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Posição atual do Brasil no engajamento climático

Instituições, órgãos governamentais, ONGs e organizações da sociedade civil têm desempenhado um papel fundamental na conscientização sobre a importância da eficiência energética e do uso de tecnologias sustentáveis no setor de HVAC-R.

Segundo especialistas, o Brasil está em um momento de transição para uma economia de baixo carbono, e o setor de HVAC-R desempenha um papel fundamental nessa jornada. O envolvimento ativo de instituições, ONGs, parcerias empresariais e colaborações é essencial para impulsionar a adoção de práticas mais sustentáveis e mitigar os impactos das mudanças climáticas no país. Desafios envolvem modernização tecnológica do setor de HVAC-R para torná-lo mais eficiente e sustentável, redução das emissões de gases de efeito estufa associadas à operação desses sistemas, bem como a adaptação às mudanças climáticas para lidar com temperaturas extremas.

“O setor de HVAC-R, em especial o setor de Refrigeração e Ar-Condicionado (RAC), tem um papel-chave na mitigação das mudanças climáticas. Um estudo recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) aponta que medidas-chave do setor de HVAC-R pode reduzir as emissões em pelo menos 60% até 2050. Países do G20 (Fórum de Cooperação Econômica Internacional) representam 73% do potencial de redução de emissões de gases de efeito estufa por equipamentos de refrigeração e climatização. Por isso, as ações desenvolvidas no Brasil em relação às metas do Protocolo de Montreal e da Emenda de Kigali, com foco neste setor, são tão importantes. Em 2023, o Protocolo de Montreal completou 36 anos, representando um sucesso enorme da humanidade no enfrentamento de uma das maiores ameaças de todos os tempos: o esgotamento da Camada de Ozônio do planeta. Este acordo visa a proteção desse importante gás, o ozônio, que filtra os raios solares prejudiciais aos seres vivos na Terra. No Brasil, o fortalecimento do setor produtivo e os benefícios ambientais para a população estão entre os resultados atingidos pelo governo federal. O país já reduziu em cerca de 56% do consumo de HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), uma das principais Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (SDOs), encontradas em produtos como refrigeradores, aparelhos de ar-condicionado e espumas em geral” informa Stefanie von Heinemann, consultora e gerente de projetos da Agência de Cooperação Alemã – Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).

Stefanie von Heinemann, consultora e gerente de projetos da Agência de Cooperação Alemã (GIZ)

Ela complementa que o PBH – Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e tem o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) como a instituição responsável pelo controle da importação, exportação, comércio, uso, destruição, recolhimento, reciclagem e regeneração das substâncias que destroem a Camada de Ozônio. Além da GIZ, as agências Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (agência líder) e da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) também são implementadoras de diversos projetos que compõem o PBH.

A implementação dessas ações e planos exige uma abordagem colaborativa envolvendo todos os stakeholders, incluindo fabricantes, consumidores, governos e organizações não governamentais. Além disso, a participação ativa do Brasil nas iniciativas e acordos internacionais que visam reduzir o impacto climático do setor de refrigeração e ar condicionado, contribui para os esforços de mitigação das mudanças climáticas no país e em todo o mundo.

Thiago Pietrobon, presidente do Depto Nacional de Meio Ambiente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), informa que no Brasil existem hoje duas regulações vigentes, uma voltada aos fluidos refrigerantes HCFCs e outra para os HFCs (hidrofluorcarbonetos), desenvolvido no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) com implementação em todo o país, que resultam em reduções de emissões, além de outros programas voltados a implementação da mudança necessária.

Thiago Pietrobon, presidente do Depto Nacional de Meio Ambiente da ABRAVA

“Adicionalmente, podemos citar acordos, como na última COP 2024 (Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), firmando metas e cooperação para melhorar a eficiência energética no setor, associados à mudança de gases. Dentro dos programas brasileiros de eliminação destes gases, sempre houve um modulo de capacitação e educação. E na etapa III do PBH não será diferente, pois está previsto desde assistência técnica para as áreas como a realização de mais de 1300 cursos, atingindo 13.000 profissionais da área. Os benefícios serão sentidos diretamente pela sociedade, ao reduzir a demanda de energia necessária no funcionamento, melhorando a disponibilidade e acessibilidade, uma vez que se trata de atividade essencial, especialmente em tempo de mudanças climáticas. E indiretamente, há uma grande contribuição na redução das mudanças, pois os estudos indicam que só a Emenda de Kigali será capaz de evitar a elevação de mais 0,5°C, importantíssimo dentro de um cenário onde se busca uma elevação máxima de 1,5°C na temperatura média do plano”.

Pietrobon acrescenta ainda que as mudanças do clima, em especial os eventos de temperaturas extremas mais frequentes, tem trazido desafios aos sistemas, além de estar aumentando a demanda por eles. Além do desafio técnico de operação em ambientes extremos (talvez até fora da condição para a qual foram projetados), há ainda o impacto que causam no setor elétrico, tornando evidente a necessidade de avançarmos na eficiência energética e a maior atenção ao final do ciclo de vida destes equipamentos, garantindo o correto recolhimento dos gases e eliminação do potencial de contribuição para o problema.

Planos, ações e parcerias

Além de difundir as boas práticas nos diversos cursos ofertados, desde pós graduação, curso técnico, curso de aprendizagem industrial e cursos de curta duração, a parceria que o SENAI-SP, por meio da Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves com a Agência de Cooperação Alemã (GIZ) por meio dessa ação, no ano de 2023 formou mais de 1.500 alunos no curso de Boas Práticas em Condicionadores de Ar Compacto e Split que visa capacitar profissionais que atuam no setor do HVAC-R com técnicas que objetivam a redução de emissão de vazamentos de fluidos refrigerantes.

João Manoel Carvalho, orientador de prática profissional da Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves

“O SENAI-SP tem a missão de contribuir para o aumento da competitividade da indústria por meio de ações de educação profissional, tecnologia, inovação e empreendedorismo industrial. A Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves, alinhada a missão do SENAI-SP e as diretrizes do PBH, realiza diversos tipos de cursos e dissemina amplamente a aplicação das boas práticas e de procedimentos técnicos de instalação e manutenção nos equipamentos de refrigeração e climatização. Observamos a grande preocupação do setor de HVAC-R por optar na seleção de equipamentos e de tecnologias aplicadas, buscando obter a melhor performance energética, contribuindo para o processo de descarbonização, além de utilizar boas práticas, evitando vazamentos de fluidos frigoríficos nos sistemas de refrigeração para a atmosfera. A unidade encara as ações climáticas bem como o atendimento as legislações e normas como questões essenciais em nossos cursos. Os temas estão alinhados com os conhecimentos e capacidades técnicas que são mobilizadas pelos alunos, em nossos programas. O hábito, atitude e o valor são incorporados pelo aluno. As agendas mais conhecidas na qual o setor de HVAC-R está inserido são os protocolos de Montreal e de Kyoto, o acordo de Paris, a emenda de Kigali e, em nível nacional, o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFC (PBH). Esses temas são tratados pela Escola em parceria com a ABRAVA, SINDRATAR-SP e empresas parceiras, além de diversos eventos, como a FEBRAVA 2023, Encontro de Inverno para Jovens Profissionais do AVAC-R e Semana Tecnológica. Observamos ainda que, nos últimos anos, o setor atende as boas práticas relacionadas ao conforto térmico, a melhoria de performance energética, ao meio ambiente, a pegada de carbono, a descarbonização, e está consciente que os sistemas de HVAC-R focam principalmente a saúde das pessoas”, diz João Manoel Delcidio Carvalho, Orientador de Prática Profissional da Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves, especializada em Refrigeração e climatização.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), em parceria com a GIZ e a Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves formaram a primeira turma feminina no Brasil do curso de Boas Práticas em Condicionadores de Ar Compacto e Split, que tem como ênfase a melhor contenção dos vazamentos de fluidos refrigerantes. A 1ª turma exclusivamente feminina deste curso, contou com 12 alunas e teve como docente, Bianca Menezes de Carvalho Alves, engenheira mecânica que concluiu os cursos de aprendizagem industrial, técnico e pós-graduação da área de refrigeração e climatização, na Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves. A iniciativa desta 1ª turma de mulheres contou com o apoio do Comitê de Mulheres da ABRAVA, que tem como objetivo abrir ainda mais espaço para as mulheres que desejam atuar no setor.

Por meio do PBH, ao longo das Etapas I e II, com a implementação da GIZ, ocorreram diversos resultados positivos, como por exemplo, mais de 15 mil técnicos/as foram capacitados/as em cursos de boas práticas gratuitos sobre instalação, manutenção e reparo de sistemas de refrigeração comercial e ar condicionado de pequeno porte. Somente em 2023, foram mais de 2 mil técnicos/as capacitados/as. O objetivo destes treinamentos é evitar/eliminar vazamentos de fluidos refrigerantes e aperfeiçoar a atuação dos profissionais que prestam serviços em estabelecimentos comerciais. O projeto para o Setor de Serviços, implementado pela GIZ, sob coordenação do MMA, ainda prevê a capacitação de 1 mil profissionais para o uso seguro e eficiente dos fluidos naturais alternativos, tais como CO2 e HC-290, que não prejudicam a Camada de Ozônio e apresentam insignificante potencial de aquecimento global.

