Revista do Frio divulga indicados ao 25º Troféu Oswaldo Moreira

Premiação anual promovida pela Revista do Frio homenageia empresas e personalidades do HVAC-R brasileiro | Foto: Nando Costa/Pauta Fotográfica

A Revista do Frio tem o prazer de anunciar os indicados para o Troféu Oswaldo Moreira (TOM) 2023.

O prêmio anual, considerado um marco na indústria de refrigeração e ar condicionado, será entregue em 22 de junho, na Casa Bisutti, em São Paulo, homenageando o trabalho bem-feito, a inovação e a contribuição para o avanço do setor.

Conforme a regra da premiação, os três indicados das seis categorias refletem a diversidade e a força do mercado do frio.

Em Comércio Distribuidor de Ar Condicionado, os finalistas são Clima Rio, Leveros e Poloar.

Já a categoria Comércio Distribuidor de Refrigeração tem como indicadas Dufrio, Frigelar e Friopeças.

Os indicados para Personalidade da Indústria são André Oliveira (Mastercool), Amaral Gurgel (Chemours) e Marcos Euzébio (Bitzer).

Em Personalidade do Comércio, os indicados são Carlos Manuel Gonçalves (Nobrelar), Jorge Miranda (Poloar) e Vado Souza (Climario).

Na categoria Indústria de Refrigeração, Bitzer, Elgin e Emerson são os indicados deste ano.

Finalmente, na categoria Indústria de Ar Condicionado, Daikin, Gree e TCL estão na concorrida disputa pelo prêmio máximo do HVAC-R brasileiro.

“Cada indicado personifica o poder da dedicação, da inovação e do compromisso com a excelência, e todos já demonstraram ser verdadeiros campeões em seus respectivos campos”, diz o diretor comercial da Revista do Frio, Gustavo Moreira.

“Por isso, parabenizamos as empresas e personalidades indicadas e agradecemos a todos por fazerem parte desta incrível jornada na indústria brasileira”, acrescenta.

Tecnologias de monitoramento ampliam horizontes do HVAC-R

A intensa evolução deste segmento do HVAC-R demonstrou a crescente preocupação com a sustentabilidade ambiental e a eficiência energética, levando à invenção de equipamentos e componentes automatizados, mais precisos e inteligentes, visando minimizar o desperdício de energia e garantir um ambiente saudável e termicamente confortável para as pessoas.

Para atingir esses objetivos, players do setor do frio estão investindo em componentes automatizados e cada vez mais diminutos, com capacidade de gerenciamento a distância e dotados de inteligência artificial para gerar dados e análises.

Os sistemas atualmente embarcados em equipamentos e centrais de refrigeração e climatização têm capacidade de ajustar temperatura, umidade e fluxo de ar de forma dinâmica de acordo com as condições externas e internas.

As informações coletadas por sensores e sistemas de controle podem ser analisadas, em tempo real, para identificar possíveis problemas e evitar falhas catastróficas. Além disso, os dados de monitoramento podem ser usados para otimizar o desempenho do sistema em longo prazo, garantindo a vida útil de aparelhos, peças e componentes e reduzindo o custo total de propriedade.

“Existem hoje, no mercado, sistemas de gestão de edifícios que realizam o gerenciamento completo nas grandezas do HVAC-R, tais como temperatura, umidade, pressão do ar e/ou da água, vazão de ar e/ou de água, qualidade do ar, velocidade do ar e/ou da água e demais grandezas das disciplinas de climatização e refrigeração”, descreve o engenheiro Paulo Reis, presidente do Comitê de Normas e ESG da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Para o dirigente, a fim de atender estes requisitos, é necessário contar com o trabalho de profissionais com a devida “expertise” na área de automação predial, “mas, acima de tudo, especificar os sistemas de fabricantes certificados e homologados”, complementa.

Este aspecto precisa ser definido nos projetos porque existem exigências específicas no gerenciamento dos sistemas de HVAC-R conforme o perfil do cliente e o tipo de edifício a ser gerenciado, por exemplo, prédios corporativos, shopping centers, hotéis, aeroportos e residências, onde o quesito principal são o controle de temperatura e a qualidade do ar, nos ambientes interiores.

“Há, ainda, os edifícios como hospitais, clínicas de análises, consultórios e escolas, onde é necessário o controle mais efetivo da temperatura e umidade e, principalmente, da qualidade do ar, além da necessidade de neutralização de agentes biológicos nocivos em aerodispersoides dos ambientes. No caso dos centros cirúrgicos, as atenções também envolvem o controle da pressão atmosférica, com a manutenção da pressão positiva”, explica Reis.

O engenheiro salienta que em edifícios de indústrias farmacêuticas, de alta tecnologia e petroquímicas, os sistemas de gestão técnica são os mais completos e complexos para as disciplinas do HVAC-R, quanto à climatização, refrigeração, ventilação, exaustão e aquecimento.

“Infelizmente, o Brasil não conta com diretivas governamentais que, no mínimo, criariam um critério ou mesmo uma classificação baseada na eficiência energética para sistemas de refrigeração e climatização e para qualidade do ar interior para climatização. O que possuímos são normas técnicas da ABNT, internacionais da ISO e IEC e recomendações e procedimentos da Abrava e/ou da Ashrae para atender os quesitos de engenharia do HVAC-R”, comenta.

De acordo com ele, “como normas técnicas e recomendações não têm o chamado ‘poder de lei’, os procedimentos e padronizações são realizados e respeitados de acordo com o interesse do cliente”, completa.

 Mercado em transição

A busca por processos capazes de aumentar a eficiência energética dos equipamentos e o impacto ecológico das instalações da cadeia produtiva do frio colocou este setor, atualmente, em uma fase de transição de tecnologias.

Na Coel, por exemplo, a família de controladores de temperatura E34B, ET1 e ET3 dispõe de uma confiável conectividade embarcada, uma tecnologia que conquistou inclusive a confiança da Coca-Cola Company. A multinacional norte-americana decidiu usar esses controladores nos refrigeradores comerciais instalados em pontos de venda no Brasil e na América Latina, obtendo informações importantes sobre o funcionamento dos equipamentos em campo.

“A avaliação dos dados obtidos, como a análise das entradas, saídas e alarmes de funcionamento, permite a efetividade do uso do refrigerador, bem como uma melhor tomada de decisão na estratégia comercial do cliente”, revela o engenheiro Fernando Lemos, gerente de desenvolvimento de negócios da empresa.

O gestor destaca que a Coel também tem uma linha completa de controladores de temperatura e processos para o segmento de refrigeração e automação industrial, formada pela linha nanoPAC, que oferece uma plataforma modular para atender projetos de maior complexidade. Além disso, para o acompanhamento de falhas no equipamento ou na instalação, seus produtos são dotados de um conjunto de alarmes que permite melhor ação corretiva em campo.

“O mercado brasileiro tem um potencial gigantesco de modernização dos sistemas de controle nos segmentos que formam o HVAC-R, e estamos acompanhando de perto esta evolução. Entre essas transformações, estão as soluções focadas em retrofit, as quais permitem uma instalação fácil para sistemas que já estão em operação”, destaca Lemos, enfatizando que a companhia brevemente lançará produtos com novos protocolos de comunicação, permitindo ao cliente a escolha do padrão que melhor atenda o seu projeto.

Pensamento similar sobre a incorporação de novas tecnologias no setor tem vendedor externo Alex Pagiato, lotado no Departamento de Food Retail da dinamarquesa Danfoss. De acordo com ele, geralmente os clientes buscam soluções tecnológicas para minimizar impactos de perdas em sua cadeia.

“Mas, o que podemos constatar é que eles não desejam fazer o monitoramento, mas sim os benefícios que ele proporciona. Monitorar não significa dizer que todos os problemas vão desaparecer, mas sim, vão ser evidenciados, e para isso, ações terão de ser tomadas para alcançar performance. As tecnologias atuais proporcionam aos clientes desde o controle de temperatura em balcões, geladeiras etc. que podem garantir a qualidade de produtos comercializados como gerar alarmes que reduzem tempos de paradas”, comenta.

Hoje, a Danfoss oferece automação para todos os segmentos em que atua. Para refrigeração comercial, tem a linha ERC, que são controladores para geladeiras de bebidas, freezers horizontais, e entre as várias funções de controle, destaque para a economia de energia sobre o controle de abertura de portas e da frequência com que clientes passam em frente ao expositor.

