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Como a refrigeração se tornou vital para a saúde e o bem-estar

 

Do produtor rural até o consumidor final, tecnologias do frio também são indispensáveis na cadeia de suprimentos de alimentos.

As tecnologias de refrigeração e ar condicionado desempenham papéis cruciais no bem-estar e na saúde das pessoas ao redor do mundo. Como sabemos, a refrigeração é um dos principais pilares na promoção da segurança alimentar e na preservação da saúde pública.

Desde o produtor rural até o consumidor final, o setor é indispensável na cadeia de suprimentos de alimentos.

No campo, os sistemas frigoríficos ajudam a manter a qualidade dos produtos após a colheita, reduzindo o metabolismo dos alimentos e a taxa de decomposição. No transporte, a refrigeração continua impedindo o crescimento de micro-organismos patogênicos e preserva a qualidade nutricional dos alimentos in natura e industrializados.

“A refrigeração permite que os alimentos viajem grandes distâncias e ainda cheguem frescos aos consumidores”, diz o engenheiro mecânico Sérgio Eugênio da Silva, da escola profissionalizante paulistana Super Ar.

“Isso também significa que podemos ter uma dieta mais variada e nutritiva, com acesso a alimentos que não são produzidos localmente”, salienta.

A cadeia do frio também é essencial no setor da saúde, dado seu papel crucial na conservação de medicamentos, vacinas, amostras de sangue e órgãos humanos.

“Como observamos durante a pandemia da covid-19, refrigeradores, freezers, ultrafreezers, caminhões e armazéns frigoríficos foram cruciais para garantir a eficácia e a segurança das vacinas em toda a cadeia de distribuição”, exemplifica.

Guardião da qualidade do ar

O ar-condicionado, muitas vezes percebido como um mero fornecedor de conforto térmico, tem um papel mais profundo na saúde das pessoas. Para além de controlar a temperatura, muitos sistemas de climatização também regulam a umidade e filtram impurezas do ar, contribuindo para a qualidade do ar interior (QAI).

Em regiões de clima quente e úmido, como grande parte do Brasil, os condicionadores de ar podem reduzir significativamente o risco de doenças relacionadas ao calor, como a insolação. “O conforto térmico não é apenas uma questão de conforto em si, mas também de saúde em edifícios comerciais, residenciais e meios de transporte”, lembra o docente.

Além disso, em ambientes hospitalares, o controle de temperatura e umidade é essencial para prevenir a proliferação de bactérias e fungos, assim como para garantir a eficácia de procedimentos médicos – em salas de cirurgia, por exemplo, é necessário manter condições ambientais específicas para garantir a segurança do paciente e a eficácia do procedimento.

Os filtros de ar nos sistemas de ar condicionado também ajudam a reduzir a concentração de poluentes, como pólen, poeira e partículas finas, o que é essencial para pessoas com condições respiratórias, como asma ou alergias.

Em meio às ondas de calor mais intensas e frequentes em todo o mundo, a tecnologia se tornou bem de primeira necessidade. Afinal, esses eventos climáticos são extremamente perigosos para a saúde humana, podendo levar a doenças relacionadas ao calor e até mesmo à morte.

A população idosa e aqueles com doenças crônicas são particularmente vulneráveis a esses impactos. Com as temperaturas subindo acima dos níveis suportáveis, a demanda por sistemas de ar condicionado tem disparado.

No entanto, isso traz consigo desafios em termos de consumo de energia e emissões de gases de efeito estufa. Como resultado, a indústria está em busca de tecnologias mais eficientes e sustentáveis.

Uma tendência emergente é a refrigeração e a climatização inteligentes, que utilizam a internet das coisas (IoT) e a inteligência artificial (IA) para otimizar o desempenho e reduzir o consumo de energia.

“Essas tecnologias não só beneficiam o meio ambiente, mas contribuem para a melhoria da qualidade do ar e da segurança alimentar”, ressalta o especialista.

“Enfrentamos desafios, mas também oportunidades para aprimorar nossa indústria. Com o desenvolvimento contínuo de novas tecnologias e práticas sustentáveis, o HVAC-R continuará sendo vital para a nossa saúde e bem-estar”, avalia.

Refrigeração, uma longa história

Desde as mais rudimentares cavernas geladas à tecnologia de refrigeração de última geração, a busca do homem pelo frio tem moldado nossa sociedade de maneiras imensuráveis.

Enfim, a história da refrigeração começa muito antes da invenção da primeira geladeira. Desde os tempos pré-históricos, os humanos compreenderam a importância de preservar alimentos em temperaturas baixas para aumentar sua longevidade.

No inverno, a neve e o gelo eram armazenados em cavernas, covas e depósitos subterrâneos (ice houses, em inglês). Essas práticas continuaram por milênios, até que as tecnologias começaram a avançar.

O primeiro grande salto conceitual ocorreu em 1748, quando o professor escocês William Cullen desenvolveu a ideia de criar um meio de resfriamento artificial. Seu projeto não tinha aplicação prática, e chamou apenas a atenção de alguns cientistas.

Em 1805, o inventor americano Oliver Evans projetou, mas nunca construiu, o primeiro refrigerador movido a vapor. Foi apenas em 1834 que Jacob Perkins, outro americano, patenteou o primeiro refrigerador prático, que usava éter em um ciclo de compressão de vapor.

E a inovação na área não parou por aí. Em 1844, o médico americano John Gorrie usou o projeto de Oliver Evans para produzir gelo destinado a resfriar o ar para pacientes com febre amarela.

Em 1856, o jornalista britânico-australiano James Harrison criou uma máquina que produzia gelo em larga escala. E, em 1876, o físico e engenheiro alemão Carl von Linde inventou o processo de refrigeração por liquefação de gás, que ainda é usado em refrigeradores e freezers modernos.

Já o primeiro refrigerador doméstico foi introduzido em 1913, pela empresa americana Domelre, mas o equipamento não fez sucesso comercial.

Já a companhia Kelvinator, formada em maio de 1916, se deu bem melhor com os seus aparelhos que resfriavam usando uma bomba de calor de fase alternada.

Mas só em 1925 foram fabricados os primeiros refrigeradores que continham numa mesma unidade a caixa de resfriamento, o compressor e o condensador, trio que antes existia separado, ao lado ou embaixo da geladeira.

Por fim, o primeiro refrigerador a ter sucesso mundial foi um modelo da General Eletric (Monitor-Top) de 1927, uma geladeira que usava dióxido de enxofre como refrigerante. Nos anos seguintes, a refrigeração doméstica tornou-se cada vez mais comum, permitindo a segurança alimentar e a expansão da dieta humana.

Em paralelo, o ar-condicionado estava em ascensão. Em 1902, Willis Carrier inventou a primeira unidade de ar condicionado moderna. Inicialmente projetada para controlar a umidade em uma gráfica, a tecnologia foi rapidamente adotada por cinemas, teatros, escritórios e, eventualmente, residências, transformando a arquitetura e permitindo o crescimento de áreas outrora inabitáveis devido ao calor.

Para o professor Sérgio Eugênio, o desenvolvimento da refrigeração e do ar condicionado ao longo da história é um testemunho do engenho humano e da nossa busca contínua pelo conforto e pela sobrevivência.

“O futuro certamente trará novos avanços e desafios à medida que continuamos a refinar e reinventar essas tecnologias essenciais”, arremata.

Energia geotérmica, um futuro mais verde à vista

Fonte limpa tem sido cada vez mais estudada com vistas a inseri-la futuramente na matriz energética brasileira.

País com enorme potencial geotérmico, o Brasil já percorre a estrada em direção a um futuro de exploração da geotermia, que pode desempenhar importante papel na diversificação da matriz energética nacional, ajudando a reduzir a dependência de fontes não renováveis, como petróleo, carvão e gás natural.

Segundo especialistas, a geotermia apresenta vantagens significativas em relação a outras fontes renováveis de energia, como a solar e a eólica. Enquanto a produção de energia dessas duas fontes depende das condições climáticas, o mesmo não ocorre com a geotermia, que fica disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, independentemente do clima.