Essas capacitações estão previstas para serem iniciadas no segundo semestre de 2024. Elas contarão com a criação de toda infraestrutura necessária, incluindo a aquisição de equipamentos, ferramentas e material didático, desenvolvido exclusivamente para os cursos. Para tanto, estão sendo implantados no Brasil dois centros educacionais (no modelo de mini supermercados) para a capacitação de 300 pessoas para o setor de refrigeração comercial (SENAI – Rio de Janeiro, RJ e ETP – Curitiba, PR) e cinco centros para a capacitação de 700 pessoas para o setor de ar condicionado (Escola Sesi Senai Toledo, em Toledo (PR); Escola Senai Oscar Rodrigues Alves, em São Paulo (SP); Escola Sesi Senai Jardim Colorado, em Goiânia (GO); Senai Centro de Excelência em Educação e Tecnologia Sebastião Camargo, em Porto Velho (RO), e o Centro de Tecnologias do Gás & Energias Renováveis (CTGAS-ER), em Natal (RN).

“No caso do nosso projeto, no âmbito do PBH, um ponto forte envolve parcerias criadas com escolas técnicas em todo o Brasil, em 17 estados, para ministrarem os cursos desenvolvidos pelo programa, entre elas o Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rondônia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins além do Distrito Federal. Os trabalhos ainda envolvem a criação e divulgação de materiais de comunicação/conscientização como vídeos informativos e publicações técnicas. Além de todo o trabalho já citado, no âmbito do Protocolo de Montreal, um dos grandes desafios para o Brasil está no cumprimento das metas da Emenda de Kigali. Ainda há muito para fazer, o planeta está esquentando, o que aumenta a necessidade de climatização em residências, escolas e locais de trabalho. Ao mesmo tempo, a expansão do acesso dos países à cadeia de frio sustentável – para manter os alimentos frescos e as vacinas viáveis – é essencial para satisfazer as aspirações de desenvolvimento sustentável. Ao reduzir gradualmente o consumo de hidrofluorcarbonos (HFCs), poderosos gases que contribuem para o aquecimento climático e que substituíram as SDOs na indústria de refrigeração e ar condicionado, a Emenda de Kigali poderá resultar na prevenção de um aquecimento de até 0,5°C até 2100. Em 2023, o Brasil internalizou a Emenda de Kigali à legislação nacional por meio do Decreto 11.666, 24 de agosto de 2023, e realizou Consulta Pública sobre a proposta de Instrução Normativa que regulamenta as exigências e os procedimentos relacionados ao controle de importação de HFCs e misturas contendo HFC. A norma também irá estabelecer os limites anuais máximos de importação, em atendimento à Emenda de Kigali. No momento, o governo brasileiro, com apoio das agências implementadoras, como a GIZ, está elaborando a Estratégia Geral para a implementação da Etapa I Emenda de Kigali no país. Esta estratégia será trabalhada ao longo dos anos de 2024 e 2025 e a implementação deve ocorrer de 2026 e a 2029”, destaca Stefanie.

Estratégias e impactos positivos

Em termos de agenda futura, a GIZ está trabalhando, sob a coordenação do MMA, na Etapa III do PBH (consulta pública realizada no final de 2023), na qual o Brasil irá buscar financiamento junto ao Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal para eliminar o consumo de cerca de 6,4 mil toneladas métricas de HCFCs. Entretanto, para alcançar a meta de eliminar o consumo dos HCFCs em relação à linha de base do país até 2030, o país irá eliminar o consumo de cerca de 2,9 mil toneladas métricas de HCFCs como contrapartida aos recursos a serem recebidos.

Stefanie pontua a estratégia da Etapa III, no geral (com implementação pela GIZ e outras agências implementadoras internacionais), que envolve:

– Conservação do banco de HCFCs no país, seja regenerando, reciclando ou evitando o vazamento dos fluidos refrigerantes, no sentido de manter estoque e evitar a substituição antecipada por substâncias de alto Potencial de Aquecimento Global (sigla GWP, em inglês Global Warming Potential);

– Promoção do uso seguro e eficiente de fluidos refrigerantes alternativos de zero PDO (Potencial de Destruição da Camada de Ozônio) e baixo GWP e que proporcionem maior eficiência energética;

– Implantação de treinamentos de diferentes níveis de profissionais que atuam no setor de serviços, nos subsetores de Refrigeração e Ar Condicionado;

– Prestação de assistência técnica para a execução de projetos demonstrativos, que possuem potencial de serem reproduzidos nos subsetores abordados, evitando assim as conversões transitórias.

No caso da GIZ, destaca-se que, além da continuidade dos treinamentos de profissionais em todo o Brasil, também está previsto um projeto de Certificação de Profissionais do setor RAC, com engajamento das entidades do setor e as escolas parceiras.

“O nosso trabalho, pela GIZ, no âmbito do PBH, traz resultados muito consistentes como já citado anteriormente (questão 2), com centenas de cursos e milhares de técnicos/as de refrigeração capacitados. São profissionais que mudam suas vidas e evoluem em suas carreiras após realizarem os treinamentos de Boas Práticas em Refrigeração e Ar Condicionado do PBH. Mas, posso enfatizar que o principal resultado, que faz a diferença para o meio ambiente, é a consistente eliminação de vazamentos de HCFCs e redução no consumo deste fluido no país. Aproveito para destacar que, recentemente houve um encontro em Brasília que teve como objetivo principal dar início à fase preparatória que estabelece as bases para a elaboração da estratégia abrangente que guiará a redução do consumo dos Hidrofluorcarbonos (HFCs) no Brasil, como define a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, ratificada pelo Brasil em outubro de 2022”, esclarece Stefanie.

Já o presidente do DN de Meio Ambiente da ABRAVA, acrescenta que por muito tempo, as ações e soluções estiveram pautadas apenas na escolha de um fluido refrigerante de menor GWP, e isso continua na pauta, mas não pode ser mais a única medida. “A redução de vazamentos se tornou, mundialmente, um forte ponto de atenção, pois o gás só traz problemas se vazar e estamos trabalhando nisso com resultados positivos. E uma visão mais sistêmica, que considera o gás, o projeto, a operação/manutenção e a eficiência energética, tem sido o caminho com o melhor custo-benefício tanto econômico, quanto ambiental, além do acesso a informação, facilitando a tomada de decisão do consumidor, assim como cria um ambiente de competição saudável pela busca de equipamentos com melhores atributos e a eficiência energética é um deles. Os programas de certificação seguem aumentando e se adequando aos novos parâmetros, em um processo de melhoria contínua”, conclui Pietrobon.

Conectando mulheres do setor de HVAC-R

Plataformas e iniciativas empresariais abrem caminhos para que mais mulheres ingressem e prosperem em um setor tradicionalmente dominado por homens.

Nas últimas décadas, houve uma crescente conscientização global sobre a importância da equidade de gênero em todos os setores da sociedade, alcançando o mercado de HVAC-R no Brasil há aproximadamente cinco anos. O empoderamento feminino no setor de HVAC-R tem ganhado força nos últimos anos, impulsionado significativamente pelas redes sociais e grupos empresariais focados em promover a inclusão e a diversidade.

Neste cenário, as plataformas digitais tornaram-se ferramentas significativas para conectar mulheres no setor de HVAC-R, permitindo a troca de experiências, conhecimentos e oportunidades. Grupos no WhatsApp, Facebook, LinkedIn, e Instagram, além de canais no YouTube dedicados ao tema, têm proliferado, oferecendo oportunidades para discussão, aprendizado e suporte mútuo, permitindo compartilhar suas histórias de sucesso, desafios superados, experiências profissionais e pessoais, inspirando outras a perseguirem suas carreiras no setor.

“Vejo muitos avanços através de eventos e movimentos para discutirmos o tema, como o Grupo Elas no AVAC-R e o Comitê de Mulheres da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), atualmente os mais representativos em nosso setor”, revela Graciele Davince, empresária, mentora da Rede Mulher Empreendedora e diretora da Eletrofrigor.

“Muitas mulheres começam a empreender em nosso segmento como parceiras de maridos profissionais. Os grupos que vêm sendo formados e os inúmeros eventos promovidos tem gerado senso de pertencimento e mais segurança, como também a busca por qualificação técnica e em gestão, e consequentemente, ao longo do tempo, esses movimentos geram também melhor qualidade de vida para ela e sua família. Fico feliz em pode viver esse momento de tanta transformação para todas nós, mulheres, e poder ouvir relatos em muitas conversas de avanços, e numa pequena porção, poder inspirar mais e mais mulheres a buscarem seu espaço em qualquer segmento. Sabemos que o caminho é longo, no entanto, vejo grandes avanços nos últimos anos, alavancados pelos movimentos femininos que dão visibilidade ao tema, pela questão da diversidade estar em evidência, além dos indicadores do sucesso da produtividade e do bom resultado em empresas que tem a mulher e a diversidade em seus quadros. A pandemia trouxe à tona grandes desafios para as mulheres que são mães, e nesse campo é necessário criar iniciativas públicas, com alcance em massa, que possam acolher as crianças em período escolar, num ambiente educativo de qualidade e segurança, para que mais mulheres tenham acesso ao trabalho, benefícios esses não só para o mercado de HVAC-R”, acrescenta Graciele.

Graciele Davince, mentora da Rede Mulher Empreendedora e diretora da Eletrofrigor

Neste contexto, as redes sociais facilitaram a mentoria e o networking entre mulheres, desde estudantes que buscam orientação até profissionais experientes dispostas a compartilhar seus conhecimentos.