Além disso, dispõe de uma função específica que indica se há algum problema com o sistema, o que tem reduzido a quebra de compressores neste segmento, garantindo a qualidade dos produtos expostos dentro dos equipamentos.

Para as centrais frigoríficas, há tecnologias como o modelo AK-PC 551, o qual possui um software de controle com alguns algoritmos específicos para compressores e dos ventiladores do condensador. “Ele traz também a possibilidade de controlar um chiller pensando na demanda com sistemas com glicol, otimizando a condensação de acordo com o delta T do condensador como uma das suas maiores virtudes”, descreve Pagiato.

No caso dos sistemas com CO2, a multinacional oferece o controlador AK-PC783A, que, além de controlar todo o sistema do frio, é capaz de analisar o balance de carga do sistema e entregar a melhor performance possível de acordo com a demanda. Ele também controla os periféricos, como bomba e aquecimento de água.

Para o controle de evaporadores, o modelo AK-CC55 é capaz de controlar válvulas de expansão eletrônica (AKVP-pulso ou a ETS-motorizada) e traz uma interface bluetooth para comunicação com o celular para facilitar a configuração, o comissionamento e a manutenção.

“Em uma instalação com muitos evaporadores, essa interface facilita a programação em massa, pois pode ser usada como um arquivo eletrônico armazenando as configurações e pode compartilhar a programação com outros controladores”, afirma.

A Danfoss dispõe ainda em seu portfólio o modelo EKE400, controlador para evaporadores aplicados com amônia. Já a linha MCX é formada por controladores programáveis.

Para todo o sistema, a empresa tem o gerenciador AK-SM-880A, que interliga todos os controladores que estão no sistema de refrigeração, ar-condicionado, medição de energia, dentre outros. Ele realiza leitura e armazenamento de dados (registros), gerenciamento de alarmes por nível de criticidade.

 Vanguarda

Assim como os demais concorrentes, a Carel também acelera em direção a tecnologias de vanguarda. Atualmente, a companhia oferece a família de supervisórios Boss, que atendem desde pequenas instalações (15 dispositivos) até grandes plantas (300 dispositivos).

“Nosso portfólio também oferece serviços de monitoramento remoto, como a plataforma IoT Tera, que pode monitorar até dez dispositivos por CloudGate com conectividade 4G integrada, ideal para pequenas instalações e locais onde não há provedor de internet disponível”, ressalta o engenheiro Rafael Valsani Leme Passos, analista pleno de suporte técnico.

O gestor projeta como principal tendência os serviços de computação em nuvem para HVAC-R, que agregam valor às instalações onde cada dispositivo pode ser conectado à internet, gerando dados importantes para o gerenciamento da planta.

“O registro de dados e a sua análise são fundamentais durante o processo de gerenciamento de plantas e instalações de HVAC-R. A partir dos dados coletados, é possível fazer análises de eficiência, otimização de funcionamento de máquinas por meio do ajuste de parâmetros e também detectar anomalias, tais como pequenas fugas de refrigerante”, exemplifica Passos, citando que a tecnologia pode otimizar remotamente o processo de degelo de balcões frigoríficos somente analisando a tendência de funcionamento do equipamento no sistema de supervisão.

A Carel contra-ataca no mercado com a plataforma em nuvem RED Optimise, que integra múltiplos supervisórios em um só portal, onde os dados de cada instalação são processados, gerando estatísticas, dashboards e alarmes. Por meio de um algoritmo avançado, a plataforma é capaz de identificar em cada instalação pontos de otimização, traduzindo em economia de energia.

Igual velocidade na tomada de decisões também permeia o dia a dia na Full Gauge Controls, conforme esclarece o diretor Antonio Gobbi. A empresa tem hoje uma linha com 147 produtos, além do software de gerenciamento remoto Sitrad PRO.

“Demos um grande salto migrando dos termostatos mecânicos para os controladores digitais. Depois, tivemos outra grande evolução com os softwares de gerenciamento e suas versões mobiles”, afirma Gobbi, para quem o futuro do setor pode estar ligado a tecnologias como Metaverso e ChatGPT, que em algum momento poderão oferecer soluções dentro do HVAC-R.

Avanços integrados

O avanço dos equipamentos integrados às tecnologias como 5G, Internet das Coisas (IoT), realidade aumentada e inteligência artificial está cada vez mais forte e veloz, e esta realidade também tem transformado o modelo de negócios de muitos players.

Nesta área tecnológica, especialistas acreditam que na utilização em definitivo e exclusivamente dos chamados controladores DDC, dedicados à gestão técnica de edifícios.

Os controladores são dedicados e distintos para cada finalidade. Para climatização, possuem características específicas e próprias para o controle total das condições do ambiente interior, e os controladores para refrigeração específicas para a geração e controle do frio.

“Hoje já são uma realidade no Brasil, estando disponíveis os sistemas de gestão técnica de edifícios com as mais novas tecnologias com 5G, IoT, backup em nuvem e segurança cibernética, e alguns até realidade aumentada, e a previsão é a de que até 2030 já ter sido incorporada à inteligência artificial”, comenta o engenheiro Paulo Reis, presidente do Comitê de Normas e ESG da Abrava.

Exemplo deste movimento, a multinacional Danfoss investiu na plataforma Alsense, que é uma solução de IoT para varejo alimentar e o mais recente lançamento em nuvem da empresa para supermercados e aplicações de varejo de alimentos.

“Trata-se de um portal escalonável e seguro para otimizar o desempenho das operações de varejo de alimentos, com uma tecnologia que pode ajudar a alcançar as eficiências necessárias, pois a solução Alsense permite rastrear facilmente o desempenho dos equipamentos de refrigeração que estão conectados ao gerenciador AK-SM880A, responder a alarmes, integrar monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana, reduzir o consumo de energia e muito mais – tudo em uma plataforma moderna e integrada”, detalha o vendedor externo Alex Pagiato, do Departamento de Food Retail.

“Acho que os hardwares terão menos responsabilidade direta sobre o controle e mais em compartilhar com a nuvem os dados do equipamento/instalação e os algoritmos ou as IAs ficarão em nuvem enviando comandos para os hardwares nas plantas. Os sistemas de gestão devem sair fisicamente das plantas e ficar na nuvem”, aposta o gestor.

Na mesma linha de pensamento, a Carel aposta na integração a serviços de IoT, inteligência artificial e Internet móvel por meio do sistema de supervisão Boss e também pelos sistemas de integração a serviços baseados na nuvem.

“Um sistema de água gelada pode ser integrado facilmente a serviços de IoT e monitoramento remoto com Internet móvel a partir do CloudGate. A integração dos dispositivos a serviços de computação impacta de maneira positiva o dia a dia dos clientes, uma vez que as instalações podem ser monitoradas e gerenciadas de forma totalmente remota”, arremata o engenheiro Rafael Valsani Leme Passos, analista pleno de suporte técnico.

Por fim, o engenheiro Fernando Lemos, gerente de desenvolvimento de negócios da Coel, entende que, no aspecto do controle de temperatura, o mercado oferece uma extensa gama de soluções. “Mas, quando abordamos essas novas frentes de conectividade de inteligência artificial, notamos que há muitas oportunidades a serem exploradas”, vislumbra.

Expectativas otimistas para 2023

Setor de HVAC-R espera faturar R$ 36,6 bilhões neste ano, um aumento de 7% em relação aos R$ 34,2 bilhões faturados em 2022, de acordo com projeções da Abrava. A perspectiva é que o faturamento de 2023 seja o maior dos últimos 15 anos.

Boas oportunidades são esperadas para a indústria brasileira de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração em 2023, embora a economia brasileira se encontre em um ponto desafiador, com muitas demandas sociais e um cenário macrocomplexo.

A retomada dos serviços foi responsável por impulsionar o aumento da renda e do emprego em 2022, impactando positivamente a maioria do setor, que possuía uma grande demanda reprimida.

Enfim, após dois anos de pandemia, 2022 dificilmente seria pior do que 2021.

Para 2023, projeta-se que o setor deverá manter um dinamismo acima da média, mesmo com a previsão de um crescimento menos intenso da economia em geral.

Uma das grandes expectativas é que as exportações de carnes resfriadas e congeladas aumentem, impulsionando o setor de refrigeração industrial.

