de movimentação é justamente preservar essa temperatura com a abertura e fechamento das portas”, diz a executiva.

E são as portas um dos principais equipamentos dessas câmaras frias. “Geralmente, o acesso a esses locais é feito com o uso de uma empilhadeira ou paleteira. O recomendado é que as portas tenham abertura e fechamento muito rápido ou que não precisem de intervenção humana direta, podendo ser acionadas também por botoeira, puxador, controle remoto e laço de indução. Sem isso, um operador precisará descer da paleteira para fechar a porta”, completa.

No mercado brasileiro, dois tipos de painéis isotérmicos vêm se destacando na utilização em câmaras frias, sendo eles o com núcleo em poliisocianurato (PIR) e o poliestireno expandido (EPS), conforme ressalta o CEO da Dufrio, Guillermo Zanon.

“O PIR é um plástico termofixo, obtido da mesma forma que o PUR, com alguns diferenciais químicos e de composição e que apresenta também excelentes propriedades termoisolantes e mecânicas. Tecnicamente, se diferencia do PUR por apresentar melhor resistência térmica a altas temperaturas. As placas de PIR são compostas de 95% de células fechadas e o restante de abertas”, explica.

“Por conta disso, o PIR não absorve água. Entre as vantagens, apresenta baixo índice de condutibilidade térmica, o que, comparado a outros produtos voltados ao isolamento térmico, é bastante interessante, necessitando de uma espessura menor para ter o mesmo nível de isolamento de outros, ou seja, ele é mais eficiente”, detalha.

Por não ser necessária a utilização de água na sua instalação e nem na produção, é considerado uma construção seca. “Ambas as opções – PIR e EPS – são painéis que chegam prontos para instalação, o que proporciona um canteiro de obras limpo, alta produtividade, livre de entulhos e de desperdício de materiais. Trabalham tanto como revestimento de vedação, quanto estrutural, e, por isso, dispensam chapisco e reboco, diminuindo o peso próprio das edificações”, salienta o executivo, lembrando que a Dufrio fornece essas tecnologias para “vários segmentos, como frigoríficos, abatedouros, logística de alimentos e medicamentos, supermercados, agronegócio e lojas de conveniência, entre outros”.

Outro grande player nacional, a Frigelar também se mantém atenta à evolução e às demandas do segmento. “O isolamento térmico está completamente ligado à eficiência energética, assunto que é pauta e desafio para o mercado brasileiro”, diz o gerente de vendas da divisão industrial da companhia, Eduardo Machado.

“Painéis termoisolantes de alto rendimento são bem-vistos pelos clientes que buscam a excelência em suas operações. A EOS/Frigelar tem fornecido ao setor painéis e portas frigoríficas de altíssima qualidade. As densidades implicam diretamente na barreira de troca de calor e, por esse motivo, temos investido muito nos controles internos. Os encaixes dos painéis, a injeção de portas, a densidade do EPS são requisitos básicos para um maior isolamento”, acrescenta.

Para o gestor, o mercado, principalmente os nichos de armazenagem, transporte e estocagem frigorificados, está em alta. “Indústrias, varejos e comércios estão sendo desafiados a evitarem o desperdício, uma vez que os custos estão cada vez mais altos.

O desperdício por armazenagens inadequadas, por exemplo, ocasiona uma diminuição direta das margens de lucro, muitas vezes impedindo o crescimento dos negócios.”

 Expectativas para 2023

De maneira geral, a indústria brasileira de isolantes termoacústicos está relativamente confiante com relação às perspectivas de negócios para o ano que vem, apesar do cenário bastante recessivo previsto em algumas regiões do mundo.

“O Brasil pode aparecer como uma boa alternativa de investimento estrangeiro, podendo acelerar negócios em 2023, inclusive no segmento da construção, e, por consequência, afetando positivamente o segmento de isolantes térmicos no próximo ano”, avalia o diretor-geral da Armacell, Mansur Haddad.