Movimentos expressivos de dois grupos do setor, como o Comitê de Mulheres da Abrava e o Grupo Elas no AVAC-R, chamam a atenção com iniciativas específicas para capacitar mulheres em habilidades técnicas e de liderança, preparando-as para cargos de responsabilidade.

“O fato de o tema equidade de gênero estar entre os ODSs (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) que compõe a Agenda 2030, proposto pela ONU (Organização das Nações Unidas) e firmado por diversos países – entre eles o Brasil, seguramente fortaleceu as ações relacionadas a ele, trazendo as discussões para fóruns de maior importância e representatividade. O setor HVAC-R, assim como diversos setores da economia brasileira e mundial, vem se esforçando para tratar o tema da equidade de gênero com ações mais efetivas do que no passado, quando já se falava sobre o assunto, mas nenhuma atitude era tomada em relação a ele. Considero que, especificamente em nosso setor, este movimento vem ganhando força desde 2018, quando pela primeira vez em uma premiação do setor as mulheres deixaram de ser apenas homenageadas e passaram a ser indicadas aos prêmios – podendo mostrar que estavam qualificadas e preparadas para integrar o grupo dos profissionais de referência do nosso setor. Desde este acontecimento, muitos movimentos liderados por mulheres se formaram e as ações em prol do tema só aumentaram. Posso dizer que a evolução não é na velocidade que eu gostaria, mas ela está sendo construída de maneira sólida em nosso setor, que para mim é o que fará a diferença no futuro, não pode ser apenas ‘modinha’ se queremos um cenário diferente lá na frente. Acredito que as ações acabaram sendo muito impactadas com a pandemia da Covid, não só impedindo a evolução do tema, mas em alguns casos, como podemos ver em dados estatísticos disponíveis, houve retrocessos, um triste exemplo disso é o aumento da violência doméstica. Felizmente, acredito que as ações estão de volta ao seu curso normal, e que com o trabalho e a união de mulheres e homens, em prol deste assunto tão importante para o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade, teremos uma realidade diferente num futuro próximo”, diz Priscila Baioco, presidente do Comitê de Mulheres da Abrava.

Idealizado e encabeçado por Carmosinda Santos, o Grupo Elas no AVAC-R, representa uma iniciativa pioneira e inspiradora focada no empoderamento feminino dentro do setor, surgindo como plataformas de apoio, networking, desenvolvimento profissional e promoção da inclusão e diversidade na indústria.

“O Grupo Elas no AVAC-R e iniciativas semelhantes desempenham um papel na transformação do setor, tornando-o mais inclusivo e diversificado. Ao oferecer apoio, recursos e uma voz para mulheres do setor, esses grupos não apenas empoderam as participantes, mas também indicam caminhos para uma indústria mais inovadora e resiliente. A presença e o sucesso de tais grupos evidenciam uma mudança positiva, refletindo um futuro no qual o gênero não define a capacidade profissional ou as oportunidades de carreira. O Elas no AVAC-R foi criado com a intenção de promover um ambiente inclusivo e acolhedor para mulheres no nosso setor, incentivando-as a seguir carreiras técnicas e de engenharia, além de facilitar o networking entre essas profissionais, desde estudantes a cargos expressivos, como também, oferecer oportunidades de mentoria para o desenvolvimento de carreira”, afirma Carmosinda.

Carmosinda Santos, idealizadora do Grupo Elas no AVAC-R

Esforços e ações

Os esforços para promover o empoderamento feminino no HVAC-R têm contribuído para aumentar a representação feminina no setor, embora ainda haja um longo caminho a percorrer. As mulheres que atuam na área relatam uma maior sensação de pertencimento e reconhecimento, além de uma mudança gradual nos ambientes de trabalho, que estão se tornando mais inclusivos e receptivos à diversidade.

“Considero que mapear as mulheres do setor, identificando quais eram suas necessidades e seus anseios profissionais, tenha sido uma das ações mais importantes, pois a partir disso, conseguimos desenhar no Comitê de Mulheres da Abrava, todos os planos e iniciativas construindo um calendário de atividades que efetivamente pudesse contribuir com o desenvolvimento profissional e pessoal destas mulheres. Com um projeto sólido, obtivemos apoio de outras entidades do setor e também, entidades e sindicatos em sinergias com HVAC-R, bem como escolas técnicas e movimentos internacionais que estão trabalhando em prol da equidade de gênero”, comenta Priscila.

Priscila Baioco, presidente do Comitê de Mulheres da Abrava

Ela diz que, desde 2019, foram muitas conquistas relevantes, mas três delas merecem um destaque especial:

– Em uma parceria entre o MMA, GIZ e SENAI Ocar Rodrigues Alves o Comitê de Mulheres montou a primeira turma feminina para o curso de Boas Práticas para melhor contenção de HCFC R-22 em Sistemas de Ar Condicionado;

– Em parceria com mídias do setor, oito artigos técnicos foram publicados no ano de 2023, escritos por mulheres voluntárias;

– Em 2024; temos mulheres integrando a diretoria das principais entidades e sindicatos do setor HVAC-R;

“Também conseguimos manter no calendário da Febrava, o Encontro Nacional de Mulheres do setor AVAC-R, atraindo mais de 200 profissionais, que contou com a participação especial de Chieko Aoki, CEO do grupo Blue Tree Hotels. São inúmeras as conquistas, muitas mulheres impactadas e muito trabalho realizado e ainda por realizar” comemora a presidente do Comitê de Mulheres da Abrava.

Ela acrescenta que o Comitê de Mulheres da Abrava seguirá trilhando esta jornada durante os próximos anos: “Mas em 2024, teremos um novo marco, no V Encontro Nacional de Mulheres, dirigido pelo novo grupo de liderança que assumirá a próxima gestão, contando com Juliana Reinhardt como presidente, e Ana Carolina Rodrigues Sousa, como vice-presidente”.

De acordo com Carmosinda, grupos como Elas no AVAC-R promoveram o networking entre mulheres, desde estudantes que buscam orientação até profissionais experientes dispostas a compartilhar seus conhecimentos através de conteúdos educativos sobre técnicas, tecnologias emergentes e melhores práticas no HVAC-R, contribuindo para o desenvolvimento profissional contínuo, além da ajuda mútua e troca de informações entre as profissionais que participam ativamente.

“Além das redes sociais, o Grupo segue engajado em promover workshops, seminários e cursos de formação específicos para ajudar as mulheres a adquirir novas habilidades e avançar profissionalmente. Uma das maiores conquistas foi a premiação do ‘Agora é que são Elas- Mulheres no AVAC-R’, realizada em 2018, na Fiesp, que expôs ao mercado a atuação da mulher no setor, abrindo caminho para discussão sobre o empoderamento feminino. Através do Elas no AVAC-R, o grupo chamou a atenção de empresas e organizações do setor para implementação de programas e iniciativas em promover a diversidade e a inclusão, além de recursos internos para mulheres, oferecendo um fórum para discussão, compartilhamento de recursos e apoio profissional. Ressalto ainda as colaborações com escolas técnicas para encorajar e apoiar mulheres que desejam entrar no setor”, esclarece Carmosinda.

Graciele comenta sobre a rede de mulheres Brasil afora que apoiam as ações do setor de HVAC-R para maior representatividade feminina: “Admiro muito o trabalho da Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora, que tem grande abrangência nacional, integrando ações junto ao setor de HVAC-R através de sua rede de relacionamentos, além dos movimentos no nosso segmento, com o Grupo Mulheres do Brasil, que atua no país e em vários outros do mundo, e atende as mulheres em várias frentes”.

Comitê de Mulheres da Abrava

Desafios

Priscila destaca um dos principais desafios nos últimos três anos para manter o engajamento das mulheres, homens e empresas com as iniciativas em prol da equidade de gênero frente à pandemia: “Em particular, para nós do setor HVAC-R, tivemos que trabalhar muito para abrir espaço e trazer essa pauta para discussão, buscar o apoio das empresas e das entidades do setor, o que exigiu de nós um plano detalhado para mostrar que esta iniciativa era importante e benéfica para o setor, com a dedicação de várias mulheres, que de maneira voluntária, se propuseram a fazer isso pelo bem comum”.

Embora ainda haja disparidades significativas, incluindo representação política, igualdade salarial e acesso a oportunidades educacionais e econômicas, Graciele se mantém otimista: “Desde 2010, quando a ONU criou a Entidade das nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), incorporando o UNIFEM (assistência financeira e técnica para promover o fortalecimento da mulher e a igualdade dos gêneros), a pauta ganhou expressão internacional, fazendo com que as empresas e grandes corporações abrissem espaço para as mulheres. Acredito que essa foi uma grande iniciativa e tem trazido grandes conquistas nos últimos anos, com muitas gigantes do setor de HVAC-R incluindo mais mulheres em seus quadros de profissionais, porém, ainda precisamos trabalhar as questões da melhoria na igualdade salarial, programas de apoio a maternidade mais longos e linhas de crédito para microempresárias como o Fundo Dona de Mim”.

Para Carmosinda, desafios ainda persistem, incluindo a necessidade de combater estereótipos de gênero, garantir igualdade de oportunidades e remuneração, e continuar a criar ambientes de trabalho que suportem a inclusão de todos dentro da sociedade e não só no segmento de HVAC-R.