Existem três tipos principais de usinas geotérmicas convencionais – vapor seco, acima de 235 °C; flash, em que há uma mistura de água e vapor, com temperatura entre 150 °C e 170 °C; e ciclo binário, em que a água, entre 120 °C e 180 °C, entra em contato com um segundo fluido – com ponto de ebulição mais baixo – e é vaporizada. Em todo mundo, a calefação de ambientes e os banhos termais correspondem a 66% da utilização de energia geotérmica.

Os Estados Unidos são, atualmente, o maior produtor de energia elétrica geotérmica do mundo. O campo geotérmico The Geyser, na Califórnia, por exemplo, é composto por 22 usinas e tem uma capacidade instalada de mais de 1,5 gigawatts de potência.

Com aproximadamente 600 fontes termais e 200 vulcões, a pequena Islândia detém a maior produção per capita de energia elétrica geotérmica do planeta. Cerca de 25% de toda a energia elétrica da ilha europeia tem origem geotérmica. Indonésia, Filipinas, Turquia e Nova Zelândia também se destacam na produção de energia geotérmica. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a capacidade global de energia geotérmica deve crescer cerca de 50% até 2025.

Entretanto, é importante considerar questões ambientais e de segurança. A exploração da geotermia pode envolver a perfuração profunda no solo, podendo gerar impactos ambientais significativos, como a liberação de gases de efeito estufa. Portanto, é fundamental que sejam tomadas medidas adequadas para mitigar esses impactos e garantir a segurança das pessoas envolvidas na exploração geotérmica.

 Potencial brasileiro

Muitos desafios precisam ser enfrentados para que a geotermia seja uma fonte de energia viável no Brasil. Um dos principais obstáculos é o alto custo inicial de investimento, que pode ser um fator limitante para a implementação de projetos geotérmicos em grande escala. Mas há outros processos que também vão dificultar a expansão deste mercado.

“O Brasil tem um subsolo em que água e vapor são encontrados em temperaturas baixas ou moderadas. Isto inviabiliza a construção de usinas geotérmicas convencionais. Mas, quem sabe, poderemos vir a ter uma usina geotérmica não convencional do tipo EGS (Enhanced Geothermal System)”, explica o físico Roberto N. Onody, professor sênior do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP.

Em artigo sobre o tema, o especialista enfatiza que “basicamente, em uma usina EGS, um fluido frio é injetado em um poço (previamente perfurado), profundo o suficiente para atingir rochas muito quentes, secas e impermeáveis, e fazê-lo jorrar, na forma de vapor muito quente, por um outro poço de saída, próximo e paralelo”.

“Portanto, diferentemente das usinas tradicionais que buscam bolsões de fluidos aquecidos, nas usinas geotérmicas EGS os alvos são rochas quentes, impermeáveis e secas. São perfurados poços (com profundidades de alguns quilômetros) nos quais o fluido frio é injetado. Este fluido, ao entrar em contato com rochas muito quentes, se aquece (alta pressão) e, através de um segundo poço, aflora à superfície (pressão atmosférica), onde o fluido se evapora passando a movimentar as turbinas”, detalha.

Para se ter uma ideia do tamanho da dificuldade de expansão, segundo o Conselho Mundial de Energia, a geotermia responde, em todo mundo, por apenas 0,4% da energia gerada. No entanto, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2020, a geotermia representou somente 0,02% da capacidade instalada de geração de energia elétrica no Brasil.

Apesar deste cenário ora nublado, a perspectiva para o futuro de geração de energia geotérmica no Brasil é bastante positiva. O País pode se tornar um dos principais produtores do mundo, aproveitando suas reservas de calor na crosta terrestre. De acordo com estudo do Ministério de Minas e Energia em parceria com o Serviço Geológico do Brasil, temos um potencial geotérmico de cerca de 37 GW, representando uma capacidade energética equivalente a mais de 30 usinas nucleares.

Hoje, esta fonte de energia geotérmica na matriz energética brasileira é bastante limitada, sendo utilizada apenas em áreas de lazer, como ocorre em Poços de Caldas (MG) e Caldas Novas (GO), cidades que utilizam suas fontes termais de água para o turismo.

Mas esta realidade começou a mudar ainda em 2021, com o início das obras do CICS Living Lab, na Escola Politécnica da USP, em São Paulo. A construção será capaz de gerar sua própria energia para climatizar os ambientes usando tecnologia baseada em energia geotérmica, a qual permite a transferência de calor do solo para o edifício por meio das fundações.

O processo é bastante simples. O calor é captado ou rejeitado do solo através de estacas que fazem parte das fundações do edifício. A grande área de contato delas com o solo permite a troca térmica, por meio de tubos instalados em seu interior, os quais transportam o fluido que leva o calor para a superfície, onde uma bomba geotérmica faz a troca de calor entre o subsolo e o interior do prédio.

“O solo funciona como uma espécie de bateria ou reservatório de energia térmica”, descreve a pesquisadora Thaise Morais, do Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), explicando que essa troca é feita de forma contínua e repetitiva até que a temperatura desejada para o ambiente seja alcançada.

De acordo com a especialista, que lidera o projeto, a expectativa é de que a implementação desse sistema possa reduzir significativamente as despesas com o consumo de energia elétrica por aparelhos de ar condicionado. Com a construção desse prédio, espera-se que outras edificações sigam o exemplo e adotem tecnologias similares para promover uma construção mais sustentável e eficiente.

Diante desse cenário positivo, especialistas concordam ser fundamental a implementação de políticas públicas que incentivem a pesquisa, o desenvolvimento e a exploração da geotermia no País. Entre as medidas necessárias estão a criação de marcos regulatórios específicos para o setor geotérmico, o fomento à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e sustentáveis, além da concessão de incentivos fiscais e financeiros para projetos de energia geotérmica.

Com isso, será possível aproveitar todo o potencial da geotermia como fonte de energia limpa e renovável no Brasil, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a construção de uma matriz energética mais diversificada e sustentável.

Feicon 2023 apresentou soluções inteligentes para o setor HVAC-R

A Feicon 2023, maior evento de construção e arquitetura da América Latina, apresentou as mais recentes inovações em soluções sustentáveis ​​e energeticamente eficientes para o setor HVAC-R.

O evento, que aconteceu em São Paulo, reuniu as principais empresas e profissionais do setor, apresentando novas tecnologias como sistemas de aquecimento solar para chuveiros e piscinas, controladores digitais, isolantes térmicos e acústicos, sistemas de renovação de ar e sistemas de ar mais eficientes condicionadores.

Os expositores enfatizaram seu compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa e a promoção de práticas sustentáveis ​​de construção. Lançamentos de produtos notáveis ​​incluíram a linha de ar condicionado Split Eco Inverter II da Elgin, que usa o refrigerante R-32 e obteve altas classificações de eficiência energética. A Armacell apresentou seu isolamento acústico ArmaConfort Hidro para instalações hidráulicas e a Full Gauge apresentou sua linha Microsol Connect de controladores de sistema de aquecimento solar. A Emmeti apresentou seus tubos multicore de alta qualidade para instalações divididas, e a Sicflux apresentou novos equipamentos de ventilação e exaustão.

O foco da indústria em sustentabilidade e eficiência energética é impulsionado por crescentes preocupações e regulamentações ambientais.

HVAC-R assume protagonismo na descarbonização de edifícios

Levantamento do Green Building Council Brasil revela que 37% das emissões de carbono são oriundas dos edifícios, e estão divididas entre as fases de construção (10%) e de operação (27%).

Longe de um acordo sobre ações para conter – ou mesmo minimizar – os efeitos das mudanças climáticas nos próximos anos, os governantes em todo mundo continuam perdendo a já desgastada credibilidade nesse tema, conforme ficou patente na 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), realizada em novembro de 2022, em Sharm el-Sheikh (Egito).