“É claro que isso dependerá também das definições do próximo governo, e na condição que ele estabeleça uma agenda de responsabilidade fiscal, assim como uma boa base de segurança jurídica aos investidores externos. Acreditamos também que uma parte do bom crescimento encontrado no nosso segmento nos últimos dois anos seguirá ocorrendo em 2023 devido às dinâmicas inércias naturais dos mercados do HVAC-R”, completa.

Segundo o executivo, a Armacell vem trabalhando e investindo constantemente na qualidade de seus produtos, “para oferecer aos nossos clientes soluções de alta performance”.

“Este ano, inauguramos o Centro Tecnológico Armacell (CTA), projetado para realização de testes, concepção e aperfeiçoamento de produtos e materiais, aprimoramento de tecnologias de instalação, desenvolvimento de peças de isolamento pré-fabricadas (fittings), além de possuir infraestrutura para treinamentos on-line e presenciais”, revela.

“O CTA será o eixo central de inovação na América do Sul, ou seja, referência no mercado em isolamentos térmicos na tecnologia de elastoméricos e polietilenos, através da implementação de conceitos como o de joint innovation ou mesmo de inovação aberta”, enfatiza.

A Epex – outro grande nome do setor – pretende se manter firme em seu “propósito de levar produtos de qualidade ao mercado, visando sempre facilitar o dia a dia de revendas e instaladores, mesmo diante do incêndio de grandes proporções que atingiu a empresa em julho”, conforme esclarece a diretora comercial companhia, Juci Crsipim.

“Pensando nisso, seguiremos fornecendo nosso isolamento Tubex Inverter na embalagem Slim (20 barras por pacote), isolamento Tubex Dreno também na embalagem Slim (15 barras por pacote), além da nossa manta protetora de superfícies Protepiso. Cabe igualmente ressaltar a parceria Epex Wincell estará ainda mais forte no próximo ano para o mercado de espuma elastomérica na América Latina”, diz a executiva, ressaltando que as expectativas da empresa para 2023 estão elevadas e agradecendo “imensamente ao mercado de climatização e refrigeração por todo apoio dado à epex” após o incêndio em sua planta.

Quem também está otimista em relação ao desempenho do setor no próximo ano é a Rocktec. “Em 2021, falando em números reais de produtividade, nós tivemos um crescimento de 48% em relação a 2020. Enfim, foi um ano incrível e, por essa razão, difícil de ser superado, mas fomos surpreendidos em 2022, para o qual temos um crescimento previsto de 11,5% sobre 2021. Isso é fantástico”, explica o diretor comercial da empresa, Elias Barbosa.

“A Rocktec vem, nos últimos anos, se destacando no segmento de sistemas de ar condicionado com sua linha de pré-isolados AluPir, referência no Brasil e em outros sete países com bastante força, tanto que ainda no primeiro semestre de 2023 estaremos inaugurando nossa nova sede”, diz.

“Nesse novo local, teremos mais uma máquina de linha contínua e, até final do segundo semestre de 2024, estaremos com três máquinas desse tipo em operação. Com isso, teremos preços ainda mais competitivos para oferecer ao mercado nacional e em alguns outros mais países onde estamos buscando novas parcerias”, antecipa o executivo.

Mesmo sem grandes inovações, sistemas focam em economia de energia

Nas últimas três décadas, processos de recuperação de calor passaram por desenvolvimentos tecnológicos que aumentaram a eficiência com menor consumo energético.

Em busca de alternativas que ajudem a baixar os valores das contas de luz, edifícios comerciais, hospitais, estabelecimentos de ensino, complexos industriais e varejistas – especialmente redes supermercadistas e shoppings centers – têm investido em uma série de soluções energeticamente eficientes e de aplicação variada. Uma dessas opções são os sistemas de recuperação de calor, cada vez mais difundidos no mercado nacional e rompendo certa resistência que se observava há alguns anos entre o empresariado.

Mesmo com este cenário positivo, os equipamentos hoje disponíveis continuam sendo aqueles já tradicionais e conhecidos, conforme afirma o engenheiro Thiago Boroski, coordenador de eficiência energética e contas corporativas da alemã TROX Technik. “Não há um sistema inovador que tenha conquistado destaque, mas sim, desenvolvimentos tecnológicos que aumentaram a eficiência dos sistemas existentes”, pondera.