“Algumas empresas do nosso setor aderiram a Agenda 2030 e olham para o tema com carinho e cuidado, porém, muitas só cumprem a agenda e não têm uma liderança comprometida com o tema equidade de gênero. E devemos lembrar também, a inclusão dos homens no assunto. A realidade é que ainda temos um número de mulheres inexpressivo da presença feminina no setor em comparação a atuação dos homens, por isso, precisamos cada vez mais oferecer apoio e recursos para essas mulheres, não apenas para empoderar as participantes, mas também auxiliar no caminho para uma indústria mais inovadora e resiliente. A presença e o sucesso de tais grupos evidenciam uma mudança positiva, refletindo um futuro próspero, em defesa da capacidade profissional ou as oportunidades de carreira”, conclui Carmosinda.

Grupo Elas no AVAC-R

Grasiela Schumann, uma guria de valor!

Nascida em Encantado, interior Rio Grande do Sul, Grasiela Schumann traz a memória o mês de outubro de 2016! Casada há 20 anos com Cleiton Souza, que já atuava no setor de refrigeração e climatização desde 2003, ela se dedicava à prestação de serviços de atendimento de uma rede farmacêutica, atuando na área de varejo. Até àquele momento, ambos eram contratados em regime CLT, mas mantinham um sonho de um dia abrir seu próprio negócio.

“Nessa época, meu esposo e eu éramos contratados CLT, ambos em categorias totalmente diferentes. Cleiton era Técnico em Refrigeração e Climatização em uma empresa de Porto Alegre (RS), e já atuava no setor. Eu prestava serviços de atendimento em uma rede de farmácias, e essa sempre foi minha área atuante até aquele momento. Com a alta demanda no ramo da climatização e com um sonho de abrir nossa própria empresa, decidimos apostar. Cleiton fez o desligamento na empresa que trabalhava, investimos em ferramentas e materiais para atendimentos em maquinários de pequeno e médio porte, contratamos dois profissionais para auxílio em campo, mas eram constantes os atrasos e faltas acometidos por eles. Eu queria ajudar de alguma maneira e comecei a intercalar a farmácia com a agenda da empresa e sempre que podia, auxiliava em trabalho de campo. Me deslumbrei pelo setor, pedi demissão e entrei em definitivo para a área”, conta Grasi. 

No início, ela auxiliava Cleiton com o ferramental, deslocamento e transporte dos materiais. Ganhando experiência, já estava fazendo o fechamento e interligação das máquinas, e hoje, tem participação direta em todos os setores, fornecendo serviços de refrigeração, climatização e linha branca a frente da Porto Sul Climatiza, empresa criada por ela e seu marido.

“Faço visita a clientes, elaboro orçamentos, executo diagnósticos e serviços. Tenho muito orgulho do que me tornei e até onde cheguei. Minha instrução profissional vem muito do que aprendi com meu esposo em campo. Cleiton tem vários cursos na área, sempre foi meu guia. Palestras ofertadas pelos fabricantes, videoaulas na rede, tudo eu absorvia. Tenho ciência da importância e quero muito fazer um curso técnico, mas, a realidade e os recursos ao longo dessa jornada foram outros, como tempo, disponibilidade e dinheiro! Sei que tudo tem seu tempo para acontecer e com a bondade de Deus essa especialização vira sim!”, comemora. 

 Superando o medo

“No início, a minha principal dificuldade foi a impotência, o medo do ‘não aceite’! De repente, você está em uma profissão taxada de ‘masculina’, ouve questionamentos do tipo: ‘Ela não teve oportunidade de concluir os estudos e foi trabalhar com o marido, ou ainda que está sendo explorada pelo seu parceiro, com frases ‘Ah, eu não colocaria minha mulher em uma profissão assim’. E eu me questionava se estava satisfeita, se era isso mesmo que eu queria para mim. Tudo pelo simples fato estar e gostar do que faz! Foram tantos os absurdos, mas eu superei! Aos poucos fui adquirindo conhecimento, conquistei minha cartela de clientes e credibilidade junto a eles; clientes que hoje não abrem mão da minha presença na execução dos serviços. Especialização e estudo é a virada de chave para mudar a visão que a sociedade tem em dizer que a mulher não é autossuficiente para exercer os serviços do setor. Nós mulheres, estamos evoluindo cada vez mais e conquistando capacitação profissional e o apoio de outras mulheres é fundamental nesse processo de evolução e transformação. Sonhei muito em fazer o que eu faço hoje, mas tinhas minhas dúvidas se realmente daria certo. Aprendi isso na marra, na garra e quem sonha não pode dormir, tem de fazer e eu fiz! E deu certo!”.

Nesta trajetória, essa guria de valor é atuante no “Elas no HVAC-R”, onde encontrou mulheres maravilhosas e com um conhecimento absurdo, e no “Gurias do Frio”, um grupo de mulheres gaúchas, atualmente com 48 participantes.

“Em julho de 2023, a Gisieli Severo, também participante ativa, trouxe para as Gurias do Frio um curso sobre Boas práticas em Refrigeração e Climatização, parceria com SENAI e GIZ. Em agosto de 2023, o grupo também contou com o curso de VRF Básico Para Elas, ministrado pela Midea Carrier com a Jossineide Viana”.

Casada com Cleiton Souza, seu parceiro de vida e profissão, que sempre a incentiva e a fortalece todos os dias, além de ser um pai extraordinário e presente, eles têm dois filhos: Thainá, com 19 anos, uma menina calma, meiga e muito esforçada nas suas metas; e Enzo, com 7 anos, um menino carinhoso, com um coração enorme e forte personalidade. 

“Gosto muito de passear, estar em família e amigos. Tenho tudo que pedi a Deus e amo tudo o que faço, sou realizada pessoal e profissionalmente. Para os profissionais e colegas do mercado de HVAC-R, deixo uma mensagem: ‘Aperfeiçoamento sempre! O mercado está cada vez mais exigente, aproveite sempre tudo que lhe é ofertado em nível de conhecimento técnico. Estudo nunca será perda de tempo e ninguém nunca vai poder tirar isso de você”, finaliza.

Casada com Cleiton há 20 anos, ele é seu parceiro de vida e profissão.

HVAC-R assume protagonismo na descarbonização de edifícios

Levantamento do Green Building Council Brasil revela que 37% das emissões de carbono são oriundas dos edifícios, e estão divididas entre as fases de construção (10%) e de operação (27%).

Longe de um acordo sobre ações para conter – ou mesmo minimizar – os efeitos das mudanças climáticas nos próximos anos, os governantes em todo mundo continuam perdendo a já desgastada credibilidade nesse tema, conforme ficou patente na 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), realizada em novembro de 2022, em Sharm el-Sheikh (Egito).

A ausência de uma convenção estatal sobre a busca por soluções para o problema ambiental está abrindo caminho para o protagonismo da iniciativa privada. Nesse contexto, a indústria do frio e da construção civil têm investido em pesquisa e tecnologia para tornar os novos imóveis cada vez mais “verdes” – é a chamada descarbonização.

Globalmente, segundo o Green Building Council Brasil, 37% das emissões de carbono são oriundas dos edifícios, e estão divididas entre as fases de construção (10%) e de operação (27%), especialmente pelo alto consumo de energia.

“A tendência é haver avanços, e devemos aproveitar a oportunidade para assumirmos o compromisso de fazer parte desse processo. Hoje, a principal ação para mitigação das emissões operacionais são os projetos de eficiência energética”, argumenta o CEO do GBC Brasil, Felipe Faria, que em 2021 foi reeleito para um novo mandato no World Green Building Council.

O Green Building Council Brasil ajudou a construção civil nacional a se tornar um dos cinco principais mercados do mundo para a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), voltada para construções sustentáveis.

“Além de ser destaque em matéria de edificações com certificação, o Brasil tem aumentado o percentual de projetos certificados que atingem o nível Platinum da certificação, ou seja, o mais alto nível de desempenho em eficiência. Enquanto no mundo, apenas 8% dos projetos são Platinum, aqui no País é de 11%”, menciona Faria.

O gestor explica que em torno de 40% das certificações Platinum emitidas no Brasil ocorreram nos últimos três anos, e o percentual, medido até o final de outubro de 2022, chegou a 26%, o maior do mundo. A Índia ficou com 24% e a Itália, com 23%.

“A principal ação para mitigação das emissões operacionais são os projetos de eficiência energética. Acompanhando o resto do mundo, e por vezes possuindo edificações que se destacam, vemos uma maior receptividade para o investimento em inteligência de engenharia e arquitetura de modo a buscar as melhores escolhas visando maximizar a eficiência e a redução da carga térmica da edificação”, complementa Faria, ao também se referir ao importante papel desempenhado pelo HVAC-R no processo de descarbonização.

De acordo com o Comitê de Artigos Técnicos da Smacna Brasil, em uma edificação com sistema de climatização operante, o ar-condicionado representa, em média, de 40% a 80% da demanda energética.

“Assim, diversas políticas públicas, normas e diretrizes estão sendo desenvolvidas para estimular a descarbonização de edificações, seja para edifícios novos ou para o retrofit daqueles já construídos”, enfatiza a associação técnico-científica.

Ainda segundo a Smacna Brasil, “a descarbonização de edifícios deve considerar o projeto, a construção, o retrofit e a operação das edificações, sendo alguns exemplos a redução das emissões de carbono nas operações e durante a construção; diminuir a demanda de energia, preservando a qualidade e funcionalidade dos ambientes internos; adotar fontes de energia renovável; e reduzir o carbono incorporado nos materiais estruturais, do envelope e dos sistemas dos edifícios”.

O engenheiro Walter Lenzi, presidente do Ashrae Brasil Chapter e sócio-diretor da W&R Lenzi, reforça que o processo de descarbonização de edifícios abrange todo o ciclo de vida do empreendimento, incluindo projeto, construção, operação, ocupação e fim de vida.