O segmento de ar condicionado residencial deve crescer menos neste ano, “mas devemos levar em conta que a base de comparação com 2021 é bastante elevada”, ressalva o trecho de um boletim econômico da Abrava.

Já recuperação do poder de compra, via queda da inflação, começa a dar sinais positivos varejo, “especialmente nos supermercados, favorecendo os segmentos ligados à refrigeração comercial, que deverá apresentar ligeira recuperação em 2023”.

No setor automotivo, por sua vez, a idade da frota e as barreiras para adquirir veículos novos devem manter os negócios aquecidos.

No entanto, cautela também é necessária. Afinal de contas, a guerra no leste europeu continua, temos inflação em alta nos Estados Unidos, crise energética na União Europeia e a ameaça permanente em que a covid se transformou em todo o mundo.

Mercado de cursos para HVAC-R busca equilíbrio entre presencial e a distância

O mercado de cursos na área de refrigeração e climatização vai voltar com força total em 2023, projetam diversos gestores da área educacional ouvidos pela Revista do Frio. Basicamente, esta nova fase do setor se dará principalmente por três aspectos.

Em primeiro lugar, a volta gradual dos treinamentos presenciais, iniciada em 2022, foi acelerada durante todo o ano passado, pelo fato de o Brasil ter ultrapassado a marca de 80% da população com o esquema vacinal completo contra a covid-19. Esta realidade trouxe um clima de mais segurança para docentes e estudantes.

O segundo ponto a se considerar, segundo pessoas ligadas ao segmento educacional, é o crescimento da oferta de cursos técnicos, profissionalizantes e de nível superior, com uma variedade de temas, horários, datas e valores. Neste caso, destacam-se treinamentos sobre sistemas inverter e VRF (fluxo de refrigerante variável) e refrigeração comercial.

Por fim, a maioria das instituições de ensino especializadas em refrigeração e climatização passou a investir em grades de treinamentos com um mix mais equilibrado entre presenciais, online e semipresenciais. A ideia foi dar mais opções aos alunos, uma vez que boa parte trabalha em horário comercial, tendo tempo limitado para estudar.

A estratégia de investir em aulas online, por exemplo, já se mostrou positiva, uma vez que este mercado ganhou força no país durante a pandemia, conforme evidenciou o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Em 2021, auge da crise sanitária, os cursos EaD na graduação representavam 52% das matrículas quando comparados com os presenciais. Traduzindo: a aderência ao ensino a distância passou a ser tão fundamental para aprendizado quanto o presencial.

Mesmo assim, os treinamentos presenciais continuam a ser o carro-chefe dos estabelecimentos de ensino, uma vez que a parte prática é fundamental para o aprendizado. “No segundo semestre deste ano, a Fatec São Paulo vai dar início ao seu novo curso de refrigeração e sistemas de ar condicionado e climatização, nos mesmos moldes da unidade de Itaquera”, adianta o professor Cléber Vieira, membro do Departamento de Mecânica da Fatec.

O curso de tecnologia em projetos e processos destaca-se porque tem, em sua grade horária, um semestre da disciplina de sistemas mecânicos 3, onde entra a matéria de refrigeração e ar-condicionado. Enquanto Cleber cuida da parte prática nos laboratórios, o professor José Ernesto Furlan fica com o ensino da teoria.

A parte teórica, por exemplo, desafia os alunos a calcular a carga térmica de uma biblioteca ou um anfiteatro. A prática, no laboratório, é realizada a partir de experimentos nas bancadas de refrigeração e ar condicionado, onde são estudadas as peças dos componentes do evaporador, condensador, motor e compressor, inclusive em cortes, além de fluidos refrigerante e da Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos. Os cursos na Fatec são gratuitos e têm duração de três anos.

Igualmente gratuitos, os concorridos cursos da Escola Senai Oscar Rodrigues Alves estão em consonância com as demandas do mercado do frio, que cada vez mais dá prioridade à mão de obra especializada. Reconhecido como um dos mais fortes estabelecimentos de ensino na área de HVAC-R, o Senai atualmente dispõe de diversos cursos, como “Mecânico de manutenção de aparelhos da linha branca”, “Mecânico de climatização residencial”, “Instalação de condicionador de ar tipo split”, “Mecânico de manutenção em sistemas VRF”, “Mecânico de manutenção em centrais de climatização”, “Técnicas de brasagem em tubulação de cobre” e “Instalação de isolamento térmico em tubulações frigoríficas”.

A Intac Cursos também compartilha de uma visão mais equilibrada da adoção das modalidades (presencial, semipresencial e online) disponíveis no setor de treinamentos em HVAC-R. Afinal, se o mercado de ensino superior, com características superexigentes, já aprova a aplicação do ensino a distância, nos cursos profissionalizantes em HVAC-R não poderia ser diferente.

“Nós buscamos sempre desenvolver cursos que atendam às demandas atuais do mercado do frio. Neste ano, teremos treinamentos práticos por meio do uso da tecnologia de simulação em 3D e realidade virtual. Esse método de ensino é inédito para o HVAC-R no Brasil”, afirma o professor e tecnólogo em refrigeração e climatização Anderson Oliveira.

A grade 2003 da Intac é formada por cursos sobre refrigeração comercial, câmaras frigoríficas, ar-condicionado residencial e centrais de climatização (chiller e torres de resfriamento). “Todos os cursos serão ministrados online, com encontros presenciais aos sábados para utilização dos óculos 3D para imersão no Metaverso”, complementa o docente.

Mercado em alta

Outros importantes players do mercado de cursos estão crescendo no setor do frio, e por isso vêm investindo pesado para atrair cada vez mais alunos, inclusive abrindo novas turmas em períodos antes não explorados.

Duas das mais importantes instituições de ensino do setor, a Escola Técnica Profissional (ETP) e a Fapro, ambas sediadas em Curitiba (PR), também estão recebendo grandes investimentos. Atualmente, é possível escolher entre cursos de “Refrige-ração comercial”, “PMOC – legislação e prática”, “Técnico em refrigeração e ar condicionado”, “Mecânico de refrigeração e ar-condicionado”, “Pós-graduação em engenharia da climatização” e “Tecnologia em refrigeração e climatização” (curso superior).

“Este é o ano em que o nosso Laboratório, em parceria com a GIZ Brasil e o Ministério do Meio Ambiente, começara a funcionar, e assim poderemos ofertar o treinamento em fluídos refrigerantes naturais. Além disso, os múltiplos racks e expositores já estão em nossas dependências, e a obra se encontra bem adiantada”, salienta o professor Alexandre Fernandes Santos, CEO do Grupo de Educação ETP, lembran-do que o curso “Tecnólogo em refrigeração e ar-condicionado”, de nível superior, obteve nota 4 no MEC.

Em Belo Horizonte (MG), a Treinatec também tem se destacado no segmento, colocando à disposição, em 2023, os cursos “Refrigeração doméstica + split + ACJ”, “Refrigeração doméstica”, “Split” e “Refrigeração comercial”.

Sediada em Santo André (SP), a Samacursos é outro player que tem investido em treinamentos para o setor, a exemplo dos cursos de “Refrigeração residencial”, “Refrigeração residencial avançado”, “Refrigeração comercial câmara fria”, “Ar-condicionado mini split”, “Lavadoras de roupa – top load”, “Lava e seca – front load” e “Micro-ondas”.

“Pela previsibilidade de mercado, haverá neste ano um crescimento significativo em vendas e manutenção de equipamentos de refrigeração residencial e comercial, passando pela linha de comercial leve, câmara fria e linha branca, além de ar-condicionado”, explica a proprietária da escola, Renata Arcipretti, destacando que a constante expansão do setor tem levado a uma situação curiosa.

Somente na cidade de São Paulo, há mais de 4 mil vagas para refrigeristas, mas não são encontrados profissionais para suprir essa demanda. São pequenos comércios voltados à refrigeração comercial, conhecidos como comercial leve, como balcões frigoríficos, expositores, entre outros, que estão presentes em padarias, açougues e supermercados, sem falar do segmento de refrigeração residencial”, completa o diretor e coordenador da Samacursos, Adriano de Oliveira Gomes.

Localizada na cidade de São José do Rio Preto (SP), onde as temperaturas facilmente ultrapassam os 35ºC no verão, a Thermo Cursos se posicionou como uma reconhecida formadora de mão de obra qualificada, conforme deixa claro o diretor técnico Américo Martins Junior.