Mirando somente para o sistema de ar condicionado, os dispositivos de recuperação de calor mais tradicionais são os tanques de termoacumulação de água gelada, as rodas entálpicas, os recuperadores de calor de fluxo cruzado e os módulos de ciclo entálpico.

Segundo o executivo, é necessário destacar também as pequenas unidades de recuperação de calor para baixas vazões de ar, aplicadas em sistemas VRF, que se tornaram uma solução amplamente difundida. “Temos ainda os chillers com módulos de recuperação de calor, aplicados em sistemas com água quente. No entanto, seus ganhos em eficiência energética e consumo elétrico são extrínsecos ao sistema de ar condicionado e demandam uma análise sistêmica de todas as instalações e utilidades”, comenta.

Os carros-chefes da companhia alemã são as unidades de tratamento de ar modulares (UTA), modelo TKZ, as quais foram introduzidas no mercado nacional há cerca de 30 anos, com foco na aplicação em instalações de laboratórios, salas limpas e hospitais. Desde então, informa a multinacional, elas vêm sendo aprimoradas para ampliar seu leque de aplicações.

Atualmente, em virtude de sua flexibilidade de composição de módulos e amplitude de capacidades, as UTAs da empresa são aplicadas em diversos projetos, desde hospitais e salas limpas até shopping centers e edifícios comerciais.

Boroski detalha que os sistemas permitem grau de filtragem desde G4 até H14 e são utilizados em aplicação de serpentinas de resfriamento e aquecimento com emissores UV-C; módulos de resistências elétricas para reaquecimento; baterias de umidificação; módulos de ventilação com ventiladores centrífugos e plenum fan; aplicação de módulos de recuperação de calor por ciclo entálpico; arranjo dos módulos em dois andares para aplicação de roda entálpica ou recuperador de calor de fluxo cruzado.

“Os gabinetes dos módulos são montados com painéis de tamanhos padronizados e aparafusados entre si, proporcionando rigidez extremamente alta ao gabinete. A superfície interna do gabinete é totalmente lisa, facilitando a limpeza do interior do módulo, o que atende às normas internacionais de recomendações sobre higiene e limpeza, tais como DIN 1946 e VDI 6022, além das normas DIN 24194 e DW 143, quanto à exigência de estanqueidade”, explica.

O executivo salienta que todos os painéis são intercambiáveis, e painéis adicionais podem ser acrescidos em caso de reforma, com ampliação de capacidade da máquina e introdução de novos módulos. Os painéis são do tipo sanduíche, construídos em chapa de aço galvanizado, com espessura de 45 mm e isolamento em poliuretano expandido isento de CFC no próprio painel, o que proporciona isolação termoacústica e elevada rigidez mecânica ao conjunto.

“Justamente pela sua concepção modular, as unidades de tratamento de ar, modelo TKZ, passaram a ser aplicadas como solução em sistemas de recuperação de calor, recebendo módulos recuperadores de calor de fluxo cruzado ou módulos com roda entálpica em arranjos de gabinetes de dois andares, ou ainda introduzindo módulos de ciclo entálpico para controle das vazões de retorno e de bypass a montante do módulo de admissão de ar externo”, ressalta Boroski.

De forma indireta, os sistemas de recuperação de calor diminuem expressivamente o consumo de energia elétrica das instalações, por reduzirem a demanda do sistema de ar condicionado, fazendo com que os equipamentos operem em cargas parciais, energeticamente mais eficientes, ou até mesmo entrem em stand by.

“Os ganhos em eficiência energética dependem diretamente do conceito aplicado ao sistema de recuperação de calor e também do seu correto dimensionamento. No entanto, com base nos cálculos estimativos e no histórico de instalações existentes, é possível afirmar que essa faixa é ampla, podendo variar de 15% até 50% em alguns casos específicos”, complementa o engenheiro da TROX.