“Construção civil, uso de energia, vazamento de metano e refrigerantes são as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa. A avaliação do ciclo de vida do edifício envolve a consideração de emissões operacionais, geralmente provenientes do uso de energia, e incorporadas, as quais abarcam as emissões de GEE associadas à construção de edifícios, incluindo extração, fabricação, transporte e instalação de materiais de construção, bem como as emissões geradas por manutenção, reparo, substituição, reforma e atividades de fim de vida. As emissões incorporadas também incluem perdas de refrigerante ao longo do ciclo de vida do edifício”, detalha o especialista.

Segundo Lenzi, os principais meios para reduzir as emissões de GEE dos edifícios são diminuir o uso de energia do edifício por meio da eficiência energética; reduzir o carbono incorporado na construção; adotar a eletrificação energeticamente eficiente das necessidades de energia do edifício; projetar prédios para otimizar a flexibilidade da rede; fornecer energia renovável no local; e descarbonizar a rede elétrica.

Há diferenças importantes entre o processo de descarbonização de um edifício comercial e de um residencial novo e usado. Enquanto o empreendimento novo pode ser comparado com uma simulação computacional de consumo de energia com referência ao projeto, o edifício já existente passa por estudo de eficiência energética, análise do consumo de energia do edifício e sistemas prediais (chamado de walkthrough análises 01, 02, 03), além de posterior implantação das possíveis melhorias. Com isso, pode ser verificada a economia de energia alcançada com os novos sistemas comparando-se com os últimos 12 meses de consumo.

 

HVAC-R na dianteira

Especificamente, a indústria de aquecimento, ventilação, ar condicionado e e refrigeração pode colaborar promovendo uma série de intervenções nos modelos de gestão de sistemas de refrigeração e climatização, principalmente quando participa de projetos.

A Smacna Brasil, por exemplo, visualiza diversas oportunidades interessantes surgindo para o HVAC-R, que vem despontando no atendimento das demandas de sustentabilidade e maior eficiência energética, inclusive estimulando o respeito às normas internacionais.

A organização entende que o HVAC-R desempenha um papel decisivo para a redução das emissões de carbono nos edifícios, pois a cadeia produtiva do frio tem se desenvolvido tecnologicamente para atender às demandas de sustentabilidade e eficiência energética, incluindo as normas internacionais.

Para começar, a entidade entende ser fundamental eliminar liberações de refrigerante, minimizando vazamentos e usando produtos de baixo potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês); adotar válvulas eletrônicas, parâmetros de automação e setpoints de sistemas mais inteligentes; instalar variadores de frequência e sistemas de bombeamentos mais eficientes, além de equipamentos energeticamente que consomem menos energia.

Na fase da construção, há emissão direta com a atividade construtiva de canteiro de obra, toda a logística dos fornecedores e funcionários que emitem gases de efeito estufa com o transporte e o carbono incorporado – emitido no processo industrial de cada material e produto utilizado na construção, como aço, cimento, concreto, alumínio, cerâmica, madeira, vidro.

“O carbono incorporado é um assunto que gera muita discussão porque faltam dados e informações da indústria. Precisamos que o setor da construção civil faça estudos de avaliação de ciclo de vida dos seus produtos. Deve-se analisar o desempenho ambiental desde a extração da matéria-prima até o produto estar pronto”, propõe Felipe Faria, do Green Building Council Brasil.

A boa notícia, ressalta o executivo, é que o Ministério de Minas e Energia criou, em 2022, o Sistema de Informação de Desempenho Ambiental da Construção (Sidac), plataforma gratuita para a indústria realizar sua avaliação de ciclo de vida com foco em intensidade energética e carbono incorporado.

Diretor-adjunto do Departamento Nacional de Meio Ambiente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) e presidente da Câmara Ambiental do Setor de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação da Cetesb, Thiago Pietrobon, fundador da Ecosuporte, também entende que a área de refrigeração e climatização é uma das protagonistas das iniciativas de redução das emissões de carbono em edifícios.

“Nesse tipo de levantamento, aspectos como refrigeração, climatização conforto térmico e renovação de ar são indicadores fundamentais para a estruturação de processos de descarbonização. Um bom projeto busca o equilíbrio entre cada um desses itens e a harmonia com bons projetos arquitetônicos. Dessa forma, permite-se extrair da natureza tudo o que ela pode fornecer em termos de qualidade ambiental e beleza estética, sem agredir o meio ambiente”, completa o dirigente.

 

Estudo mostra drywall mais “verde” que blocos cerâmicos

Líder global em construção leve e sustentável, a francesa Saint-Gobain promoveu no Brasil estudos comparativos entre dois perfis de parede interna e descobriu que as peças desse tipo produziam uma série de benefícios ambientais.

O processo pode ser otimizado também com uso de materiais leves. As análises, feitas com dois perfis de parede interna (drywall e blocos cerâmicos de 140 milímetros rebocados com cimento), com um metro quadrado, descobriram que as peças do primeiro tipo produziam uma série de benefícios ambientais.

Bem mais leve, o drywall causaria uma queda de 63% no potencial de aquecimento global. Segundo o estudo da multinacional, os ganhos envolvem ainda uma redução de 49% no uso de energia primária, de 80% no peso do sistema de paredes e de 36% no consumo de água.

Ainda de acordo com a empresa, “a reutilização ou reciclagem de materiais é outra opção pela descarbonização da construção civil. Reutilizar o vidro, por exemplo, torna o item ‘descarbonado’, podendo diminuir o uso de energia em 3% para cada 10% de vidro adotado na construção”.

A partir deste conhecimento, detalha a empresa, o uso de uma tonelada de vidro reciclado reduz as emissões de carbono em 300 quilos, devido à diminuição do consumo de energia.

 

CECarbon

Por confiar no processo de descarbonização, a Saint-Gobain se tornou a primeira patrocinadora da CECarbon, calculadora de consumo energético e emissões de carbono para edificações desenvolvida pelo Comitê de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Comasp), composto por diversas entidades, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a Agência de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ, na sigla em alemão) e a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério do Desenvolvimento Regional.

A ferramenta é de acesso aberto e visa mensurar impactos e contribuir para a identificação de riscos e oportunidades para a cadeia produtiva da construção civil. A CECarbon leva em consideração o ciclo de vida dos insumos empregados na obra, desde a sua exploração e beneficiamento até o momento do uso na fase construtiva. Assim, pode-se optar por construções de menor impacto.

Lançada em 2020, a CECarbon permite a inserção de dados em momentos distintos de uma obra, com a possibilidade de produzir três edições. Dessa forma, é possível comparar dados de projeto com o efetivamente realizado. Os resultados permitem compreender os comportamentos dos indicadores de acordo com as escolhas realizadas ao longo do processo, abrindo caminho para uma melhor gestão de impactos da edificação.

Vazamentos de fluidos refrigerantes na mira do setor

Perda desses insumos drena recursos consideráveis, prejudica o meio ambiente e expõe as pessoas a acidentes. Detectores usam tecnologia capaz de encontrar escapes imperceptíveis.

Responsáveis por gerar prejuízos de milhões de reais anualmente a donos de aparelhos de ar condicionado, refrigeradores e freezers domésticos, comerciais e industriais, os vazamentos de fluidos refrigerantes continuam sendo um poderoso gargalo da cadeia produtiva do frio.

A perda do insumo, muitas vezes imperceptível, pode acontecer por várias causas externas e internas, desde instalações malfeitas, realizadas sem obedecer aos parâmetros estabelecidos pelos fabricantes, até o uso de ferramentas inadequadas ou de forma incorreta.

Há também a ocorrência de processos de desgaste de materiais, por exposição ao clima, além de danos provocados por choques físicos nos equipamentos, tensão térmica ou ambiental e até mesmo pela natural vibração de componentes durante o funcionamento. As conexões mecânicas são identificadas como as mais críticas.

Anualmente, 80% das importações brasileiras de R-22, um refrigerante clorado amplamente utilizado nos supermercados, destinam-se ao mercado de reposição. Além dos prejuízos financeiros, os vazamentos contribuem para prejudicar o meio ambiente e acabam expondo técnicos e consumidores a acidentes, no caso de manipulação de refrigerantes tóxicos ou inflamáveis.

No Brasil, o mercado segue diretrizes da NBR 16186:2013 – Refrigeração comercial, detecção de vazamentos, contenção de fluido frigorífico, manutenção e reparos. A norma estabelece os requisitos mínimos e os procedimentos para redução da emissão de gases refrigerantes em equipamentos e instalações de refrigeração comercial.

De acordo com estimativas de especialistas do setor de refrigeração no Brasil, 60% dos vazamentos são causados pela má qualidade técnica nos serviços de manutenção, pela ausência de normas para a prática desta atividade, além da falta de conscientização ambiental. Os outros 40% dos vazamentos em sistemas frigoríficos devem-se à má qualidade do equipamento de refrigeração.

Vários são os métodos diretos recomendados para a detecção de vazamentos, conforme enumera o Guia de Boas Práticas e Controle de Vazamento, criado em 2015 para o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, em alemão) e com o apoio da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Um dos processos mais simples, porém, efetivo, é o teste de espuma de sabão com pressão do fluido frigorífico. Algumas marcas podem ser fornecidas com um pincel aplicador ou uma bola absorvente de algodão ligada a um fio rígido no interior de uma tampa. Há também similares com um aplicador spray.