A grade de cursos para este ano inclui “Split até 30.000 BTUs – manutenção e insta-lação”, “”Refrigeração comercial (balcão refrigerado, cervejeiras, minicâmaras e câmara fria)”, “Inverter – manutenção e instalação”, “Chiller – manutenção – scroll e parafuso” e “Rack (supermercado)”.

“O fato de os nossos treinamentos terem 50% de pura prática, faz com que os alunos aprendam a trabalhar de forma correta, e este aspecto traz a garantia de uma excelente prestação de serviços, sem retrabalhos, e com satisfação plena do cliente”, enfatiza Américo.

Fabricantes se antecipam a novas regras de etiquetagem

Ainda que a nova etiqueta emitida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) só passe a ser obrigatória a partir de 1º de janeiro de 2023, a indústria brasileira de ar condicionado passou 2022 se adaptando para atender aos parâmetros da classificação de eficiência energética, de acordo com o Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal (IDRS).

Portanto, o setor só poderá fabricar ou importar aparelhos que obedeçam a estas regras. No caso do varejo, as vendas dos produtos em estoque poderão ser realizadas até 30 de junho de 2023. Esses prazos foram determinados pela Portaria Inmetro  269/2021.

O IDRS é mais fidedigno e realista, refletindo melhor o desempenho do aparelho diante das variações climáticas que ocorrem ao longo de todo ano. A etiquetagem até então utilizada não conseguia, por exemplo, demonstrar claramente ao consumidor final a diferença existente entre um produto com tecnologia Inverter e outro sem.

Segundo o Inmetro, a nova etiqueta traz o cálculo do consumo de energia do condicionador de ar no ano inteiro e leva em consideração o hábito de consumo do brasileiro ao longo do ano. Atesta, ainda, maior facilidade para identificar a eficiência dos produtos com compressor do tipo Inverter, já que foi alterado também o método para determinar o consumo de energia do condicionador de ar.

Agora, a etiqueta renovada traz uma série de informações antes não divulgadas – tipo de fluido refrigerante usado no aparelho; inclusão de duas novas categorias de classificação (“E” e “F”); consumo de energia anual (quanto menor o número, mais eficiente o aparelho); índice de eficiência sazonal (quanto maior o número, mais eficiente o aparelho); e direcionamento do consumidor, por meio de QR Code, para a base de produtos registrados no Inmetro.

Além disso, a autarquia estabeleceu que, para receber o Selo “A”, o aparelho deve ter índice de eficiência energética de 5,5, um aumento considerável, visto que antes, era de apenas 3,23. Essa grande diferença se dá porque a metodologia de cálculo da eficiência energética agora considera o método de carga parcial e métrica sazonal. É por isso que não se deve comparar o consumo de uma etiqueta nova com o de uma etiqueta antiga.

“A nova etiquetagem manteve a lógica de que os produtos classificados como ‘A’ são os mais eficientes. A diferença se resume à metodologia, posto que a anterior era menos exigente e com teste laboratorial menos completo. Isso permitia que houvesse uma diferença grande dentro do nível A”, argumenta o gerente de produtos de ar-condicionado da Samsung Brasil, Daniel Fraianeli.

O executivo enfatiza que os novos testes e níveis mínimos atualizados dão maior certeza ao consumidor sobre quais são os produtos mais eficientes disponíveis. “Além disso, a nova etiqueta tem informações que permitem, inclusive, a diferenciação entre produtos similares, os quais eventualmente podem exceder o mínimo para classificação ‘A’, ao mostrar a estimativa de consumo anual e o índice de eficiência (IDRS)”.

Assim como outros players, a Samsung iniciou antecipadamente a migração para a nova etiquetagem, e acredita que os prazos estabelecidos pela Portaria Inmetro 269/2021 foram suficientes. Entretanto, salienta, Fraianeli, como a multinacional sul-coreana já tinha aparelhos com desempenho compatível com o nível “A” da nova metodologia, não foram necessárias alterações de projeto que causassem impacto nos custos de fabricação.

“Nossos condicionadores de ar vão além dos critérios mínimos para classificação máxima do Inmetro, ou seja, economizam ainda mais energia que o padrão recomendado. Nos próximos anos, a tecnologia desenvolvida e aplicada aos aparelhos da Samsung permitirá ainda mais avanços quanto à eficiência energética”, projeta o gestor.

Outro importante player no mercado brasileiro, a japonesa Daikin trabalhou junto com os demais stakeholders envolvidos diretamente na alteração promovida no padrão de etiquetagem. “O consumidor, na hora da compra, não estava munido de informações para diferenciar os equipamentos, encontrando muitos produtos ‘A’ que, na realidade, não eram realmente eficientes”, afirma o gerente de marketing e produto da companhia no País, Nilson Murayama, frisando que a empresa não promoveu qualquer tipo de adaptação em sua linha de montagem, ajuste ou troca de componentes, uma vez que seus produtos sempre estiveram aptos à nova etiquetagem.

Com a mesma opinião que o seu colega de setor, o gerente de engenharia da Fujitsu do Brasil, Takao Matsumura, entende que a nova etiquetagem do Inmetro mostrará aos consumidores as diferenças de eficiência energética entre os aparelhos de ar-condicionado convencionais (on/off) e os aparelhos com tecnologia Inverter, que vem sendo comercializados desde 2007 pela companhia japonesa.

“A nova etiquetagem favorecerá os fabricantes de equipamentos com as melhores eficiências energéticas do setor. O crescimento da nossa empresa deverá ser superior ao do mercado, e a atualização de preço depende do aumento de custo de fabricação”, avalia o executivo, reforçando que as únicas alterações na linha de montagem aqui no Brasil foram feitas não por causa da nova metodologia de medição de eficiência energética, mas pela substituição, em seus equipamentos, do fluido refrigerante R-410A por R-32. Paralelamente à nova metodologia de medição de eficiência energética promovida pelo Inmetro, as regras do Selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) também foram alteradas. Antes, todos os produtos com Selo “A” do Inmetro podiam ostentar também o Selo Procel. Agora, para ter direito ao seu uso, além da eficiência ter de ser maior que o mínimo exigido para ser classe “A”, outros critérios, como potência em modo de espera e tipo de gás refrigerante utilizado, devem ser obedecidos.

Também foi criado o Selo Procel Ouro, em que as exigências para o seu uso são maiores do que as do Selo Procel. “Na nossa linha de produtos, o modelo Teto de 24.000 BTU/h obteve a classificação de Selo Procel Ouro. É uma honra estarmos entre os primeiros fabricantes, no mercado de ar condicionado, a obtê-lo”, comemora Matsumura.

Igualmente preparada, a Semp TCL – joint venture formada pela brasileira Semp e a chinesa TCL – há algum tempo já fabrica seus produtos considerando a classificação “A” do Inmetro para os modelos do tipo Inverter. Portanto, toda a linha Inverter da empresa está classificada e aprovada com Selo “A”, de acordo com a nova classificação. “A mudança realizada pelo Inmetro foi muito positiva, porque beneficia, sobretudo, o consumidor, que ganha mais uma ferramenta para avaliar os benefícios do produto na hora da compra”, aponta o gerente de produtos do fabricante, Nikolas Corbacho.

O gestor ressalta ainda que a empresa, assim como outros players do setor, também não precisou ajustar sua linha de produção, devido ao fato de já estar preparada para a fabricação de itens com maior economia de energia no segmento.

“O investimento feito na nova fábrica de Manaus (AM), inaugurada em maio deste ano para a produção exclusiva de condicionadores de ar, já contemplava as tecnologias mais avançadas desenvolvidas pela TCL globalmente, terceira maior fabricante de aparelhos de ar condicionado do mundo”, completa Corbacho.

Para o supervisor de pesquisa e desenvolvimento da Gree, Eduardo Roberto Tavares, o real impacto da transição para a nova etiquetagem está mesmo no fato de que os fabricantes serão obrigados a produzir para o mercado brasileiro produtos que realmente possuam alta performance durante funcionamento. “Realizamos muitos investimentos na linha de produção com a aquisição de novos equipamentos e mão de obra, assim como em novas séries de produtos totalmente Inverter, previstos para serem produzidos a partir primeiro semestre de 2023”, informa o executivo da multinacional chinesa. Toda a linha de ar-condicionado residencial da coreana LG também foi renovada para atender à nova regulamentação antes do prazo estabelecido pelo Inmetro. “O consumidor e a indústria saem ganhando diante dessa atualização”, analisa o gerente de produtos de ar-condicionado residencial da LG, André Pontes.