A ausência de uma convenção estatal sobre a busca por soluções para o problema ambiental está abrindo caminho para o protagonismo da iniciativa privada. Nesse contexto, a indústria do frio e da construção civil têm investido em pesquisa e tecnologia para tornar os novos imóveis cada vez mais “verdes” – é a chamada descarbonização.

Globalmente, segundo o Green Building Council Brasil, 37% das emissões de carbono são oriundas dos edifícios, e estão divididas entre as fases de construção (10%) e de operação (27%), especialmente pelo alto consumo de energia.

“A tendência é haver avanços, e devemos aproveitar a oportunidade para assumirmos o compromisso de fazer parte desse processo. Hoje, a principal ação para mitigação das emissões operacionais são os projetos de eficiência energética”, argumenta o CEO do GBC Brasil, Felipe Faria, que em 2021 foi reeleito para um novo mandato no World Green Building Council.

O Green Building Council Brasil ajudou a construção civil nacional a se tornar um dos cinco principais mercados do mundo para a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), voltada para construções sustentáveis.

“Além de ser destaque em matéria de edificações com certificação, o Brasil tem aumentado o percentual de projetos certificados que atingem o nível Platinum da certificação, ou seja, o mais alto nível de desempenho em eficiência. Enquanto no mundo, apenas 8% dos projetos são Platinum, aqui no País é de 11%”, menciona Faria.

O gestor explica que em torno de 40% das certificações Platinum emitidas no Brasil ocorreram nos últimos três anos, e o percentual, medido até o final de outubro de 2022, chegou a 26%, o maior do mundo. A Índia ficou com 24% e a Itália, com 23%.

“A principal ação para mitigação das emissões operacionais são os projetos de eficiência energética. Acompanhando o resto do mundo, e por vezes possuindo edificações que se destacam, vemos uma maior receptividade para o investimento em inteligência de engenharia e arquitetura de modo a buscar as melhores escolhas visando maximizar a eficiência e a redução da carga térmica da edificação”, complementa Faria, ao também se referir ao importante papel desempenhado pelo HVAC-R no processo de descarbonização.

De acordo com o Comitê de Artigos Técnicos da Smacna Brasil, em uma edificação com sistema de climatização operante, o ar-condicionado representa, em média, de 40% a 80% da demanda energética.

“Assim, diversas políticas públicas, normas e diretrizes estão sendo desenvolvidas para estimular a descarbonização de edificações, seja para edifícios novos ou para o retrofit daqueles já construídos”, enfatiza a associação técnico-científica.

Ainda segundo a Smacna Brasil, “a descarbonização de edifícios deve considerar o projeto, a construção, o retrofit e a operação das edificações, sendo alguns exemplos a redução das emissões de carbono nas operações e durante a construção; diminuir a demanda de energia, preservando a qualidade e funcionalidade dos ambientes internos; adotar fontes de energia renovável; e reduzir o carbono incorporado nos materiais estruturais, do envelope e dos sistemas dos edifícios”.

O engenheiro Walter Lenzi, presidente do Ashrae Brasil Chapter e sócio-diretor da W&R Lenzi, reforça que o processo de descarbonização de edifícios abrange todo o ciclo de vida do empreendimento, incluindo projeto, construção, operação, ocupação e fim de vida.

“Construção civil, uso de energia, vazamento de metano e refrigerantes são as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa. A avaliação do ciclo de vida do edifício envolve a consideração de emissões operacionais, geralmente provenientes do uso de energia, e incorporadas, as quais abarcam as emissões de GEE associadas à construção de edifícios, incluindo extração, fabricação, transporte e instalação de materiais de construção, bem como as emissões geradas por manutenção, reparo, substituição, reforma e atividades de fim de vida. As emissões incorporadas também incluem perdas de refrigerante ao longo do ciclo de vida do edifício”, detalha o especialista.

Segundo Lenzi, os principais meios para reduzir as emissões de GEE dos edifícios são diminuir o uso de energia do edifício por meio da eficiência energética; reduzir o carbono incorporado na construção; adotar a eletrificação energeticamente eficiente das necessidades de energia do edifício; projetar prédios para otimizar a flexibilidade da rede; fornecer energia renovável no local; e descarbonizar a rede elétrica.

Há diferenças importantes entre o processo de descarbonização de um edifício comercial e de um residencial novo e usado. Enquanto o empreendimento novo pode ser comparado com uma simulação computacional de consumo de energia com referência ao projeto, o edifício já existente passa por estudo de eficiência energética, análise do consumo de energia do edifício e sistemas prediais (chamado de walkthrough análises 01, 02, 03), além de posterior implantação das possíveis melhorias. Com isso, pode ser verificada a economia de energia alcançada com os novos sistemas comparando-se com os últimos 12 meses de consumo.

 

HVAC-R na dianteira

Especificamente, a indústria de aquecimento, ventilação, ar condicionado e e refrigeração pode colaborar promovendo uma série de intervenções nos modelos de gestão de sistemas de refrigeração e climatização, principalmente quando participa de projetos.

A Smacna Brasil, por exemplo, visualiza diversas oportunidades interessantes surgindo para o HVAC-R, que vem despontando no atendimento das demandas de sustentabilidade e maior eficiência energética, inclusive estimulando o respeito às normas internacionais.

A organização entende que o HVAC-R desempenha um papel decisivo para a redução das emissões de carbono nos edifícios, pois a cadeia produtiva do frio tem se desenvolvido tecnologicamente para atender às demandas de sustentabilidade e eficiência energética, incluindo as normas internacionais.

Para começar, a entidade entende ser fundamental eliminar liberações de refrigerante, minimizando vazamentos e usando produtos de baixo potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês); adotar válvulas eletrônicas, parâmetros de automação e setpoints de sistemas mais inteligentes; instalar variadores de frequência e sistemas de bombeamentos mais eficientes, além de equipamentos energeticamente que consomem menos energia.

Na fase da construção, há emissão direta com a atividade construtiva de canteiro de obra, toda a logística dos fornecedores e funcionários que emitem gases de efeito estufa com o transporte e o carbono incorporado – emitido no processo industrial de cada material e produto utilizado na construção, como aço, cimento, concreto, alumínio, cerâmica, madeira, vidro.

“O carbono incorporado é um assunto que gera muita discussão porque faltam dados e informações da indústria. Precisamos que o setor da construção civil faça estudos de avaliação de ciclo de vida dos seus produtos. Deve-se analisar o desempenho ambiental desde a extração da matéria-prima até o produto estar pronto”, propõe Felipe Faria, do Green Building Council Brasil.

A boa notícia, ressalta o executivo, é que o Ministério de Minas e Energia criou, em 2022, o Sistema de Informação de Desempenho Ambiental da Construção (Sidac), plataforma gratuita para a indústria realizar sua avaliação de ciclo de vida com foco em intensidade energética e carbono incorporado.

Diretor-adjunto do Departamento Nacional de Meio Ambiente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) e presidente da Câmara Ambiental do Setor de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação da Cetesb, Thiago Pietrobon, fundador da Ecosuporte, também entende que a área de refrigeração e climatização é uma das protagonistas das iniciativas de redução das emissões de carbono em edifícios.

“Nesse tipo de levantamento, aspectos como refrigeração, climatização conforto térmico e renovação de ar são indicadores fundamentais para a estruturação de processos de descarbonização. Um bom projeto busca o equilíbrio entre cada um desses itens e a harmonia com bons projetos arquitetônicos. Dessa forma, permite-se extrair da natureza tudo o que ela pode fornecer em termos de qualidade ambiental e beleza estética, sem agredir o meio ambiente”, completa o dirigente.

 

Estudo mostra drywall mais “verde” que blocos cerâmicos

Líder global em construção leve e sustentável, a francesa Saint-Gobain promoveu no Brasil estudos comparativos entre dois perfis de parede interna e descobriu que as peças desse tipo produziam uma série de benefícios ambientais.