De baixo custo, rápido e confiável, o detector de vazamento hálide (lamparina) pode ser utilizado apenas para detectar fluidos frigoríficos clorados e vazamentos de até 150 gramas por ano. A lamparina funciona segundo o princípio de que o ar é arrastado ao longo de um elemento de cobre aquecido por um combustível de hidrocarboneto. Se o vapor do fluido frigorífico halogenado estiver presente, a chama muda da cor azul para verde.

Habitualmente usado em sistemas de ar condicionado automotivo, o método de contrastes ultravioletas de detecção de vazamentos funciona quando uma substância fluorescente ou colorida é inserida no sistema e se desloca com o lubrificante através dos componentes do circuito. A mancha de vazamento é indicada pelo escape de fluido frigorífico.

Baseado na tecnologia TCD, o detector de gás eletrônico geralmente é usado para rapidamente encontrar a área de vazamento de um sistema. O método é sensível a faixas de vazamento diminutas, a partir de três gramas por ano. O detector usa uma sonda que cria uma emissão elétrica na presença de um fluido refrigerante. O sinal elétrico, por sua vez, é convertido em sinal visual ou sonoro.

Capaz de encontrar vazamentos de pequena proporção – com uma taxa menor do que um grama por ano –, a detecção com o uso de gás marcador é um método muito confiável que permite aos técnicos a realização de testes em um sistema com baixa pressão.

Os técnicos podem trabalhar, em busca de vazamentos de fluidos, com detectores ultrassônicos ou infravermelhos, que pela grande diversidade de funções, têm preços variando de R$ 150 a R$ 5 mil (para uso em campo), podendo chegar a R$ 50 mil, no caso dos robustos dispositivos industriais.

Os aparelhos ultrassônicos detectam vazamentos de vapores ou gases em locais onde essas substâncias não podem ser visualizadas ou detectadas pela audição ou olfato. Geralmente são utilizados em aplicações industriais, para detectar vazamentos em componentes de grandes dimensões, podendo inclusive ser usados, com segurança, em operações com gases tóxicos ou inflamáveis.

Conforme o Guia de Boas Práticas, do MMA, o aparelho ultrassônico pode detectar as vibrações criadas no ar por minúsculos vazamentos de gás ou vapor sob pressão, e transformá-los em um som audível ou alarme que pode ser facilmente detectado pelo operador do detector.

Já os equipamentos infravermelhos, segundo a publicação, têm uma superfície de detecção ótica por onde o fluido, que absorve a radiação IV (infravermelha), passa. Assim, quando essa passagem é detectada, soa um alarme, que depende da quantidade de radiação absorvida. A tecnologia é muito precisa e menos sujeita à contaminação.

 

Perda de rendimento

“Usando os equipamentos splits como exemplo, o primeiro sintoma relacionado ao vazamento de fluido no sistema de refrigeração é a perda de rendimento e capacidade frigorífica por conta da redução da massa de refrigerante circulando na tubulação. Com a queda de pressão na sucção, ocorre também a diminuição indesejada da temperatura de evaporação do fluido, ocasionando, em algumas situações, a formação de gelo na serpentina do evaporador”, explica o consultor comercial Samuel Gonçalves, da Elitech Brasil.

Segundo ele, na pior das hipóteses, além da falta de rendimento, pode também ocorrer danos ao compressor, pois o fluido refrigerante também é responsável pelo resfriamento do motor. “Normalmente, os vazamentos ocorrem em pontos de conexões e soldas na tubulação. Em splits, são mais frequentes nas porcas flange por conta de má execução do flange nos tubos de cobre ou do aperto insuficiente da porca”, descreve o consultor.

A Elitech tem apostado muito nos detectores de vazamento de fluido refrigerante com sensor do tipo infravermelho. Nessa categoria, a empresa oferece os modelos ILD200 e o InframateD, equipamentos bem-sucedidos no mercado do frio. Falando especificamente da tecnologia presente nos dois modelos, o teste é feito usando o método de espectroscopia óptica, que analisa a presença de compostos halogenados no ar baseado na frequência eletromagnética que as moléculas absorvem da luz.

“Uma instalação bem-feita deve passar por teste de estanqueidade com nitrogênio e por estabilização do vácuo, pois por meio desses dois processos é possível identificar vazamentos”, complementa Gonçalves.

Atualmente, a empresa oferece os manifolds digitais MS2000 e MS4000 e as bombas de vácuo inteligentes série V1200, que permitem realizar esse acompanhamento, inclusive com conectividade bluetooth nos smartphones com o app Elitech Tools. “Com ele, pode-se até gerar um relatório do tipo laudo técnico para comprovar a realização do serviço ao cliente”, pondera.

A Elitech possui detectores para três tipos de aplicação – halogenados – CFC, HCFC, HFC, HFO e SF6 (todos que têm cloro ou flúor); hidrocarbonetos – HCs propano (R290) e isobutano (R600a); e CO2 (R744).

O gerente de marketing da Testo do Brasil, Victor Brogin, entende que os principais pontos de atenção nos sistemas de refrigeração e ar condicionado são as válvulas de serviços e conexões, principalmente as do tipo schrader.

“Os fluidos são classificados por toxicidade e inflamabilidade, e durante um vazamento, o contato direto com pessoas pode causar sérios danos à saúde, como queimaduras e lesões graves na pele. Além disso, há o risco de explosões, dependendo da concentração do fluido que escapou para o ambiente”, argumenta.

Especializada na produção e distribuição de instrumentos e sistemas de medição, a companhia, que comercializa manifolds digitais e vacuômetros, informa que ainda neste ano lançará novos aparelhos de medição de fluidos refrigerantes. Em seu portfólio, conta com a família de instrumentos Testo 316, composta por três modelos de detectores de vazamentos, com sensores capazes de identificar as fugas mais discretas dos fluidos mais variados.

“Nossos detectores funcionam com um sensor de diodo aquecido, que aquece o fluido após a fuga do sistema e quebra as suas moléculas. Ao serem quebradas, um cloro carregado positivamente (ou íon flúor) aparece, já que a maioria dos refrigerantes contém estas duas substâncias. O sensor detecta as substâncias e o instrumento soa um alarme ao profissional, indicando o vazamento”, explica Brogin.

Reconhecida pela inovação trazida pelo seu famoso alicate Lokring, a alemã Vulkan também tem se preocupado com os vazamentos de fluidos, conforme relata o vendedor técnico Paulo Vitor Dalla Torre.

“Os principais problemas ocorrem em locais de difícil acesso para a instalação ou a correção do equipamento. O mesmo acontece com os flanges, em novas instalações em que as tubulações ficam em forros ou em lugares com grandes riscos de incêndio. Os vazamentos são muito recorrentes por existir a dificuldade de acesso com o maçarico, e com o Sistema Lokring esta dificuldade deixa de existir, pois o nosso sistema oferece segurança e abrangência de instalação ou correção em ambientes confinados”, detalha.

A Vulkan oferece ao mercado o detector de vazamento TLD-500, que consegue detectar microvazamentos de até três gramas por ano. Segundo a fabricante, seu grande diferencial é a mistura de 95% de nitrogênio e 5% de hidrogênio injetadas nas linhas frigorígenas, fazendo com que o técnico descubra o vazamento sem ter que desmontar o equipamento.

“Vazamentos são sempre prejudiciais para o meio ambiente, e acompanhando a movimentação dos grandes fabricantes, é possível enxergar a preocupação com essa responsabilidade, seja com a adoção de selos ecológicos, ou de boas práticas de refrigeração, como a importância de se utilizar ferramentas apropriadas para o recolhimento e a correção do equipamento. Afinal, com tantas informações hoje disponíveis, é inadmissível que isso ainda aconteça em nosso segmento”, complementa Dalla Torre.

A origem do problema

Vazamentos de fluidos refrigerantes são causados pelo desgaste inevitável em um sistema de refrigeração, bem como por um projeto inadequado e falta de boas práticas de instalação e manutenção, tais como:

Técnicas de brasagem deficientes – Vazamentos podem resultar de técnicas de brasagem inadequadas, como limpeza inadequada da junta antes da brasagem, uso da liga de brasagem errada e falha no aquecimento da junta uniformemente ou na temperatura adequada antes de por liga de brasagem na junta.

 Conexões mal apertadas – Vazamentos ocorrem em conexões rosqueadas e alargadas quando não são apertadas o suficiente ou quando são apertadas demais e racham.

 Falta de tampas e vedações nas válvulas – Para reduzir vazamentos através de hastes de válvulas e núcleos Schrader, todas as hastes de válvulas projetadas para serem tampadas e todas as válvulas Schrader de acesso devem ter as tampas adequadas no lugar.

 Material incompatível com óleo ou refrigerante – As vedações expostas a refrigerantes HCFCs incham a uma taxa diferente das vedações expostas a refrigerantes HFCs. Se um sistema estiver sendo convertido (retrofit) de um refrigerante HCFC para um refrigerante HFC, especialmente se for necessário mudar o óleo de um óleo mineral para um óleo poliolester (POE), as gaxetas ou vedações no sistema podem precisar ser substituídas.

 Vibração – A maioria das vibrações em sistemas de refrigeração ocorre nas linhas de descarga do compressor ou perto delas e são causadas por pulsações de gás. Se graves, as vibrações da linha de descarga podem resultar em linhas ou conexões quebradas.