Pelas regras antigas ainda em vigor, “o Selo ‘A’ de eficiência energética é obtido muito facilmente, seja por produto Inverter, que consome menos energia, ou por não inverter, que gasta mais”, argumenta.

A multinacional ressalta que atualmente trabalha apenas com a tecnologia Inverter, como o compressor Dual Inverter, que contribui para que os modelos de ar-condicionado da LG sejam capazes de obter uma economia de até 70% de energia e uma refrigeração até 40% mais rápida em relação aos produtos convencionais.

“A qualidade e tecnologia dos produtos da LG são reconhecidas pelos consumidores, que mantêm a marca na liderança do mercado de condicionadores de ar no Brasil, com 22,3% de participação geral e 41,8% de liderança na categoria Inverter”, arremata o gestor, citando dados referentes a junho de 2022 divulgados pela consultoria GfK.

Monitoramento remoto, a pedra angular do supermercado moderno

Visto anteriormente como um complemento dispensável, os sistemas de monitoramento dos equipamentos do frio se tornaram ferramentas essenciais para varejistas que buscam maximizar a eficiência de seus sistemas e minimizar as perdas por paradas inesperadas, principalmente por mau funcionamento de componentes.

Ao procurar sistemas supervisórios, os supermercadistas entendem que a telegestão dos equipamentos nas lojas, o gerenciamento remoto de alarmes e a otimização dos parâmetros são hoje demandas inegociáveis, dada a grande importância que estes aspectos ganharam no HVAC-R.

Antes da chegada das tecnologias de monitoramento a distância, uma falha comum, a exemplo de um evaporador bloqueado por gelo, gerava altos custos de manutenção, visto que nesses casos havia a necessidade de deslocamento de uma equipe de serviço ao local para que fosse possível forçar um degelo manualmente.

“Hoje, algumas plataformas como o RED possuem algoritmos otimizados que conseguem prever uma possível perda de rendimento de um evaporador em um supermercado e gerar uma notificação para as equipes de monitoramento remoto para que uma revisão na configuração de degelo possa ser realizada a partir de uma central única de supervisão. Mesmo que esteja a centenas de quilômetros de distância não há necessidade de deslocar equipes técnicas ao local”, afirma o gerente técnico da Carel na América Latina, Marcel Nishimori.

As tecnologias de monitoramento atualmente disponíveis no mercado se refletem fortemente para minimizar os efeitos negativos de paradas para manutenção. “Ao visualizar os sistemas de supervisão e os gráficos com diversas informações termodinâmicas, as equipes de supervisão remotas conseguem realizar uma análise mais precisa e deslocar ao campo o tipo de profissional mais adequado para a realização da manutenção de forma mais assertiva e rápida”, explica o gestor.

Um dos principais produtos da Carel nesta linha específica da cadeia do frio é o Sistema Boss de monitoramento local. O componente supervisório permite conectar todos os dispositivos eletrônicos instalados nos equipamentos de frio alimentar, iluminação, ar-condicionado e outros que possam comunicar-se por meio de protocolos abertos, tais como ModBus, Bacnet, SNMP, entre outros.

“Esses dispositivos são essenciais para o armazenamento de informações de operação dos equipamentos, gestão de alarmes e a possibilidade de otimizar os sistemas pela integração entre os controles da casa de máquina (racks) e os evaporadores instalados nas câmaras frias e expositores. Funções como sucção flutuante, modulação de resistência de orvalho, entre outras, só podem ser executadas ao interligar todos os dispositivos através de um sistema supervisório”, detalha Nishimori.

Já a plataforma RED, ilustra o executivo, é a ferramenta, em nível corporativo, que permite a gestão de múltiplas lojas por meio de um painel de controle único, no qual todas as informações coletadas de centenas de equipamentos de cada estabelecimento são apresentadas em forma de indicadores de fácil compreensão, até para gestores que não são especializados em sistemas de refrigeração.

“A customização da forma em que as informações são apresentadas, além da expertise da nossa empresa em correlacionar os dados termodinâmicos de forma a utilizar algoritmos de machine learning (inteligência das máquinas) para predição de desvios de operação e falhas, são algumas das principais características dessa plataforma revolucionária”, complementa o gerente técnico da Carel.

Para o engenheiro de vendas da Danfoss, Alex Pagiato, os clientes supermercadistas geralmente buscam soluções tecnológicas para minimizar impactos de perdas em sua cadeia.

“Entretanto, podemos constatar que eles não desejam fazer simplesmente o monitoramento, mas, sim, aproveitar os benefícios que ele proporciona. Monitorar não significa dizer que todos os problemas vão desaparecer, mas sim vão ser evidenciados, e para isso ações terão de ser tomadas para alcançar mais performance. As tecnologias atuais proporcionam aos clientes desde o controle de temperatura em balcões e geladeiras até a garantia da qualidade de produtos comercializados, suscitando alarmes que reduzem tempos de paradas”, destaca o executivo.

Segundo ele, outro ponto a se levar em consideração neste cenário é o consumo de energia, um dos grandes vilões dos altos gastos no setor. “Muito precisa ser feito, mas um dos desafios e soluções propostas pela Danfoss é integrar todo o monitoramento de uma loja, incluindo iluminação, ar-condicionado, temperatura, alarmes e energia, garantindo, assim, a melhor gestão do negócio dos nossos clientes”, propõe Pagiato.

O gestor esclarece que o monitoramento de alarmes dos pontos críticos tem um impacto bem positivo, pois o operador recebe a informação, em tempo real, e pode tomar as ações necessárias, remota ou fisicamente.

“Embora cada loja tenha as suas particularidades, o monitoramento pode prever as manutenções preventivas antes que ocorra a manutenção corretiva. Estamos falando de 30% a 60% menos paradas para manutenções corretivas quando se tem o correto monitoramento. Para gerar economia de energia, é necessário realizar os ajustes nos parâmetros da sala de máquinas e no controle de cada ponto refrigerado. Assim, dá para economizar até 26% de energia”, completa Pagiato.

Outro importante player do HVAC-R, a Eletrofrio espera, para os próximos anos, um grande avanço na prestação de serviços de monitoramento remoto para gerenciamento do frio e da energia elétrica para os sistemas de refrigeração comercial.

Na visão do gerente de engenharia da companhia, Rogério Marson Rodrigues, toda base de hardwares e softwares já está desenvolvida e em operação em uma pequena parcela do varejo brasileiro, a qual já colhe excelentes resultados operacionais – da redução de quebras e de perdas de perecíveis à economia no consumo de energia elétrica.

“Tais avanços rapidamente serão transmitidos ao mercado e muitos outros varejistas procurarão por estes serviços”, projeta o executivo, para quem o monitoramento e gerenciamento de dados são ferramentas poderosas para as rotinas de manutenção, prevalecendo as preditivas e preventivas às corretivas.

“A redução do custo de substituição de peças e de mão de obra é perceptível já no primeiro ano de trabalho, porém nada supera a diminuição das quebras e da perda de produtos perecíveis e o melhor atendimento do consumidor final, aumentando a percepção de qualidade da marca do varejista que se utiliza desses recursos tecnológicos”, constata.

Conhecida pelos expositores frigoríficos presentes nas principais redes de supermercados do País, a Eletrofrio também é fabricante de equipamentos de refrigeração e painéis frigoríficos, não só para a refrigeração comercial, mas também para a industrial, novo mercado de atuação da companhia, que neste ano completou 76 anos de existência.

“Todos os sistemas de refrigeração projetados pela nossa empresa estão aptos a receber controladores eletrônicos interligados a um supervisório que permite acesso remoto, gerenciamento e análise de dados que resultam em uma programação de manutenção preditiva e preventiva, reduzindo as ações corretivas. Esse processo pode diminuir em até 50% as perdas de perecíveis em um supermercado”, enfatiza Marson.

Nessa mesma pegada, o vice-diretor da Full Gauge Controls, Rodnei Peres, entende que a busca por soluções em eficiência energética passa por componentes como controladores digitais inteligentes com funções de set point econômico, controladores para centrais de racks, válvulas de expansão eletrônica, softwares e aplicativos de gerenciamento via internet e equipamentos com compressores de velocidade variável.