O processo pode ser otimizado também com uso de materiais leves. As análises, feitas com dois perfis de parede interna (drywall e blocos cerâmicos de 140 milímetros rebocados com cimento), com um metro quadrado, descobriram que as peças do primeiro tipo produziam uma série de benefícios ambientais.

Bem mais leve, o drywall causaria uma queda de 63% no potencial de aquecimento global. Segundo o estudo da multinacional, os ganhos envolvem ainda uma redução de 49% no uso de energia primária, de 80% no peso do sistema de paredes e de 36% no consumo de água.

Ainda de acordo com a empresa, “a reutilização ou reciclagem de materiais é outra opção pela descarbonização da construção civil. Reutilizar o vidro, por exemplo, torna o item ‘descarbonado’, podendo diminuir o uso de energia em 3% para cada 10% de vidro adotado na construção”.

A partir deste conhecimento, detalha a empresa, o uso de uma tonelada de vidro reciclado reduz as emissões de carbono em 300 quilos, devido à diminuição do consumo de energia.

 

CECarbon

Por confiar no processo de descarbonização, a Saint-Gobain se tornou a primeira patrocinadora da CECarbon, calculadora de consumo energético e emissões de carbono para edificações desenvolvida pelo Comitê de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Comasp), composto por diversas entidades, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a Agência de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ, na sigla em alemão) e a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério do Desenvolvimento Regional.

A ferramenta é de acesso aberto e visa mensurar impactos e contribuir para a identificação de riscos e oportunidades para a cadeia produtiva da construção civil. A CECarbon leva em consideração o ciclo de vida dos insumos empregados na obra, desde a sua exploração e beneficiamento até o momento do uso na fase construtiva. Assim, pode-se optar por construções de menor impacto.

Lançada em 2020, a CECarbon permite a inserção de dados em momentos distintos de uma obra, com a possibilidade de produzir três edições. Dessa forma, é possível comparar dados de projeto com o efetivamente realizado. Os resultados permitem compreender os comportamentos dos indicadores de acordo com as escolhas realizadas ao longo do processo, abrindo caminho para uma melhor gestão de impactos da edificação.

Descarbonização da economia passa pelo isolamento térmico

Tecnologia garante conforto, bem-estar e redução de consumo de energia nas construções.

Agora que a economia de energia deixou de ser uma questão puramente técnica para estar na boca de todo mundo, é hora de falar com clareza sobre quais são os elementos que mais podem resultar em consumo menor de energia em edifícios e instalações de refrigeração e ar condicionado. Para atingir isso, uma das chaves é o isolamento térmico.

Atualmente, o mercado dispõe de uma vasta gama de fontes limpas e renováveis – solar, eólica, geotérmica e biomassa – para tornar o consumo energético menos intensivo em carbono. No entanto, sistemas eficientes e mais ecológicos só serão úteis se forem instalados em edifícios bem isolados, uma vez que grande parte da energia gerada é perdida em construções sem isolamento adequado.

Nos ambientes construídos, para se obter um correto isolamento térmico, é preciso dar especial atenção às paredes e ao teto. Ao investir no isolamento de ambos, não se obtém apenas economias significativas de energia, como também se agrega mais conforto e bem-estar para os ocupantes de casas, escritórios e fábricas.

Atualmente, existem muitos materiais que podem ser utilizados para isolar internamente uma construção, como poliuretano (PUR), fibra de vidro, lã mineral, placa de lã de madeira etc.

Segundo os especialistas da área, esses materiais são muito fáceis de serem instalados e podem ser implantados facilmente, gerando benefícios diretos para o bolso e o planeta – afinal de contas, as cidades, onde ficam a maioria absoluta das construções, são responsáveis pelo consumo de 78% da energia mundial e por 60% das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

É por isso que a descarbonização dos edifícios passa pelo isolamento térmico. “A melhor energia é aquela que não é produzida porque não é necessária a sua utilização. Isso significa que a redução da demanda energética através do isolamento térmico também deve ser priorizada”, explica Luis Mateo, diretor da associação espanhola de fabricantes do setor.

Segundo ele, um edifício com um nível ótimo de isolamento “sempre” reduzirá suas necessidades energéticas e, consequentemente, emitirá menos dióxido de carbono ao longo de sua vida útil.

“Dessa forma, o isolamento térmico torna os edifícios mais sustentáveis, melhora a qualidade de vida das pessoas e valoriza as construções”, conclui.

 Qualidade acústica

Com o aumento do trabalho remoto, o isolamento termoacústico também provou-se essencial para a produtividade.

Segundo o engenheiro Gilmar Luiz Pacheco Roth, membro da Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav), embora não existam dados concretos, é possível observar que, desde julho de 2013, quando a Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais (NBR 15575) entrou em vigor, o setor de incorporação passou a pensar na qualidade acústica de seus prédios.

“Um bom isolamento acústico pode servir tanto para residências como ambientes de trabalho e estudo, além de locais corporativos para apresentações e reuniões”, diz.

“A indústria, prontamente, passou a investir no desenvolvimento de materiais acústicos, elementos e sistemas tanto de isolamento, como mantas, quanto na melhor performance de esquadrias e elementos de vedação”, afirma.

Já os construtores, segundo ele, passaram a investir em medições acústicas em obras, para certificação do desempenho das opções escolhidas. Paralelo às ações citadas, consultorias especializadas e ensaios laboratoriais específicos para produzir parâmetros na qualidade acústica dos prédios tiveram um crescimento considerável por solicitação dos construtores.

O especialista explica que o isolamento acústico está diretamente relacionado ao controle de ruído, seja por via estrutural de um prédio ocasionado por vibrações de algum equipamento mecânico, ou ruído aéreo, produzido por inúmeras fontes, móveis ou fixas. Já o conforto acústico é o resultado obtido através do isolamento acústico de um ambiente, e pode ser combinado com o condicionamento acústico, que se refere à qualidade dos sons produzidos num ambiente interno e sua propagação no recinto e cuida do controle do tempo de reverberação (eco).

“A acústica bem projetada de um ambiente para desempenho de atividades laborais é fundamental para a produtividade e bem-estar dos usuários. Acústica e saúde andam juntas, pois uma das vantagens de um ambiente bem projetado acusticamente é a contribuição para melhorar a concentração e a diminuição do estresse, geralmente causado por ruídos excessivos, conversas paralelas, equipamentos ruidosos e outras situações conflitantes de trabalho, muito comuns nos meios corporativos”, acrescenta.

 Cadeia do frio

Muitos produtos, como alimentos e produtos fármacos, por exemplo, precisam ser acondicionados em ambientes refrigerados. O objetivo é que, armazenados por um certo período em um ambiente de temperatura controlada, de acordo com suas necessidades específicas individuais, os itens tenham sua vida útil garantida.

Para isso, atacadistas e varejistas utilizam câmaras frias, que são consideradas um dos equipamentos mais importantes para garantir o isolamento térmico e manter a conservação dos produtos estocados.

Fazer o controle de temperatura das câmaras frias, no entanto, não é tarefa fácil. Formadas por uma série de equipamentos que auxiliam no isolamento do ambiente e impedem a entrada de calor no espaço interno, elas exigem uma verdadeira barreira protetora dos insumos.

“Quando o local sofre com a entrada de calor, é possível que a câmara frigorífica tenha infiltrações que podem causar instabilidades climáticas, por exemplo. Além disso, a falta de vedação das paredes ou portas isolantes e a abertura delas por longos períodos ocasiona a entrada de calor no espaço e pode resultar em um problema sério, como perda dos produtos e aumento de custos. Por essa razão, é importante contar com equipamentos que permitam máxima vedação e o isolamento térmico industrial, como é o caso de uma porta rápida”, comenta Giordania Tavares, diretora-executiva da Rayflex.

Ela explica que, para a montagem de uma câmara frigorífica para estocagem de produtos já resfriados ou congelados, é importante definir o fluxo e o nível de rigorosidade.

“As movimentações que acontecem em uma câmara fria industrial precisam de agilidade. O principal desafio encontrado em locais voltados para o isolamento térmico e que necessitam de uma alta taxa de movimentação é justamente preservar essa temperatura com a abertura e fechamento das portas”, diz a executiva.