 Expansão e contração térmica – Os sistemas de refrigeração alteram a temperatura, resultando em expansão e contração da tubulação de refrigeração e componentes associados. Se uma linha for impedida de se expandir livremente, as forças de tensão térmica no tubo podem fazer com que ele quebre os encaixes nos pontos de suporte.

 Corrosão – As serpentinas de cobre do evaporador em contato com ácidos alimentícios, como vinagre, podem corroer com o tempo e desenvolver microvazamentos. Vazamentos causados por corrosão também podem ocorrer em componentes do rack do compressor pela formação de condensação ou gotejamento nos componentes metálicos do rack. Materiais de limpeza incompatíveis ou usados incorretamente também causam corrosão. Os técnicos devem usar apenas agentes de limpeza compatíveis com os componentes de refrigeração, especialmente os evaporadores e a tubulação associada

 Contato metal-metal da tubulação – Tubulação de cobre em contato direto com outra tubulação ou suportes de aço mais duros ou concreto pode criar vazamentos.

 Suporte inadequado da tubulação – A tubulação de cobre com suporte inadequado cederá entre os suportes ou em curvas de 90 graus, criando estresse indesejado. Esse estresse pode levar a linhas quebradas ou acessórios, eventualmente causando vazamentos.

Presenciais ou a distância, cursos reforçam importância da capacitação profissional

Durante a pandemia, escolas técnicas e profissionalizantes da área de refrigeração e climatização foram obrigadas a se reinventar e investir em parcerias para continuar operando, sobretudo no ambiente virtual/EAD.

Apesar das turbulências criadas pela disseminação do novo coronavírus, o segmento de cursos presenciais e a distância voltados para o mercado do frio foi impulsionado em 2021, com escolas técnicas registrando crescimento na procura por treinamentos voltados à formação e reciclagem de profissionais do HVAC-R.

Como as escolas já vinham investindo em plataformas de ensino on-line mesmo antes do estouro da pandemia, a transição para o EaD durante o período mais rígido do distanciamento social foi, de certa forma, facilitada.

A ausência de aulas presenciais foi sentida, é verdade, afinal há disciplinas que obrigatoriamente precisam da interação direta entre professor e aluno, fundamental para a absorção de conteúdo, por exemplo, acerca do modo correto de ser fazer determinados procedimentos.

De outro lado, o aprimoramento das tecnologias de transmissão de dados e a consequente adaptação de conteúdos provaram ser possível ensinar e aprender virtualmente conceitos básicos e avançados disponíveis nos tradicionais currículos da área de refrigeração.

“Mesmo com pesados investimentos em produção de material didático, com videoaulas de todas as práticas prontas para os alunos assistirem quantas vezes desejarem, é impossível ensinar um aluno a fazer brasagem, popularmente conhecida como soldagem, somente a distância”, exemplifica o professor Alexandre Fernandes Santos, proprietário da Escola Técnica Profissional (ETP) e da Faculdade Profissional (Fapro), de Curitiba (PR). Juntos, os estabelecimentos têm 700 alunos matriculados.

O empresário enfatiza que as instituições de ensino já tinham se adaptado para operar com a modalidade de EaD, independentemente da pandemia. Lembra ainda que, como havia muitas turmas do ensino presencial, foi muito difícil para a instituição, os professores e alunos fazerem a transição para o ambiente online.

“Perdemos alguns alunos da modalidade presencial, ao mesmo tempo em que aumentamos a quantidade de alunos no EaD. Nesse período, aceleramos o processo de aprovação do primeiro curso de graduação a distância na área de refrigeração e climatização do Brasil e do primeiro curso técnico em refrigeração e climatização”, explica.

A ETP fechou 2021 com um crescimento de 58,57% sobre uma meta que já era 40% maior que a anterior, batendo assim o recorde histórico de matrículas em um único curso da instituição. A meta para 2022 é expandir 20%.

Cooperação Alemã e o Ministério do Meio Ambiente. A partir de 2023, teremos os primeiros cursos em espanhol para ofertar para a América Latina”, comemora Alexandre.

Para o engenheiro mecânico Sérgio Eugênio da Silva, diretor da Super Ar, as aulas online vieram para ficar e já se tornaram uma realidade no mercado do frio, não sendo mais possível para qualquer instituição oferecer apenas aulas presenciais. De agora em diante, aprendizagem será hibrida com parte de aulas presenciais e as aulas laboratoriais será presencial, diz.

“A adoção do ensino a distância se mostrou um imenso desafio, pois tivemos de nos reinventar. Acreditava somente em aulas presenciais, mas com a pandemia, fizemos parcerias com alguns distribuidores e fabricantes para lançar a modalidade EaD, com o mesmo conteúdo do presencial”, salienta ele, frisando que mesmo

“Esse crescimento está pautado na oferta de novos cursos EaD, como a graduação de tecnólogo em refrigeração e climatização e tecnólogo em manutenção industrial. Além disso, teremos um dos maiores laboratórios de fluidos refrigerantes naturais com ênfase em CO2 e hidrocarbonetos em parceria com a GIZ [Agência de o curso online tendo um valor mais baixo, o aluno ainda prefere o presencial.

“Embora 2020 tenha sido surpreendente, com um crescimento próximo de 40% em relação ao ano anterior, 2021, entretanto, já foi tímido, muito em função da retração da economia do País. Em 2022, iremos inovar com sistemas e máquinas novas para atrair e captar novos alunos”, revela.

Escolas buscaram sistemas EAD

Parcerias

Estratégia adotada por algumas escolas durante a pandemia, a celebração de parcerias foi bastante positiva para incrementar a formação de mão de obra e manter a qualidade dos treinamentos.

A escola profissionalizante Thermo Cursos, de São José do Rio Preto (SP), por exemplo, foi bem-sucedida nesse tipo de solução. Fundada em 2013 e com mais de 3 mil alunos já formados, oferece atualmente 12 cursos na área de climatização, cinco na de refrigeração e um sobre comandos elétricos aplicados à climatização e refrigeração, todos com média de 40 horas. Com laboratório equipado com modernos equipamentos e ferramentais, o estabelecimento firmou parceria com a Midea Carrier, transformando-se em um centro de treinamento da multinacional no Brasil, onde técnicos da companhia são continuamente capacitados.

Em 2021, a Themo Cursos fechou convênio com a Escola Técnica Profissional (ETP), passando a oferecer treinamentos online dos cursos de técnico em refrigeração e climatização e de pós-graduação em engenharia de refrigeração e climatização. Em 2022, a ideia é incluir outros treinamentos, como manutenção em compressores.

“Durante toda a pandemia, como as demais instituições, tivemos que nos reinventar. Ficamos fechados por nove meses. Neste período, as parcerias foram nosso grande alicerce. Começamos a oferecer cursos EaD da ETP e da Midea Carrier aos nossos alunos, processo que foi o nosso grande marco em 2021”, afirma o coordenador técnico da instituição, Américo Martins Junior. Com alunos em toda a América Latina, Portugal, Itália, Angola e Estados Unidos, a Thermo Cursos percebeu que, durante a pandemia, as pessoas sentiram que se não buscassem qualificação, ficaria muito difícil de se manter, pois muitos profissionais foram desligados das empresas.

“Os cursos EaD deverão dominar o mercado, e em 2022, tanto os fabricantes quanto as escolas deverão continuar inovando nesta área”, ressalta o professor, lembrando que a escola cresceu 30% em 2021 em relação a 2020, devendo obter um resultado ainda melhor em 2022.

Adaptação complexa

“Foram 127 dias nebulosos para a Caprerj”, descreve o CEO do Instituto de Capacitação de Refrigeristas e Eletricistas do Rio de Janeiro, Fábio Anderson de Freitas dos Santos. “Havia acabado de assumir a direção da escola e não tínhamos capital de giro nem tempo para hábil para realizar a gravação de cursos on-line e realizar vendas para ter um faturamento mínimo”, lembra.

A instituição retomou as atividades no final de julho de 2020, e o tempo da parada foi utilizado pela diretoria para aprimorar novos conhecimentos em finanças, pedagogia, administrativo, gestão de pessoas, PNL, refrigeração, marketing, comercial e fortalecer nosso network virtual. “A partir desse retorno, literalmente colocamos a mão na massa para fazer obras de reestruturação em nossa unidade”, afirma.

Atualmente, o Caprerj, com sede no bairro de Madureira, na cidade do Rio de Janeiro, conta com turma de 40 alunos mensalmente em capacitação na área da refrigeração, e a projeção para 2022 é dobrar esse número, uma vez que os departamentos comercial e de marketing digital foram reestruturados.

“Nossos projetos futuros consistem na capacitação hibrida (EaD/presencial) de todos os cursos, inclusive os que hoje estão em desenvolvimento, como reparo de placas eletrônicas, câmara frigorifica e PMOC/renovação de ar, treinamentos que deverão estar em funcionamento até junho ou julho deste ano”, projeta. Com média de 350 alunos em seus polos no bairro carioca de Cascadura e na cidade São Gonçalo (RJ), a escola Serae também teve uma adaptação complexa. Com o fechamento dos estabelecimentos durante o momento mais difícil da pandemia, a instituição começou a ofertar aulas em lives, sem, no entanto, substituir as aulas presenciais, que foram reativadas assim que a atividade foi liberada.

“Mesmo com todas as mudanças, a maioria dos alunos permaneceu. Com isso, nossas expectativas para este ano são as melhores possíveis. Estamos investindo para oferecer cada vez mais o que os nossos alunos e o mercado precisam”, salienta o sócio-diretor João Vagner Possani.