Um sistema dedicado para tratamento do ar externo (DOAS), com recuperação de calor por roda entálpica ou fluxo cruzado, pode reduzir o consumo elétrico do sistema de ar condicionado em aproximadamente 20%, em função da redução da carga térmica acoplada ao ar externo.

“Essa redução é proporcionalmente maior à medida que for maior a taxa de ar externo, podendo ser um indicativo de aplicações preferenciais em edificações comerciais ou com alta taxa de ocupação. Levando-se em conta que um sistema de ar condicionado chega a ser responsável por 50% do consumo elétrico de um edifício comercial, pode-se falar em uma redução de até 10% no consumo total de energia elétrica”, enfatiza Boroski.

Termoacumulação

Da mesma forma, locais onde são aplicados sistemas de recuperação de calor, como hospitais, clínicas, laboratórios, indústrias alimentícias e de eletrônicos, entre outros, onde há grande circulação de pessoas, também demandam esses processos, inclusive porque existe hoje uma maior preocupação com o grau de filtragem e renovação do ar interno.

A empresária, Patrice Tosi, diretora das Indústrias Tosi, destaca as características de três ramos da economia que se beneficiam direta e indiretamente do processo de refrigeração e de recuperação de calor – empresas farmacêuticas, que fabricam vacinas, ampolas, seringas, cartuchos etc., e necessitam de baixa temperatura; alimentícias, que demandam alto grau de pureza do ar e operam com baixas temperaturas para a manutenção da qualidade dos produtos, desde o início da cadeia de produção até a embalagem e estoque final; e fabricantes de peças injetadas em borracha ou plástico, que precisam de água gelada para manter suas máquinas em pleno funcionamento.

“Além da necessidade de se ter baixas temperaturas em determinados processos, algumas regiões do Brasil demandam ar condicionado em suas produções para evitar perdas em paradas de linhas por excesso de calor gerado pelo clima externo, aliado ao calor dissipado pelas máquinas internas à produção, além de dar maior conforto térmico para os operários”, comenta.

Para Thiago Boroski, coordenador de eficiência energética e contas corporativas da TROX Technik, um sistema de termoacumulação possui características de implementação e operação que devem ser observadas com atenção para que possa entregar os resultados esperados. Em aplicações de alta capacidade térmica e com demandas sazonais, ele pode trazer ganhos no consumo elétrico que chegam até 40%.

“Uma análise superficial de um sistema de termoacumulação dimensionado apenas para operação nos horários de ponta da tarifação energética já permite identificar uma redução de consumo elétrico da ordem de 15%, mesmo sabendo que na prática o sistema opera também para compensação dos picos de carga térmica e alívio da demanda da central de água gelada ao longo do dia, o que já torna essa redução maior”, completa.

Saiba como funciona um sistema de recuperação de calor

O sistema de recuperação de calor aplicado ao sistema de ar condicionado se baseia no princípio termodinâmico fundamental da conservação da energia armazenada em um fluido, que acaba por ser transferida para outro fluido, através de gradientes de energia térmica estabelecidos por diferenciais de temperatura e umidade absoluta entre eles.

Nas aplicações em que a recuperação de calor é justaposta no lado do ar, em rodas entálpicas e recuperadores de calor por fluxo cruzado, o fluxo de ar exaurido do ambiente carrega uma energia térmica por já ter passado pelo resfriamento no condicionador, garantindo um diferencial de temperatura em relação ao ar exterior que está sendo introduzido no ambiente.

No momento em que esses dois fluxos de ar passam pelo recuperador em sentidos opostos, esse diferencial de temperatura estabelece um gradiente de energia térmica que leva à condição de equilíbrio de entalpias. Em outras palavras, ocorre a troca de calor entre os fluxos de ar de exaustão e ar externo até o máximo de energia térmica permitido pelo diferencial de temperatura inicial. Assim, como resultado, o ar mais quente tem sua temperatura reduzida antes de ser introduzido no condicionador, o que colabora com a redução da demanda térmica intrínseca ao ar externo.