E são as portas um dos principais equipamentos dessas câmaras frias. “Geralmente, o acesso a esses locais é feito com o uso de uma empilhadeira ou paleteira. O recomendado é que as portas tenham abertura e fechamento muito rápido ou que não precisem de intervenção humana direta, podendo ser acionadas também por botoeira, puxador, controle remoto e laço de indução. Sem isso, um operador precisará descer da paleteira para fechar a porta”, completa.

No mercado brasileiro, dois tipos de painéis isotérmicos vêm se destacando na utilização em câmaras frias, sendo eles o com núcleo em poliisocianurato (PIR) e o poliestireno expandido (EPS), conforme ressalta o CEO da Dufrio, Guillermo Zanon.

“O PIR é um plástico termofixo, obtido da mesma forma que o PUR, com alguns diferenciais químicos e de composição e que apresenta também excelentes propriedades termoisolantes e mecânicas. Tecnicamente, se diferencia do PUR por apresentar melhor resistência térmica a altas temperaturas. As placas de PIR são compostas de 95% de células fechadas e o restante de abertas”, explica.

“Por conta disso, o PIR não absorve água. Entre as vantagens, apresenta baixo índice de condutibilidade térmica, o que, comparado a outros produtos voltados ao isolamento térmico, é bastante interessante, necessitando de uma espessura menor para ter o mesmo nível de isolamento de outros, ou seja, ele é mais eficiente”, detalha.

Por não ser necessária a utilização de água na sua instalação e nem na produção, é considerado uma construção seca. “Ambas as opções – PIR e EPS – são painéis que chegam prontos para instalação, o que proporciona um canteiro de obras limpo, alta produtividade, livre de entulhos e de desperdício de materiais. Trabalham tanto como revestimento de vedação, quanto estrutural, e, por isso, dispensam chapisco e reboco, diminuindo o peso próprio das edificações”, salienta o executivo, lembrando que a Dufrio fornece essas tecnologias para “vários segmentos, como frigoríficos, abatedouros, logística de alimentos e medicamentos, supermercados, agronegócio e lojas de conveniência, entre outros”.

Outro grande player nacional, a Frigelar também se mantém atenta à evolução e às demandas do segmento. “O isolamento térmico está completamente ligado à eficiência energética, assunto que é pauta e desafio para o mercado brasileiro”, diz o gerente de vendas da divisão industrial da companhia, Eduardo Machado.

“Painéis termoisolantes de alto rendimento são bem-vistos pelos clientes que buscam a excelência em suas operações. A EOS/Frigelar tem fornecido ao setor painéis e portas frigoríficas de altíssima qualidade. As densidades implicam diretamente na barreira de troca de calor e, por esse motivo, temos investido muito nos controles internos. Os encaixes dos painéis, a injeção de portas, a densidade do EPS são requisitos básicos para um maior isolamento”, acrescenta.

Para o gestor, o mercado, principalmente os nichos de armazenagem, transporte e estocagem frigorificados, está em alta. “Indústrias, varejos e comércios estão sendo desafiados a evitarem o desperdício, uma vez que os custos estão cada vez mais altos.

O desperdício por armazenagens inadequadas, por exemplo, ocasiona uma diminuição direta das margens de lucro, muitas vezes impedindo o crescimento dos negócios.”

 Expectativas para 2023

De maneira geral, a indústria brasileira de isolantes termoacústicos está relativamente confiante com relação às perspectivas de negócios para o ano que vem, apesar do cenário bastante recessivo previsto em algumas regiões do mundo.

“O Brasil pode aparecer como uma boa alternativa de investimento estrangeiro, podendo acelerar negócios em 2023, inclusive no segmento da construção, e, por consequência, afetando positivamente o segmento de isolantes térmicos no próximo ano”, avalia o diretor-geral da Armacell, Mansur Haddad.

“É claro que isso dependerá também das definições do próximo governo, e na condição que ele estabeleça uma agenda de responsabilidade fiscal, assim como uma boa base de segurança jurídica aos investidores externos. Acreditamos também que uma parte do bom crescimento encontrado no nosso segmento nos últimos dois anos seguirá ocorrendo em 2023 devido às dinâmicas inércias naturais dos mercados do HVAC-R”, completa.

Segundo o executivo, a Armacell vem trabalhando e investindo constantemente na qualidade de seus produtos, “para oferecer aos nossos clientes soluções de alta performance”.

“Este ano, inauguramos o Centro Tecnológico Armacell (CTA), projetado para realização de testes, concepção e aperfeiçoamento de produtos e materiais, aprimoramento de tecnologias de instalação, desenvolvimento de peças de isolamento pré-fabricadas (fittings), além de possuir infraestrutura para treinamentos on-line e presenciais”, revela.

“O CTA será o eixo central de inovação na América do Sul, ou seja, referência no mercado em isolamentos térmicos na tecnologia de elastoméricos e polietilenos, através da implementação de conceitos como o de joint innovation ou mesmo de inovação aberta”, enfatiza.

A Epex – outro grande nome do setor – pretende se manter firme em seu “propósito de levar produtos de qualidade ao mercado, visando sempre facilitar o dia a dia de revendas e instaladores, mesmo diante do incêndio de grandes proporções que atingiu a empresa em julho”, conforme esclarece a diretora comercial companhia, Juci Crsipim.

“Pensando nisso, seguiremos fornecendo nosso isolamento Tubex Inverter na embalagem Slim (20 barras por pacote), isolamento Tubex Dreno também na embalagem Slim (15 barras por pacote), além da nossa manta protetora de superfícies Protepiso. Cabe igualmente ressaltar a parceria Epex Wincell estará ainda mais forte no próximo ano para o mercado de espuma elastomérica na América Latina”, diz a executiva, ressaltando que as expectativas da empresa para 2023 estão elevadas e agradecendo “imensamente ao mercado de climatização e refrigeração por todo apoio dado à epex” após o incêndio em sua planta.

Quem também está otimista em relação ao desempenho do setor no próximo ano é a Rocktec. “Em 2021, falando em números reais de produtividade, nós tivemos um crescimento de 48% em relação a 2020. Enfim, foi um ano incrível e, por essa razão, difícil de ser superado, mas fomos surpreendidos em 2022, para o qual temos um crescimento previsto de 11,5% sobre 2021. Isso é fantástico”, explica o diretor comercial da empresa, Elias Barbosa.

“A Rocktec vem, nos últimos anos, se destacando no segmento de sistemas de ar condicionado com sua linha de pré-isolados AluPir, referência no Brasil e em outros sete países com bastante força, tanto que ainda no primeiro semestre de 2023 estaremos inaugurando nossa nova sede”, diz.

“Nesse novo local, teremos mais uma máquina de linha contínua e, até final do segundo semestre de 2024, estaremos com três máquinas desse tipo em operação. Com isso, teremos preços ainda mais competitivos para oferecer ao mercado nacional e em alguns outros mais países onde estamos buscando novas parcerias”, antecipa o executivo.

Monitoramento remoto, a pedra angular do supermercado moderno

Visto anteriormente como um complemento dispensável, os sistemas de monitoramento dos equipamentos do frio se tornaram ferramentas essenciais para varejistas que buscam maximizar a eficiência de seus sistemas e minimizar as perdas por paradas inesperadas, principalmente por mau funcionamento de componentes.

Ao procurar sistemas supervisórios, os supermercadistas entendem que a telegestão dos equipamentos nas lojas, o gerenciamento remoto de alarmes e a otimização dos parâmetros são hoje demandas inegociáveis, dada a grande importância que estes aspectos ganharam no HVAC-R.

Antes da chegada das tecnologias de monitoramento a distância, uma falha comum, a exemplo de um evaporador bloqueado por gelo, gerava altos custos de manutenção, visto que nesses casos havia a necessidade de deslocamento de uma equipe de serviço ao local para que fosse possível forçar um degelo manualmente.