“São investimentos que se pagam, na maioria das vezes, no médio prazo. O uso de válvulas de expansão eletrônicas, controladores para racks e software de gerenciamento representa uma economia que pode chegar a 20% logo nas primeiras semanas”, exemplifica o gestor.

A Full Gauge Controls também é famosa pelo software de gerenciamento remoto Sitrad Pro, reconhecido pela facilidade de programação, suporte técnico oferecido e economia de energia gerada.

De acordo com a companhia, um de seus carros-chefes é a linha Valex para controle de válvulas de expansão eletrônica, modelos VX-1025E plus e VX-1050E plus, que garantem economia de cerca de 20% na aquisição de equipamentos que complementam a instalação, já que estes podem ser mais compactos e de menor capacidade.

“Ao realizar o gerenciamento e monitoramento pelo Sitrad Pro, o instalador, o usuário responsável pela manutenção e o proprietário do negócio acessam as informações em tempo real, evitando perdas geradas por uma série de problemas, como a existência de uma porta de uma câmara fria aberta, por exemplo”, justifica Peres.

O monitoramento a partir de sensores sem fio e de alarmes inteligentes também é o foco da Syos, startup parceira da Coel. A empresa tem como clientes supermercadistas que necessitam acompanhar o desempenho de refrigeradores, balcões, freezers e câmaras frias.

“A qualquer sinal de não conformidade, seja por causa de um problema do próprio equipamento, de uma porta de câmara fria aberta, do armazenamento de produtos em excesso em um refrigerador ou algum problema de temperatura, enviamos alertas via WhatsApp indicando qual equipamento está com problema para que o gestor ou seu time possa resolvê-lo de forma rápida e eficiente”, explica o CEO da companhia, Paulo Lerner.

O executivo diz que a inteligência artificial, que capta dados e entende os padrões de temperatura de cada equipamento, consegue identificar e prever falhas antes mesmo de elas acontecerem, fazendo com que a perda de produtos perecíveis seja reduzida significativamente.

“A tecnologia e a gestão inteligente dos nossos sistemas permitem ao supermercadista monitorar sua área refrigerada com segurança e tranquilidade, reduzir o comprometimento dos produtos, garantir mais qualidade e diminuir os custos, principalmente com manutenções emergenciais”, conclui Lerner.

Especializada em projetos de refrigeração comercial e na prestação de serviços de assistência técnica, manutenção preventiva, corretiva, projetos, vendas, retrofits e planejamento de novas obras, a Superfrio também aposta em centrais frigoríficas dotadas de inversores de frequência, válvulas de expansão eletrônicas, condensadores de microcanal e fluidos refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global.

Segundo o analista de marketing do fabricante, Eduardo Seraphim, a empresa dispõe de produtos de série e customizados que combinam componentes de última geração desenvolvidos para garantir sua durabilidade, melhorar a qualidade do frio alimentar, economizar energia e reduzir emissões de gases de efeito estufa.

“Com a tecnologia de monitoramento remoto, podemos identificar um problema muito mais rápido, conseguindo assim resolvê-lo em menor tempo. Consequentemente, as perdas se tornam cada vez menores, por conta de paradas em equipamentos do frio alimentar”, diz.

 Compressores

Fabricante das soluções de refrigeração Embraco, a gigante Nidec Global Appliance tem se focado em desenvolver e lançar produtos que respondam às principais demandas dos supermercadistas, como economia de energia e equipamentos tão eficientes que reduzem drasticamente as paradas para manutenção.

Uma das principais tendências tecnológicas oferecidas pela empresa está nos compressores de velocidade variável, que podem entregar até 40% de economia de energia, dependendo da aplicação, em comparação com a tecnologia tradicional de velocidade fixa.

Esses equipamentos oferecem também melhor desempenho na preservação dos alimentos, pois mantêm a temperatura interna dos gabinetes mais estável, bem como promovem a redução de ruído. Com esta tecnologia, o inversor (placa eletrônica) interpreta as necessidades de temperatura do refrigerador e regula a velocidade de rotação do compressor para atender essa demanda.

“O uso de compressores de velocidade variável eleva as possibilidades de aplicação da Internet das Coisas (IoT), pois os inversores que controlam os compressores permitem agregar novos recursos e controles entre o refrigerador e o compressor, os quais permitem, por exemplo, o monitoramento e a atuação remotos”, salienta o diretor de vendas e engenharia de aplicação para América Latina da Nidec, Sander Malutta, também responsável pelo portfólio da Embraco.

O executivo frisa que a companhia tem acompanhado a tendência tecnológica da redução de tamanho dos compressores. De acordo com ele, a miniaturização, por meio do uso de muita tecnologia embarcada, visa à fabricação de compressores menores, mas com a mesma capacidade de refrigeração e geralmente com maior eficiência energética do que seus antecessores.

“Há vários ganhos nisso, como o melhor aproveitamento do espaço interno do gabinete para armazenamento de produtos, a redução do consumo de recursos naturais para fabricação dos compressores e a otimização do transporte, com mais compressores por caminhão ou container”, afirma o diretor.

No Brasil, os carros-chefes para a refrigeração comercial da Nidec são os compressores de velocidade variável, como as linhas VEM e FMF. O VEMT404U foi desenvolvido para aplicações comerciais, como merchandisers e equipamentos de refrigeração para cozinhas profissionais ou outros serviços de alimentação.

O modelo FMF faz parte de uma família de compressores de velocidade variável para aplicações comerciais que apresenta os melhores níveis de eficiência energética do mercado na sua categoria de tamanho e capacidade de refrigeração, segundo a multinacional.

A tecnologia permite controlar melhor o funcionamento do equipamento de refrigeração. O compressor de velocidade variável, por exemplo, funciona acoplado a uma placa eletrônica (inversor).

“Nossos compressores, com essa tecnologia, utilizam um software de controle lógico chamado Smart Drop In, desenvolvido para ajustar a velocidade de rotação do compressor em situações de operações reais para o segmento comercial leve, como o degelo a gás quente ou resistência elétrica, abertura intensiva de porta e rápida recuperação de temperatura, sempre buscando um ponto adequado de consumo de energia”, finaliza Malutta.

Novos processos de esterilização aceleram QAI nos transportes coletivos

Filtros HEPA, lâmpadas UV-C, ionização bipolar e fotocatalisadores são aplicados para elevar a qualidade do ar interior em ônibus, aviões, barcos de passageiros, trens e metrôs pelo Brasil.

Se a qualidade do ar que respiramos já fazia parte das preocupações diárias das pessoas – especialmente de quem tem doenças pulmonares ou alergias –, este comportamento da sociedade se tornou ainda mais evidente a partir da pandemia de covid-19, que no Brasil teve início em fevereiro de 2020.

No auge da crise sanitária, as restrições tomadas nos transportes públicos, como o distanciamento social – quando possível – e o uso obrigatório de máscaras, foram essenciais para barrar uma maior disseminação do coronavírus entre os passageiros.

Da mesma forma, a aplicação de processos tecnológicos para a esterilização do ar interior e desinfecção de superfícies continua no mesmo ritmo. Ônibus, aviões, barcos de passageiros, trens e metrôs pelo Brasil têm passado por uma variedade de procedimentos, como filtros HEPA, lâmpadas UV-C, ionização bipolar e fotocatalisadores.

Estes processos ganharam ainda mais importância para manter a saúde de quem usa o transporte coletivo, uma vez que muitas cidades já suspenderam a obrigatoriedade da máscara. No estado de São Paulo, por exemplo, essa regra caiu em 9 de setembro, após sinalização positiva do Conselho Gestor da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo (SCPDS).

Vale, portanto, para os ônibus da capital paulista (SPTrans), transportes metropolitanos (EMTU, CPTM, Metrô, ViaQuatro, ViaMobilidade), transportes suburbanos (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e ônibus municipais das 645 cidades do estado.

“A conscientização sobre a importância de cuidar do ar em ambientes fechados aumentou. Um exemplo disso é que antes esse tema era majoritariamente conduzido pela equipe de manutenção, em nível gerencial. Hoje, vemos outros players atentos a isso dentro das empresas, como diretores e outros setores como saúde ocupacional, RH e até marketing”, argumenta o CEO da Conforlab, Leonardo Cozac, presidente do Plano Nacional de Qualidade do Ar Interno (PNQAI).