No caso de sistemas de termoacumulação, a recuperação de energia se dá pela utilização de um volume de água gelada que foi carregado de energia térmica em um momento de baixa demanda térmica da instalação e fora do horário de pico da tarifação energética, tendo sido conservado em um tanque termicamente isolado.

Assim, toda essa energia térmica aplicada ao volume de água se mantém até o momento em que é reintroduzida no sistema para trocar calor nas serpentinas dos condicionadores de ar. Neste caso, a conservação da energia térmica se dá não pela transferência entre dois fluxos de fluido, mas pela utilização de um volume de fluido como estoque mantido em condições termicamente isoladas.

Analisando-se de forma mais ampla, de um ponto de vista sistêmico, é possível ainda afirmar que a energia térmica conservada na água gelada acaba, por fim, sendo recuperada pelo volume de ar que passa pelas serpentinas dos condicionadores, quando se efetiva a troca de calor entre os dois fluidos.

Por que os projetistas devem escolher isolantes de qualidade?

Os engenheiros projetistas de refrigeração, ar condicionado, ventilação e aquecimento (HVAC-R) têm diferentes áreas de foco.

Entretanto, na construção de edifícios e de suas instalações eletromecânicas, um dos componentes mais importantes é, sem sombra de dúvida, um isolamento termoacústico de qualidade.

Em síntese, o isolamento é o processo de barrar o calor, o som ou a eletricidade. De forma geral, ele ajuda a impedir o fluxo de ar das áreas mais quentes para as mais frescas através de paredes, tetos, telhados e outras superfícies.

Enfim, o principal objetivo da tecnologia é ajudar a evitar que o ar exterior entre no prédio e o ar interior, condicionado, escape.

Nos edifícios, a ideia é criar um “envelope de construção”, o que significa que vários tipos de isolamento podem ser usados em qualquer área.

Segundo especialistas do setor, todo o produto isolante é avaliado com base em uma medida da resistência do material ao calor, que é comumente conhecido como valor R.

Quanto maior este índice, mais eficaz será o isolamento. Por isso, quanto mais resistência ao fluxo de calor o produto ou sistema HVAC-R fornecer em isolamento, menores serão os custos de aquecimento e resfriamento.

Mas, além das considerações de custo, a instalação do isolamento adequado e de qualidade nos prédios tem, essencialmente, três áreas-chaves importantes: eficiência energética, conforto humano e insonorização.

Segundo o engenheiro de aplicação e desenvolvimento de produto da Armacell, Antonio Borsatti, a resistência ao fluxo de calor está diretamente relacionada à condutividade e à espessura do material isolante.

projetistas instalam termoisolante

Resistência ao fluxo de calor está diretamente relacionada à condutividade e
espessura do material termoisolante

“Como a condutividade térmica dos materiais é parecida, apenas com pequenos ajustes na espessura do material é possível obter a mesma resistência”, diz.

Outra característica importante na aplicação de isolamentos em baixas temperaturas é a resistência à difusão de vapor d’água para isolamento a frio, que é muito diferente entre os materiais disponíveis no mercado.

“Produtos que apresentam deficiência na absorção de umidade vão impactar na eficiência da condutividade térmica do empreendimento”, alerta.

Borsatti lembra que o uso de ar-condicionado em edificações comerciais e industriais (aeroportos, hospitais, hotéis, shopping centers, indústrias etc.) pode representar de 30% a 70% do consumo de energia, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do País.

“Sistemas de alta eficiência podem economizar até mais do que 30% em relação a sistemas operando em más condições e com equipamentos e materiais deteriorados”, informa.

De acordo com ele, as linhas de isolantes térmicos Armaflex e Armaduct têm como característica a alta resistência à difusão de vapor e d’água, evitando que os materiais encharquem.

“Alguns produtos como o AF/Armaflex também possuem a tecnologia antimicrobiana Microban, aumentando ainda mais a durabilidade do sistema de isolamento”, revela.

Ele também alerta que os projetistas devem avaliar a aplicação de materiais feitos em fábrica, caso do isolamento Armaflex, e os que são preparados in loco.