“Hoje, algumas plataformas como o RED possuem algoritmos otimizados que conseguem prever uma possível perda de rendimento de um evaporador em um supermercado e gerar uma notificação para as equipes de monitoramento remoto para que uma revisão na configuração de degelo possa ser realizada a partir de uma central única de supervisão. Mesmo que esteja a centenas de quilômetros de distância não há necessidade de deslocar equipes técnicas ao local”, afirma o gerente técnico da Carel na América Latina, Marcel Nishimori.

As tecnologias de monitoramento atualmente disponíveis no mercado se refletem fortemente para minimizar os efeitos negativos de paradas para manutenção. “Ao visualizar os sistemas de supervisão e os gráficos com diversas informações termodinâmicas, as equipes de supervisão remotas conseguem realizar uma análise mais precisa e deslocar ao campo o tipo de profissional mais adequado para a realização da manutenção de forma mais assertiva e rápida”, explica o gestor.

Um dos principais produtos da Carel nesta linha específica da cadeia do frio é o Sistema Boss de monitoramento local. O componente supervisório permite conectar todos os dispositivos eletrônicos instalados nos equipamentos de frio alimentar, iluminação, ar-condicionado e outros que possam comunicar-se por meio de protocolos abertos, tais como ModBus, Bacnet, SNMP, entre outros.

“Esses dispositivos são essenciais para o armazenamento de informações de operação dos equipamentos, gestão de alarmes e a possibilidade de otimizar os sistemas pela integração entre os controles da casa de máquina (racks) e os evaporadores instalados nas câmaras frias e expositores. Funções como sucção flutuante, modulação de resistência de orvalho, entre outras, só podem ser executadas ao interligar todos os dispositivos através de um sistema supervisório”, detalha Nishimori.

Já a plataforma RED, ilustra o executivo, é a ferramenta, em nível corporativo, que permite a gestão de múltiplas lojas por meio de um painel de controle único, no qual todas as informações coletadas de centenas de equipamentos de cada estabelecimento são apresentadas em forma de indicadores de fácil compreensão, até para gestores que não são especializados em sistemas de refrigeração.

“A customização da forma em que as informações são apresentadas, além da expertise da nossa empresa em correlacionar os dados termodinâmicos de forma a utilizar algoritmos de machine learning (inteligência das máquinas) para predição de desvios de operação e falhas, são algumas das principais características dessa plataforma revolucionária”, complementa o gerente técnico da Carel.

Para o engenheiro de vendas da Danfoss, Alex Pagiato, os clientes supermercadistas geralmente buscam soluções tecnológicas para minimizar impactos de perdas em sua cadeia.

“Entretanto, podemos constatar que eles não desejam fazer simplesmente o monitoramento, mas, sim, aproveitar os benefícios que ele proporciona. Monitorar não significa dizer que todos os problemas vão desaparecer, mas sim vão ser evidenciados, e para isso ações terão de ser tomadas para alcançar mais performance. As tecnologias atuais proporcionam aos clientes desde o controle de temperatura em balcões e geladeiras até a garantia da qualidade de produtos comercializados, suscitando alarmes que reduzem tempos de paradas”, destaca o executivo.

Segundo ele, outro ponto a se levar em consideração neste cenário é o consumo de energia, um dos grandes vilões dos altos gastos no setor. “Muito precisa ser feito, mas um dos desafios e soluções propostas pela Danfoss é integrar todo o monitoramento de uma loja, incluindo iluminação, ar-condicionado, temperatura, alarmes e energia, garantindo, assim, a melhor gestão do negócio dos nossos clientes”, propõe Pagiato.

O gestor esclarece que o monitoramento de alarmes dos pontos críticos tem um impacto bem positivo, pois o operador recebe a informação, em tempo real, e pode tomar as ações necessárias, remota ou fisicamente.

“Embora cada loja tenha as suas particularidades, o monitoramento pode prever as manutenções preventivas antes que ocorra a manutenção corretiva. Estamos falando de 30% a 60% menos paradas para manutenções corretivas quando se tem o correto monitoramento. Para gerar economia de energia, é necessário realizar os ajustes nos parâmetros da sala de máquinas e no controle de cada ponto refrigerado. Assim, dá para economizar até 26% de energia”, completa Pagiato.

Outro importante player do HVAC-R, a Eletrofrio espera, para os próximos anos, um grande avanço na prestação de serviços de monitoramento remoto para gerenciamento do frio e da energia elétrica para os sistemas de refrigeração comercial.

Na visão do gerente de engenharia da companhia, Rogério Marson Rodrigues, toda base de hardwares e softwares já está desenvolvida e em operação em uma pequena parcela do varejo brasileiro, a qual já colhe excelentes resultados operacionais – da redução de quebras e de perdas de perecíveis à economia no consumo de energia elétrica.

“Tais avanços rapidamente serão transmitidos ao mercado e muitos outros varejistas procurarão por estes serviços”, projeta o executivo, para quem o monitoramento e gerenciamento de dados são ferramentas poderosas para as rotinas de manutenção, prevalecendo as preditivas e preventivas às corretivas.

“A redução do custo de substituição de peças e de mão de obra é perceptível já no primeiro ano de trabalho, porém nada supera a diminuição das quebras e da perda de produtos perecíveis e o melhor atendimento do consumidor final, aumentando a percepção de qualidade da marca do varejista que se utiliza desses recursos tecnológicos”, constata.

Conhecida pelos expositores frigoríficos presentes nas principais redes de supermercados do País, a Eletrofrio também é fabricante de equipamentos de refrigeração e painéis frigoríficos, não só para a refrigeração comercial, mas também para a industrial, novo mercado de atuação da companhia, que neste ano completou 76 anos de existência.

“Todos os sistemas de refrigeração projetados pela nossa empresa estão aptos a receber controladores eletrônicos interligados a um supervisório que permite acesso remoto, gerenciamento e análise de dados que resultam em uma programação de manutenção preditiva e preventiva, reduzindo as ações corretivas. Esse processo pode diminuir em até 50% as perdas de perecíveis em um supermercado”, enfatiza Marson.

Nessa mesma pegada, o vice-diretor da Full Gauge Controls, Rodnei Peres, entende que a busca por soluções em eficiência energética passa por componentes como controladores digitais inteligentes com funções de set point econômico, controladores para centrais de racks, válvulas de expansão eletrônica, softwares e aplicativos de gerenciamento via internet e equipamentos com compressores de velocidade variável.

“São investimentos que se pagam, na maioria das vezes, no médio prazo. O uso de válvulas de expansão eletrônicas, controladores para racks e software de gerenciamento representa uma economia que pode chegar a 20% logo nas primeiras semanas”, exemplifica o gestor.

A Full Gauge Controls também é famosa pelo software de gerenciamento remoto Sitrad Pro, reconhecido pela facilidade de programação, suporte técnico oferecido e economia de energia gerada.

De acordo com a companhia, um de seus carros-chefes é a linha Valex para controle de válvulas de expansão eletrônica, modelos VX-1025E plus e VX-1050E plus, que garantem economia de cerca de 20% na aquisição de equipamentos que complementam a instalação, já que estes podem ser mais compactos e de menor capacidade.

“Ao realizar o gerenciamento e monitoramento pelo Sitrad Pro, o instalador, o usuário responsável pela manutenção e o proprietário do negócio acessam as informações em tempo real, evitando perdas geradas por uma série de problemas, como a existência de uma porta de uma câmara fria aberta, por exemplo”, justifica Peres.

O monitoramento a partir de sensores sem fio e de alarmes inteligentes também é o foco da Syos, startup parceira da Coel. A empresa tem como clientes supermercadistas que necessitam acompanhar o desempenho de refrigeradores, balcões, freezers e câmaras frias.

“A qualquer sinal de não conformidade, seja por causa de um problema do próprio equipamento, de uma porta de câmara fria aberta, do armazenamento de produtos em excesso em um refrigerador ou algum problema de temperatura, enviamos alertas via WhatsApp indicando qual equipamento está com problema para que o gestor ou seu time possa resolvê-lo de forma rápida e eficiente”, explica o CEO da companhia, Paulo Lerner.