“A pandemia trouxe à luz um problema que já era conhecido dos especialistas, e a qualidade interna do ar passou a ser um dos fatores mais solicitados pelos colaboradores, como ficou evidente por uma pesquisa da Harvard Business Review. As pessoas passaram a entender o risco de saúde que existe em trabalhar em locais que não têm boa qualidade do ar interno”, emenda o CEO da Ecoquest, Henrique Cury, past-presidente do Departamento de Qualidade Interno (Qualindoor) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

Ambos os especialistas concordam que as ações de prevenção, em relação à adaptação dos sistemas de ar-condicionado, executadas pelo poder público ao longo da pandemia, ficaram aquém do ideal para o tipo de emergência que se abateu no país.

“Observei o surgimento de algumas leis municipais, como o caso de Santos, exigindo um melhor controle e qualidade do ar nesses locais. Mas ainda é muito pouco dentro da real necessidade”, pontua Cozac.

Seu colega concorda que pouca coisa foi feita para proteger os usuários dos transportes públicos, a exemplo da exigência do uso de máscaras em terminais e dentro dos veículos. “É necessária a implementação de normativas visando a melhora da qualidade interna do ar nesses locais de grande concentração de pessoas e, consequentemente, de grande risco”, complementa.

De acordo com eles, cada uma das soluções hoje utilizadas, principalmente lâmpadas UV-C, ionização e fotocatálise, tem sua aplicação e benefícios, devendo ser sempre utilizadas com apoio técnico de especialistas. Estas tecnologias atuam na redução de alguns gases, material particulado e micro-organismos, como fungos, bactérias e vírus.

Luz UV-C

Usada para descontaminação do ambiente interno dos meios de transportes, a luz UV-C atua na desinfecção de tudo o que alcança, como assentos, barras, chão, portas, janelas e paredes desses veículos.

“Se forem usadas adequadamente, essa e outras tecnologias têm eficácia para as superfícies e o ar. Devem ser instaladas por especialistas para serem eficazes e seguras, atentando-se às pessoas e aos materiais de acabamento dos veículos”, pondera Cozac.

Para Cury, a luz UV-C germicida, neste momento, não é economicamente viável para inativação de patógenos no ar e não é tão eficiente na limpeza de superfícies, como ocorre com o uso de produtos de limpeza. “Além de poder danificar materiais, a luz UV-C germicida tem problemas no tratamento de superfícies curvas, pois as sombras que teremos não permitirão o devido tratamento”, alerta.

Tanto o CEO do Conforlab quanto o CEO da Ecoquest acreditam que a tecnologia mais inovadora contra patógenos, em ambientes de uso coletivo, é a fotocatálise. “Este sistema de purificação do ar ativo, que trata o ar e as superfícies, pode ser utilizado em ambientes ocupados por pessoas”, afirma Cozac.

O diretor técnico da Dannenge International, Ricardo Cherem de Abreu, entretanto, salienta que as lâmpadas UV-C para desinfecção de veículos podem ser efetivas em superfícies lisas e totalmente irradiadas, assim como nas serpentinas e dutos do sistema de climatização, onde são usadas de forma contínua.

“A simples desinfecção da cabine do veículo não é representativa, uma vez que o primeiro usuário infectado ao entrar no veículo, quando este inicia seu turno de trabalho, vai lançar contaminantes no ar, e aí é que está o maior problema”, enfatiza Abreu, concordando que a limpeza e desinfecção de superfícies entre turnos de uso é importante, “mas a técnica mais eficaz e recomendada pela Anvisa é a aplicação de desinfetantes químicos, sendo o mais eficiente o ácido peracético”.

O CTO da Dannenge International entende que a ionização bipolar e os fotocatalisadores foram as duas tecnologias aplicadas com sucesso nos sistemas de climatização dos veículos, pois manteve-se a configuração original desses equipamentos.

“A ionização bipolar tem alcance restrito, e basicamente os micro-organismos são eliminados somente na passagem pelos ionizadores. A tecnologia funciona como um filtro, porém de alta eficiência, sem necessidade de alteração dos ventiladores do sistema de climatização. Por outro lado, os fotocatalisadores são equipamentos que geram peróxido de hidrogênio, que arrastado pelas correntes de ar e por meio de difusão gasosa preenche todo o espaço ocupado do veículo”, explica Abreu.

Segundo o especialista, o peróxido de hidrogênio (comercialmente conhecido como água oxigenada) é um poderoso agente biocida para organismos unicelulares, além de excelente oxidante para o controle de gases orgânicos no ambiente. “Ou seja, combate o contaminante no caminho entre o emissor infectado e seus vizinhos”, conclui.

O mesmo movimento em torno da QAI tem ocorrido no exterior. Em Nova York, nos Estados Unidos, uma tecnologia inovadora começou a ser usada em mais de 100 ônibus escolares da empresa Meir Transport, nas regiões do Brooklyn e do Queens.

Aplicada em 87 países, incluindo escolas, hospitais e escritórios, este novo sistema de ventilação de bordo tem diversos níveis de filtragem e desinfecção. Ele também se conecta ao sistema wi-fi e cria um painel da web com informações, em tempo real, sobre as condições do ar interior.

Os sensores fornecem dados sobre temperatura, níveis de dióxido de carbono e monóxido de carbono e patógenos que podem transmitir doenças. Com essas informações disponíveis é possível aos gestores planejar estratégias para prevenção e combate ao novo coronavírus.

Legislações

A partir da disseminação do novo coronavírus, muitos estados e municípios passaram a buscar soluções para o problema gerados pela contaminação do ar e das superfícies.

Em julho de 2020, alguns meses após o início da pandemia, o estado da Paraíba foi um dos pioneiros a aprovar legislação para a prevenção contra a covid-19. O texto, proveniente do Projeto de Lei nº 1.552/2020, do deputado estadual Ricardo Barbosa, determinou às concessionárias de transportes públicos que diariamente realizem a desinfecção e limpeza de seus veículos.

Bem mais tarde, em 12 de janeiro deste ano, o estado do Amazonas publicou a Lei n° 5.789, obrigando as concessionárias que operam no serviço de transporte rodoviário e hidroviário intermunicipal a, semanalmente, realizar a desinfecção e a limpeza dos veículos para a contenção da covid-19.

De acordo com a legislação, as empresas que não cumprirem o disposto poderão ter suas concessões suspensas ou mesmo cassadas. A fiscalização é competência da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados e Contratados do Estado (Arsepam).

Já a cidade de Santos aprovou a Lei Complementar nº 1.165, de 20 de abril de 2022, que entrará em vigor em 17 de outubro, 180 dias após ser publicada no Diário Oficial. Ela institui o “Selo de Qualidade do Ar no Transporte Coletivo Urbano”, que será afixado em cada veículo e conterá a data da última limpeza e manutenção do equipamento de refrigeração.

Além disso, as concessionárias de transporte coletivo urbano deverão apresentar, semestralmente, ao órgão competente da Prefeitura, laudo elaborado por responsável técnico informando as condições de limpeza, manutenção, operação e controle dos equipamentos do sistema de climatização dos veículos, bem como da aferição e atendimento dos parâmetros de qualidade do ar. O descumprimento da lei poderá gerar desde advertência até multa no valor de R$ 1 mil, aplicada em dobro em caso de reincidência.

De acordo com o diretor técnico da Dannenge International, Ricardo Cherem de Abreu, o problema está no fato de que todas as legislações levaram em consideração a transmissão indireta, por gotículas com vírus depositadas sobre superfícies. “Sabemos hoje que o problema principal é a transmissão direta, por via aérea”, salienta.

O executivo comenta ainda que atualmente existem testes que podem ser realizados para avaliar a concentração de determinado contaminante sobre uma superfície e, submetido um ambiente a diferentes condições, por exemplo, sem filtro ou com purificador, é possível inferir a eficácia do equipamento.

“Mas como realizar estes testes de uma forma padrão, de modo que possam ser repetidos e certificados por diferentes entidades? É uma resposta a um problema que a engenharia nacional e os cientistas da área necessitam encontrar e fornecer”, complementa Abreu.