“A produção do Armaflex é realizada em condições adequadas, atendendo a todos os requisitos necessários que garantem a qualidade final do produto. Já para o material preparado no ambiente da obra, não se tem os instrumentos necessários para fazer esse controle de qualidade, comprometendo o fluxo de condutividade térmica”, diz.

“Isolamentos térmicos mal dimensionados, mal instalados ou feitos com materiais de características ruins permitirão trocas de calor em elementos do sistema onde isso não deve ocorrer, como em tubulações, dutos de ar e tanques de termoacumulação”, completa.

Em sua avaliação, um sistema de isolamento térmico corretamente projetado e instalado envolve muito mais que somente a escolha de um material isolante.

“É fundamental que o profissional faça uma boa análise de todas as características do produto, que possam assegurar o benefício da economia de energia, de forma efetiva ao longo do tempo de operação da instalação”, aconselha.

Outras variáveis

Para o diretor comercial da Isar, Rafael Siais Furtado, os projetistas devem considerar a durabilidade do projeto, “apropriando-se sempre da responsabilidade sustentável e buscando utilizar os melhores materiais, de acordo com as especificações de cada caso”.

Além do coeficiente de condutividade térmica e da resistência ao fogo, os profissionais devem levar em consideração, segundo ele, a posição geográfica da edificação, o revelo onde ela se encontra, a temperatura média do ambiente, o nível de umidade do ar, os níveis de radiação solar, o tipo de material e também a posição do prédio em relação a outros edifícios.

projetistas utilizam isolante térmico

Atendimento às normas técnicas e à legislação vigente é critério
para ser avaliado antes da aplicação de isolantes térmicos

Furtado lembra que os materiais mais resistentes ao fluxo de calor disponíveis no mercado brasileiro para aplicações em residências, edifícios comerciais e fábricas, assim como em seus sistemas de climatização e refrigeração, são as lãs de vidro e de rocha, a espuma elastomérica e o poliuretano.

Segundo ele, o poliuretano oferece diversas vantagens, como prazo de execução reduzido, baixa condutividade, evita infiltrações de água, corrige as existentes e previne o destelhamento causado por ventanias.

“Este material também resolve o problema de condensação na superfície isolada e ajuda na economia de energia em processos de refrigeração ou aquecimento”, diz.

Os produtos desenvolvidos pela Dow e seus parceiros são feitos de espumas de poliuretano e de poliisocianurato, e podem ser utilizados em diversas aplicações.

Para a indústria do frio, um dos últimos lançamentos da marca é o sistema de poliuretano Pascal PRO, uma tecnologia que promove diversos benefícios, como maior produtividade, redução de custo e eficiência energética.

“Sua condutividade térmica é até 5% menor (comparada aos sistemas atuais de isolamento de poliuretano) e o material pode ser expandido com produtos mais ecológicos, incluindo hidrofluorcarbonetos, água, hidrocarbonetos e hidrofluorolefinas”, informa Marcelo Fiszner, diretor de marketing da Dow para o negócio de poliuretano na América Latina.

Para o mercado de construção, a indústria oferece sistemas de poliisocianurato Voratherm, que atendem às normativas mais rígidas de resistência e reação ao fogo, oferendo diversas oportunidades para os fabricantes de painéis rígidos e de outros tipos de termoisolantes para a construção.

Segundo a empresa, eles podem ser empregados em edificações comerciais, residenciais, industriais, de logística, e shopping, supermercados, entre outros.

projetistas aplicam poliuretano no telhado

Aplicado sobre telhados e lajes, spray de poliuretano é um isolante térmico que
reduz a temperatura ambiente no interior do imóvel

“A utilização dos painéis oferece excelente isolamento térmico (baixo coeficiente de condutividade térmica, na faixa de 0,021 W/m.K). Além de otimizar a eficiência energética e o conforto térmico das edificações, têm alta resistência mecânica (compressão, tração e fadiga) e possuem estabilidade química e física”, informa Fiszner.

Uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) mostra que, com a utilização de painéis de poliuretano e de poliisocianurato para a construção civil, a redução no consumo de energia pode chegar a 5% em um edifício de escritório, 15% em um edifício público e 21% em um galpão industrial.