O executivo diz que a inteligência artificial, que capta dados e entende os padrões de temperatura de cada equipamento, consegue identificar e prever falhas antes mesmo de elas acontecerem, fazendo com que a perda de produtos perecíveis seja reduzida significativamente.

“A tecnologia e a gestão inteligente dos nossos sistemas permitem ao supermercadista monitorar sua área refrigerada com segurança e tranquilidade, reduzir o comprometimento dos produtos, garantir mais qualidade e diminuir os custos, principalmente com manutenções emergenciais”, conclui Lerner.

Especializada em projetos de refrigeração comercial e na prestação de serviços de assistência técnica, manutenção preventiva, corretiva, projetos, vendas, retrofits e planejamento de novas obras, a Superfrio também aposta em centrais frigoríficas dotadas de inversores de frequência, válvulas de expansão eletrônicas, condensadores de microcanal e fluidos refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global.

Segundo o analista de marketing do fabricante, Eduardo Seraphim, a empresa dispõe de produtos de série e customizados que combinam componentes de última geração desenvolvidos para garantir sua durabilidade, melhorar a qualidade do frio alimentar, economizar energia e reduzir emissões de gases de efeito estufa.

“Com a tecnologia de monitoramento remoto, podemos identificar um problema muito mais rápido, conseguindo assim resolvê-lo em menor tempo. Consequentemente, as perdas se tornam cada vez menores, por conta de paradas em equipamentos do frio alimentar”, diz.

 Compressores

Fabricante das soluções de refrigeração Embraco, a gigante Nidec Global Appliance tem se focado em desenvolver e lançar produtos que respondam às principais demandas dos supermercadistas, como economia de energia e equipamentos tão eficientes que reduzem drasticamente as paradas para manutenção.

Uma das principais tendências tecnológicas oferecidas pela empresa está nos compressores de velocidade variável, que podem entregar até 40% de economia de energia, dependendo da aplicação, em comparação com a tecnologia tradicional de velocidade fixa.

Esses equipamentos oferecem também melhor desempenho na preservação dos alimentos, pois mantêm a temperatura interna dos gabinetes mais estável, bem como promovem a redução de ruído. Com esta tecnologia, o inversor (placa eletrônica) interpreta as necessidades de temperatura do refrigerador e regula a velocidade de rotação do compressor para atender essa demanda.

“O uso de compressores de velocidade variável eleva as possibilidades de aplicação da Internet das Coisas (IoT), pois os inversores que controlam os compressores permitem agregar novos recursos e controles entre o refrigerador e o compressor, os quais permitem, por exemplo, o monitoramento e a atuação remotos”, salienta o diretor de vendas e engenharia de aplicação para América Latina da Nidec, Sander Malutta, também responsável pelo portfólio da Embraco.

O executivo frisa que a companhia tem acompanhado a tendência tecnológica da redução de tamanho dos compressores. De acordo com ele, a miniaturização, por meio do uso de muita tecnologia embarcada, visa à fabricação de compressores menores, mas com a mesma capacidade de refrigeração e geralmente com maior eficiência energética do que seus antecessores.

“Há vários ganhos nisso, como o melhor aproveitamento do espaço interno do gabinete para armazenamento de produtos, a redução do consumo de recursos naturais para fabricação dos compressores e a otimização do transporte, com mais compressores por caminhão ou container”, afirma o diretor.

No Brasil, os carros-chefes para a refrigeração comercial da Nidec são os compressores de velocidade variável, como as linhas VEM e FMF. O VEMT404U foi desenvolvido para aplicações comerciais, como merchandisers e equipamentos de refrigeração para cozinhas profissionais ou outros serviços de alimentação.

O modelo FMF faz parte de uma família de compressores de velocidade variável para aplicações comerciais que apresenta os melhores níveis de eficiência energética do mercado na sua categoria de tamanho e capacidade de refrigeração, segundo a multinacional.

A tecnologia permite controlar melhor o funcionamento do equipamento de refrigeração. O compressor de velocidade variável, por exemplo, funciona acoplado a uma placa eletrônica (inversor).

“Nossos compressores, com essa tecnologia, utilizam um software de controle lógico chamado Smart Drop In, desenvolvido para ajustar a velocidade de rotação do compressor em situações de operações reais para o segmento comercial leve, como o degelo a gás quente ou resistência elétrica, abertura intensiva de porta e rápida recuperação de temperatura, sempre buscando um ponto adequado de consumo de energia”, finaliza Malutta.

Redução progressiva de HFCs avança na Europa

O relatório sobre a produção e consumo de gases de efeito estufa fluorados (f-gases) na Europa, notadamente os hidrofluorcarbonos (HFCs), mostra que o consumo dessas substâncias aumento 7% em 2020, em comparação com 2019.

No entanto, os dados gerais do documento revelam que, no ano passado, o fornecimento de HFCs ao mercado europeu ficou 52% abaixo do máximo imposto pela Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal.

“Os números mostram que as empresas estão migrando para alternativas com menor potencial de aquecimento global [GWP, na sigla em inglês]”, afirma Nick Campbell, presidente do Comitê Técnico Europeu para Fluorocarbonos (EFCTC).

Segundo o EFCTC, essa boa notícia “demonstra os progressos realizados no âmbito do programa [de redução de HFCs] da UE e destaca também a revisão em curso do regulamento acerca dos gases fluorados”.

Ar-condicionado e refrigeradores eficientes podem cortar 460 bilhões de emissões de CO2

Um relatório sobre emissões de dióxido de carbono, gases que causam o efeito estufa, sugere que o equivalente a oito anos de produção de CO2 na atmosfera poderiam ser eliminados apenas com a utilização de aparelhos de refrigeração eficientes.

O documento, compilado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Agência Internacional de Energia (AIE) revela que 460 bilhões de emissões de CO2 podem ser anuladas por ares-condicionados e refrigeradores econômicos.

Especialistas acreditam que a redução poderia ocorrer nas próximas quatro décadas com a fabricação de aparelhos duas vezes mais eficientes que os padrões atuais.

A mudança levaria a uma economia de cerca de US$ 2,9 trilhões até 2050. O número equivale à quantidade de eletricidade de todas as usinas de carvão na China e na Índia.

O Pnuma diz que a iniciativa pode ainda ajudar a limitar o aumento global da temperatura em 1.5 grau Celsius, o que é fundamental para minimizar os impactos desastrosos da mudança climática.

A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, disse que as nações também podem abraçar a mudança à medida que se recuperam das consequências econômicas da covid-19.

Pandemia

Para ela, os países têm agora uma oportunidade de usar os recursos de forma inteligente para reduzir a mudança climática, proteger a natureza e eliminar riscos de uma nova pandemia.

O documento ressalta que muitos países já têm várias opções a seu dispor para fazer a conversão para matrizes limpas de energia.

Os signatários da emenda de Kigali no Protocolo de Montreal sobre Substâncias Nocivas à Camada de Ozônio concordaram em reduzir o uso de hidrofluorcarbonos (HFCs).

Além disso, os planos de ação nacionais podem acelerar a transição para refrigerações sustentáveis através de chances e formas de cumprimento do Acordo de Paris de combate à mudança climática.

Escassez de HFCs ameaça varejistas europeus

Assim que as drásticas reduções na oferta de refrigerantes à base de hidrofluorocarbonos (HFCs) entrarem em vigor na Europa, alguns supermercados vão sofrer grave abalo financeiro, revela recente avaliação divulgada pela Agência de Investigação Ambiental (EIA, em inglês).

Ao anunciar a publicação da sétima edição de seu relatório Chilling Facts sobre a adoção de tecnologias de refrigeração de baixo potencial de aquecimento global (GWP), a organização não governamental adverte que a oferta de HFCs sofrerá corte de 48% em termos reais – ou seja, após correção para efeito da inflação – no próximo ano.