Atualmente, a Serae conta com treinamentos presenciais e on-line, tendo como destaques os cursos de refrigeração domiciliar, split system, split system inverter, self contained, chiller, VRF, câmara frigorífica e máquina de lavar e secar roupa.

Mas o ensino a distância nem sempre conquista alunos, conforme deixa claro o empresário Luiz Martins, sócio da Escola Argos, fundada em 1961 e que conta com duas unidades na capital paulista e em torno de 400 alunos.

“Embora a instituição tenha adaptado seu currículo presencial ao online e tentado promover atividades em plataforma virtual, não houve aceitação dessa mudança radical por parte de nossos alunos. Com a proibição das aulas regulares em salas de teoria, só nos foi possível ministrar aulas de prática em oficinas e laboratórios, com restrições”, conta.

Embora não divulgue números de 2021, o gestor diz estar esperançoso sobre o desempenho em 2022, mesmo porque a defasagem que já havia pela falta de profissionais no mercado do frio aumentou de maneira expressiva. “Continuamos nos empenhando para que nossa retomada seja satisfatória”, completa Martins.

Ministério do Meio Ambiente divulga estudo de caso sobre retrofit do R-22

O relatório técnico do Terceiro Projeto Demonstrativo de Melhor Contenção de HCFC-22 em Supermercados, criado no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), já está disponível para download gratuito.

O relatório traz resultados significativos de ganhos sociais, ambientais e econômicos, obtidos durante estudo de caso realizado no supermercado Angeloni, localizado na cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, por cerca de dois anos.

No estudo são detalhados todos os procedimentos para a troca do antigo sistema de refrigeração comercial da loja, com fluido refrigerante HCFC-22, pelo atual sistema subcrítico de dióxido de carbono (CO₂) em cascata com o HFC-134a.

 “Este estudo é resultado de um trabalho muito complexo, porque a instalação de um sistema de refrigeração que originalmente foi projetado e dimensionado para uma outra loja foi um desafio, mas conseguimos alcançar plenamente o objetivo graças ao apoio dos nossos parceiros: o Grupo Angeloni, a Eletrofrio e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras)”, diz Stefanie von Heinemann, consultora e gerente de projetos da GIZ-Proklima no Brasil, responsável pelas ações do Projeto paro o Setor de Serviços do PBH, coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).

“Nesta empreitada, contamos também com o conhecimento de consultores técnicos com experiência internacional, como por exemplo o próprio autor do relatório, o engenheiro Miquel Pitarch.  Devido a esse esforço conjunto,  os varejistas e suas equipes técnicas têm agora acesso a um estudo inédito no País, que traz informações valiosas e bem embasadas para poderem optar por fluidos refrigerantes alternativos de baixo GWP, como por exemplo os fluidos naturais, na futura troca de seus sistemas de refrigeração”, explica

Os ganhos demonstrados ressaltam a relevância do tema. O Projeto foi criado com objetivo de promover conhecimento técnico aos supermercadistas, tendo em vista que o HCFC-22, fluido refrigerante mais utilizado na refrigeração comercial no Brasil, deve ter seu uso eliminado até 2040, seguindo os cronogramas estabelecidos pelo Protocolo de Montreal  — para 2025 está prevista redução das importações de HCFC em 67,5%.

Cumprindo esse objetivo, o estudo de caso destaca ações para redução dos vazamentos de fluidos refrigerantes para a atmosfera, por meio da aplicação das boas práticas durante a instalação, operação, reparo e manutenção de equipamentos de refrigeração e ar condicionado.

“É um estudo muito importante, que vale a pena ser conferido por outros supermercadistas, que ainda utilizam o R-22. Estimo que mais de 85% dos supermercados brasileiros ainda utilizam R-22, que vai ser eliminado, e, portanto, esses varejistas precisam de alternativas, como a demonstrada no estudo. Os resultados alcançados são muito relevantes”, afirma Rogério Marson Rodrigues, gerente de engenharia da Eletrofrio.

A publicação deste terceiro estudo completa o escopo do Projeto Demonstrativo de Melhor Contenção de HCFC-22 em Supermercado. Destaca-se que nos dois primeiros estudos do Projeto publicados (Yamada Nazaré, em Belém, e Hortifruti do Campo, em São Paulo) foram realizadas intervenções completas (incluindo troca de peças e equipamentos) para redução dos vazamentos de HCFC- 22, sem troca de fluido refrigerante.

Portanto, totalizam três publicações técnicas de estudos de caso, totalmente gratuitas, à disposição dos varejistas brasileiros (empresários e profissionais da área de refrigeração comercial) que procuram estratégias para redução de vazamentos de fluidos refrigerantes e/ou opções para substituição do HCFC-22.

Confira o relatório técnico sobre a mudança de sistemas no Angeloni. Baixe o pdf em: http://www.boaspraticasrefrigeracao.com.br/publicacoes

GIZ lança licitação para contratar escolas técnicas de refrigeração

A Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, está promovendo licitação para a contratação de duas instituições de ensino técnico profissionalizante para realização de cursos de treinamento e capacitação de mecânicos e técnicos de refrigeração para uso seguro de CO2 e HC-290 em sistemas de refrigeração comercial.

O projeto de treinamento e capacitação faz parte da segunda etapa do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) e tem como objetivo reduzir o consumo de HCFC-22 no setor de serviços e, ao mesmo tempo, introduzir o uso seguro e eficiente de fluidos frigoríficos alternativos de zero potencial de destruição da camada de ozônio (PDO) e de baixo potencial de aquecimento global (GWP).

Está prevista a implantação de dois centros de treinamento, localizados em duas regiões diferentes do País, dotados de um sistema de refrigeração e de ferramentas práticas de demonstração, para a capacitação de 300 técnicos e mecânicos de refrigeração em design, instalação, operação e manutenção segura de sistemas de refrigeração comercial a base dos fluidos naturais CO2 e HC-290.

As instituições de ensino técnico profissionalizante interessadas de todo o Brasil deverão manifestar interesse por meio de envio de uma carta de apresentação para o endereço eletrônico br_quotation@giz.de até 15 de fevereiro.

PBH capacita professores do Senai-SP

Senai-SP é a primeira escola parceira do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) a realizar a fase de “Treinamento dos Treinadores”, para a capacitação dos professores que darão aulas nos cursos de boas práticas em sistemas de ar condicionado do tipo janela e mini-split.

Professores recebendo treinamento em sala de aula

Professores da Escola Senai “Oscar Rodrigues Alves” participaram de treinamento para qualificar refrigeristas durante a segunda fase do PBH

Os cursos, que fazem parte da segunda etapa do PBH, foram ministrados na semana de 13 a 17 de novembro, na Escola Senai Oscar Rodrigues Alves, no bairro do Ipiranga, na capital paulista.

O PBH é coordenado diretamente pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e, no caso do setor de serviços, os projetos são implementados pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da agência GIZ.

Durante o treinamento, os especialistas da GIZ apresentaram a nova apostila e demais materiais e equipamentos do curso, explicando cada passo da metodologia que deve ser aplicada em aula, para melhor aprendizagem dos futuros alunos, que são, em sua maioria, técnicos atuantes no mercado, que se inscrevem com o objetivo de se aperfeiçoarem profissionalmente.

Os cursos para os técnicos do setor começaram no fim de novembro. Segundo o diretor do Senai Ipiranga, Eduardo Macedo, estão previstas quatro turmas, com 16 alunos cada, até o final deste ano; e para 2018 mais de 50 turmas.

Na segunda etapa do PBH serão capacitados 9.238 técnicos em cursos de boas práticas em sistemas de ar condicionado e refrigeração comercial e em cursos para uso seguro e eficiente de fluidos alternativos de baixo potencial de aquecimento global (GWP, em inglês).

Além dos cursos no estado de São Paulo, serão iniciadas turmas, em 2018, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso, Goiás, Amazonas, Rondônia, Maranhão, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

 

Vazamentos de fluidos refrigerantes

Um dos grandes objetivos dos treinamentos oferecidos pelo PBH é conscientizar os profissionais do setor sobre a importância da prevenção de vazamentos de fluidos refrigerantes.

Recentemente, o MMA e a GIZ lançaram o vídeo “Manutenção correta dos aparelhos de ar condicionado: benefícios sociais, ambientais e financeiros”, produção que revela que o Brasil despeja na atmosfera 11 mil toneladas do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 todos os anos.

Além de afetar a camada de ozônio e contribuir para o aquecimento global, os vazamentos de R-22 geram um prejuízo de R$ 500 milhões para o País.

Professores do SENAI aprimorando sobre o PBH

Escola técnica da zona sul de São Paulo está oferecendo cursos gratuitos de boas práticas em sistemas de ar condicionado para
profissionais do setor

Durante a cerimônia de lançamento da produção, o secretário de Mudança do Clima e Florestas do MMA, Everton Frask Lucero, lembrou que o Brasil é um dos maiores importadores de substâncias destruidoras da camada de ozônio. “Somos o quinto maior consumidor mundial de HCFCs”, disse.

“Graças ao trabalho que está sendo feito [por ministérios, agências internacionais, entidades e parceiros privados], nós já nos antecipamos às metas do Protocolo Montreal, pois já reduzimos 34% do consumo de HCFCs, em relação à linha de base [média de consumo em 2009 e 2010]”, informou.

“A nossa meta, e de todos os países em desenvolvimento, é chegar a 2020 com a redução do consumo em 35%. Então, com esse resultado alcançado, podemos dizer que estamos bem adiantados”, comemorou.