“Ainda existe um grande preconceito quanto ao uso de materiais isolantes com relação ao custo”, avalia o executivo.

“As empresas/clientes enxergam apenas o custo inicial para a implementação de painéis termoisolantes, que aumenta de 5% a 7% em relação a um projeto que utiliza materiais tradicionais, e não fazem o cálculo da economia de médio e longo prazo, gerada pelo menor uso com ar condicionado ou aquecimento”, explica.

“Há muitos projetos realizados com excelentes resultados. No entanto, o mercado de construção brasileiro ainda faz pouco isolamento e temos trabalhado para difundir os benefícios que essa etapa pode trazer”, acrescenta.

Para o coordenador técnico comercial da Isover, Fernando Neves, os projetistas precisam analisar se o isolante termoacústico atende aos pré-requisitos previstos em normas técnicas e legislações brasileiras vigentes.

“Como diferencial, vale levar em consideração se o fabricante é certificado por ISOs, se participa de programas setoriais da qualidade e dispõe de EPDs (Environmental Product Declarations)”, orienta.

Para edificações que serão submetidas a certificações, a Isover do Brasil já dispõe de EPDs para pelo menos cinco produtos do seu portfólio.

Segundo o gerente técnico e de marketing da empresa, Rodrigo Ratão, os materiais fibrosos são produtos com uma excelente performance em aplicações residenciais, comerciais e industriais, tendo uma variedade de densidades e espessuras, resultando em uma resistência térmica de elevado desempenho, tendo produtos para aplicação em ambientes refrigerados com a resistência térmica em até 2,60m² ºC/W.

“A lã de vidro da Isover é um exemplo para essa aplicação, sendo atualmente o único isolamento térmico e acústico que possui a Declaração Ambiental para o LEED V4 (EPD), além ser um produto com a sua sustentabilidade comprovada, que proporciona elevada segurança em situações de incêndio por não emitir fumaça tóxica, nem gotejar e possuir a classificação de incombustível ou classe A (NBR 9442) para produtos revestidos”, salienta.

Para Ricardo Romero, do departamento de marketing da Joongbo, a toxicidade e a opacidade da fumaça no caso de autoextinção por chama (vide o famigerado caso da boate Kiss), que pode ser letalmente asfixiante e/ou gerar desorientação se atrapalhar a visão, em caso de pânico, é uma das variáveis mais importantes a ser analisadas pelos projetistas.

A permeabilidade do material, prossegue, também é importante, “uma vez que o material esteja exposto à condensação, o acúmulo de água pode proporcionar ambiente propício à proliferação de fungos e bactérias no isolante, causa de muitas mortes no mundo todo.”

“Materiais nos quais se concentra água, como poliuretano e alguns isolantes fibrosos, não são recomendados para aplicações como sistemas de ar condicionado, por exemplo”, destaca.

projetistas isolam telhado edifício

Isolantes ajudam a reduzir a conta de energia e aumentam o conforto térmico nos edifícios

De acordo com ele, a biodegradabilidade e sua reciclabilidade também são muito importantes, não só devido ao fato de conferir um selo verde à obra ou uma certificação ISO, mas também pelo ciclo de vida desse material e o impacto econômico que este gera.

“Em demolições e retrofits sempre é descartado um volume considerável destes materiais e nem sempre é dado o destino mais adequado. Veja, por exemplo, que há isolantes fabricados a partir de material fóssil ou mineral. Que sejam recicláveis ao menos! É importante rastrear a procedência do fabricante no tocante a essas questões”, afirma.

Em alguns casos, é necessário se atentar às propriedades mecânicas do material, como resistência à compressão, deformação e fluência – efeitos de falha gerados por cargas ao longo do tempo.

“Note que um isolante térmico do tipo piso flutuante, colocado entre lajes, recebe bastante peso, que gera deformação por compressão, variando sua espessura e, possivelmente, sua densidade”, diz.

Por último, Romero ressalta que os projetistas também devem levar em conta alguns efeitos alergênicos inerentes aos materiais fibrosos.