Enquanto a transição para os chamados refrigerantes “naturais” continua, a EIA prevê altas drásticas nos preços e escassez de abastecimento para os varejistas que ainda não adotaram alternativas favoráveis ao meio ambiente.

Para o atual relatório, 22 varejistas enviaram dados de supermercados oriundos de 37 países para o ano de 2015.

Avaliando o preparo para a regulação de gases fluorados com efeito estufa (f-gases) e o progressivo abandono de HFCs, o relatório cita oito varejistas no topo da lista como Green Cooling Leaders (Líderes em Refrigeração Verde, em tradução livre): Albert Heijn, Aldi Süd, Carrefour, Kaufland, Metro Cash & Carry, Migros, Tesco e Waitrose.

Indústria italiana aposta em alternativas naturais para seus compressores

No meio da lista estão Marks and Spencer, Jerónimo Martins, Real, Rewe Germany e Sonae, enquanto Aldi Nord, Delhaize Belgium, Spanish retailer Dia, Auchan Portugal e a irlandesa Musgrave estão abaixo da média.

No caso da alemã Aldi Nord, a EIA critica a falta de investimento em tecnologia livre de HFCs, visto que a empresa possui quase cinco mil lojas espalhadas pela Europa.

A EIA diz que o varejista tem apenas cinco lojas com sistemas em cascata de dióxido de carbono (CO2) na Alemanha e 20 com freezers refrigerados com CO2 na Espanha.

“Varejistas europeus se destacam como líderes globais na adoção da refrigeração comercial sem HFCs, mas, apesar das eficientes e bem estabelecidas alternativas que não utilizam esses gases, os esforços ainda estão aquém do ritmo necessário para atender à redução progressiva estabelecida pela União Europeia”, comentou Clare Perry, a diretora de campanha climática da EIA.

O documento sustenta que, com o objetivo de atender a agenda de redução gradual de HFCs em 2015, deveria haver 9,5 mil sistemas de média temperatura e nove mil de baixa instalados com baixo GWP. A indústria estima que em 2016 havia cerca de 8,7 mil sistemas transcríticos com refrigeração à base de CO2 na Europa.

O relatório insiste que o ritmo em que os varejistas se afastam de HFCs “precisa ser acelerado, a fim de evitar a perturbação associada com os cortes iminentes de oferta e aumento de preços.”

“Além disso, há a preocupação real de que a escassez de HFCs não irá só resultar no descontrole das contas de refrigerantes, mas também fazer com que a atual demanda pesada dos varejistas possa, na verdade, induzir o comércio ilegal deles, fato que testemunhamos quando os hidroclorofluorocarbonos (HCFCs) foram banidos”, acrescentou Clare Perry.

Vazamentos

As taxas de vazamento continuam causando preocupação. Enquanto os gigantes da indústria Albert Heijn, Mega Image, Migros e Waitrose atingem taxas de vazamento de aproximadamente 5% a 7% da carga instalada, a EIA diz que muitos varejistas foram incapazes de fornecer informações sobre elas, apesar do fato de a regulação acerca dos f-gases obrigar a existência dos registros de serviços.

Varejistas que têm consistentemente participado da pesquisa Chilling Fact mostram queda média de 11% nas emissões diretas entre 2013 e 2015. No caso das empresas Jerónimo Martins, Metro Cash & Carry e Waitrose, as emissões diretas tiveram redução superior a 20%.

Sistema de refrigeração transcríticos com R-744 reduzem impacto ambiental do varejo

O documento também afirma que, apesar das medidas de prevenção de vazamentos, quase metade de todo o impacto climático causado por sistemas de refrigeração à base de HFCs é proveniente de vazamentos.

Em 2009, quando o primeiro Chilling Facts foi publicado, as emissões diretas eram frequentemente maiores que as  indiretas. Sete anos depois, a EIA relata que as diretas médias permanecem quase iguais às emissões indiretas.

As recomendações do Chilling Facts VII incluem exigir aos varejistas que implementem a refrigeração livre de HFCs em todas as lojas e substituições de máquinas, inclusive a instalação de portas em todas as unidades de refrigeração e freezers.

O relatório pede ainda aos governos que apoiem financeiramente os pequenos usuários finais para que estes possam abandonar os HFCs, além de dar incentivos para portas em refrigeradores.

Preços dos HFCs disparam na Europa

Os fornecedores de compostos refrigerantes insistem que não estão exagerando nos alertas urgentes quanto à disponibilidade futura de substâncias com alto potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês), como o hidrofluorcarbono (HFC) R-404A.

Embora seu preço tenha dobrado no ano passado, as empresas avisam que, em breve, a questão será menos sobre a capacidade dos usuários finais de arcarem com fluidos de alto GWP e mais sobre se poderão realmente obter alguns deles.

Esta foi a mensagem predominante durante uma apresentação especial realizada pelo distribuidor IDS Climalife, com sede em Bristol, no Reino Unido, segundo reportagem publicada pelo Cooling Post.

O diretor executivo da empresa, Alan Harper, salientou que a “lua de mel” dos gases fluorados (f-gases) acabou. “Os preços vão continuar a subir neste ano e pode haver limitações na oferta”, explicou. “No ano que vem, a preocupação não será o preço, e sim a disponibilidade”.

Redução acelerada

No momento, a Europa está a apenas alguns meses da redução obrigatória dos f-gases em 2018, quando deverá fazer um corte de 37% no teto base de emissão. Em termos práticos, isso significa que a indústria europeia terá de se contentar com um máximo de 115 milhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono (MtCO2eq) – pouco mais de dois terços dos 168 MCo2eq consumidos em 2015.

Atingir ou não a meta inicial de 2018 depende de uma série de medidas. Reduzir a quantidade de vazamento é uma delas, mas ainda mais urgente é a necessidade de substituir os refrigerantes com alto GWP, como o R-404A.

Honeywell anunciou que não venderá R-404A e R507 no mercado europeu no ano que vem

Como os equipamentos que utilizam R-404A ainda sendo produzidos, há temores de que esses alertas similares aos feitos durante a eliminação do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 – e, antes disso, durante a substituição dos clorofluorcarbonos (CFCs) – sejam ignorados por parte dos usuários finais.

A Parceria Europeia para a Energia e o Meio Ambiente (EPEE) estimou que os supermercados europeus terão de converter ou substituir 50% de seus sistemas com R-404A, a fim de alcançarem a redução de 2018.

“Isso claramente não está acontecendo”, reiterou o diretor técnico da Climalife, Peter Dinnage. “Parte do problema são as pessoas colocando o R-404A em novos equipamentos”, acrescentou.

O R-404A, que possui um GWP de 3.922, ao lado de todos os outros refrigerantes com GWP acima de 2.500, será banido nos novos equipamentos estacionários de refrigeração a partir de 2020.

Crucialmente, para aqueles que ainda comprarem equipamentos com R-404A, em 2020 também haverá a imposição de uma proibição a todos sistemas que emitirem nível superior a 40 tCO2eq (cerca de 10kg). Os fluidos R-507 e R-422D também serão afetados por essa proibição.

Em recente comunicado distribuído à imprensa, a Honeywell anunciou que encerrará as vendas de R-404A e R-507 na União Europeia em 2018.

Os produtores argumentam que há diversas opções disponíveis. O CO2 está sendo adotado em muitos sistemas novos de refrigeração em supermercados. Também há uma série de novas alternativas de baixo GWP sendo disponibilizada para equipamentos novos e retrofits.

Entre esses gases mais ecológicos, estão o R-448A e o R-449A, compostos à base de hidrofluorolefina (HFO) que possuem índices de GWP de aproximadamente 1.300, uma redução de cerca de 65% em relação ao R-404A.

Em âmbito global, a indústria de compressores segue atualizando seus equipamentos, a fim de permitir o uso mais amplo de fluidos refrigerantes de baixo impacto climático, conforme noticiou a reportagem de capa da edição deste mês da Revista do Frio.