Monitoramento remoto maximiza eficiência no mercado do frio

O monitoramento remoto está ajudando a tornar mais eficazes e precisos fatores essenciais no HVAC-R, como controle de temperatura, seja em câmaras frigoríficas, chillers, balcões refrigerados e sistemas de ar-condicionado em locais de grande movimento. Igualmente, esta tecnologia também tem sido aplicada em sistemas de iluminação, evaporação e em equipamentos embarcados em veículos de frotas que transportam cargas refrigeradas.

“Geralmente, supermercados e lojas de conveniência buscam soluções tecnológicas para minimizar impactos de perdas em sua cadeia, e a partir disso podemos constatar que eles não desejam somente fazer o monitoramento, mas aproveitar-se dos benefícios que ele proporciona”, afirma o gerente de vendas para o segmento de supermercados e fabricantes no Brasil da Danfoss, Daniel Alberto Seijas de Andrade.

Segundo ele, monitorar não significa dizer que todos os problemas vão desaparecer, mas, sim, acabarão sendo evidenciados, situação que levará à adoção de procedimentos mais assertivos para se alcançar melhores performances.

“As tecnologias atuais proporcionam desde o controle de temperatura em balcões e geladeiras, tanto para garantir a qualidade dos produtos comercializados, quanto para gerar alarmes que possam reduzir o tempo de paradas”, complementa o executivo, lembrando que a Danfoss propõe como uma de suas soluções a integração de todo o monitoramento de uma loja, incluindo iluminação, ar-condicionado, temperatura, alarmes e energia, garantindo a melhor gestão do negócio.

Neste quesito, a multinacional elegeu como seu carro-chefe o Alsense, produto focado no monitoramento de supermercados com viés voltado à eficiência energética. Trata-se de um software que gerencia dados de alarmes e de energia e controle de temperaturas, possibilitando ao usuário garantir a qualidade de seus itens e identificar os pontos de melhoria.

Além do Alsense, a Danfoss dispõe de um sistema de gerenciamento remoto chamado Prosa, desenvolvido para lojas menores, com o objetivo de monitorar geladeiras e expositores de forma individual, com foco principal no controle de temperatura e de paradas de equipamentos.

“Estes componentes são capazes de realizar a detecção de alarmes dentro do sistema de frio alimentar, leitura em tempo real do que acontece na sala de máquinas, expositores no salão de vendas e câmaras de armazenagem. Com esses dados, através de um dashboard, o cliente visualiza gráficos e consegue detectar onde os problemas estão, inclusive podendo prever complicações futuros. Com estes levantamentos é possível atuar em um plano de ação corretivo ou preventivo”, enfatiza Andrade.

Os investimentos em soluções para o segmento de refrigeração também é o carro-chefe da brasileira Coel. Em seu portfólio destaca-se o protocolo de comunicação Modbus via RS485, embarcado nos controladores de temperatura e na linha de controladores programáveis nanoPAC e specialPAC.

“Com isso, o cliente tem liberdade para desenvolver soluções sob medida para os seus projetos, conectando-se a sistemas supervisórios de mercado. Adicionalmente, temos soluções customizadas para grandes produtos, focadas no segmento de alimentos e bebidas”, afirma o gerente de marketing da Coel, Fernando Lemos.

As soluções disponibilizadas pela empresa são capazes de gerar uma série de dados do equipamento, como localização, status (refrigeração, degelo ou pós-degelo em andamento, modo eco, turbo), temperaturas dos sensores, visualização e alteração remota dos parâmetros, indicação de erros e alarmes (sensor com problema, alta ou baixa temperatura, alta ou baixa tensão, porta aberta), bem como o histórico destas atividades.

“Com as nossas soluções de IoT é possível extrair uma melhor performance do equipamento, além da redução da quantidade e de tempo de degelos diários”, salienta Lemos.

O executivo lembra ainda dos ganhos de eficiência proporcionados ao se optar pelo modo econômico inteligente, em que é possível, após o fechamento da loja ou em momentos de muito baixo movimento, fazer com que o equipamento trabalhe em temperatura um pouco mais alta. “Assim, após a primeira abertura de porta, o set point voltará ao normal ou, então, irá para o modo turbo por um tempo programado, e após atingi-lo, tornará a voltar à temperatura normal de trabalho”, completa.

 

Precisão no controle

Dona de uma linha com 147 produtos, além do software de gerenciamento remoto Sitrad Pro, a Full Gauge Controls desenvolve e produz instrumentos para controle de temperatura, umidade, energia elétrica, pressão e outras variáveis.

A empresa oferece ao mercado do frio, por exemplo, a linha Valex para controle de válvulas de expansão eletrônica, voltada a promover eficiência energética. Fazem parte deste rol os modelos VX-1025E plus e VX-1050E plus, que garantem economia de aproximadamente 20% na aquisição de equipamentos que complementam a instalação, já que estes podem ser mais compactos e de menor capacidade.

“Além disso, o usuário também terá economia imediata semelhante na conta de energia elétrica, pois as válvulas de expansão eletrônica são precisas, ao contrário das ultrapassadas válvulas termostáticas”, compara o diretor da Full Gauge Controls, Antonio Gobbi.

O executivo reforça que entre outras funções, os instrumentos da fabricante executam o controle e o acionamento de cargas, e com isso se tornam muito mais precisos, seja operando em uma grande planta de refrigeração industrial ou em um minimercado de bairro.

“A partir do gerenciamento e do monitoramento feitos pelo Sitrad Pro, a precisão e a eficiência aumentam consideravelmente, pois o instalador, o usuário responsável pela manutenção e o proprietário do negócio acessam as informações em tempo real, evitando transtornos, por exemplo, como a existência de porta de uma câmara fria aberta, manutenções preditivas e preventivas”, pondera Gobbi.

O executivo descreve que o Sitrad Pro e o aplicativo Sitrad Mobile mostram, em tempo real, todas as variáveis controladas pelos instrumentos instalados em um equipamento. “Então, é possível alterar a configuração, gerar relatórios gráficos e de texto, programar alarmes, criar níveis de acesso e muito mais, de onde o usuário estiver”, comenta o diretor da Full Gauge Controls.

Igual entendimento sobre a tecnologia de monitoramento tem a diretora de serviços de engenharia na América do Sul da Emerson, Joana Canozzi, para quem a integração das diversas plataformas de eletrônicos em um único sistema traz uma visão integrada da operação das lojas.

“Este cenário abre a possibilidade de otimização da operação dos sistemas e prevenção de falhas. Já em termos de eficiência energética, a descentralização de equipamentos permite novas configurações de lojas e a aplicação de soluções de compressão mais eficientes e combinadas a componentes eletrônicos, como a tecnologia de velocidade variável”, explica a engenheira.

Joana pontua alguns gargalos atualmente evidentes, que muitas vezes comprometem a aplicação dos processos de monitoramento, “como a indisponibilidade de sinal estável para comunicação em certas regiões do país, assim como o desafio da gestão inteligente e eficiente da informação gerada pelas plataformas de monitoramento”, complementa.

Entretanto, a derrubada dessas barreiras pode ser iniciada muito em breve, visto que a tecnologia de redes 5G, presente no Brasil desde 5 de julho, já está operando em várias capitais brasileiras. Quando ela estiver amplamente instalada, certamente haverá uma revolução na tecnologia de monitoramento remoto de mercadorias.

 

Logística de perecíveis

O rastreamento e o monitoramento a distância do transporte de cargas perecíveis, que necessitam de controle de temperatura, também têm se expandido no Brasil, a partir do aumento das frotas de veículos dotados de baú refrigerado que circulam por todo país.

Importante player do HVAC-R que tem se destacado por gerar ótimos negócios em torno das tecnologias de monitoramento a remoto, a Thermo King é especializada no desenvolvimento de soluções de controle de temperatura para transportes, incluindo unidades de refrigeração para logística de perecíveis e equipamentos de ar-condicionado para ônibus.

Atualmente na empresa, é possível operar remotamente a unidade de refrigeração desde a Web ou App, por meio da sua plataforma Tracking, sem qualquer intervenção local do operador, adequando precisamente o sistema de refrigeração da carga, conforme a leitura de dados recebidos em tempo real.

Ainda de acordo com a companhia, “além de monitorar o trajeto percorrido, a velocidade média do veículo, o horário de início e término de cada etapa do trânsito da carga, é possível saber exatamente o estado dos equipamentos de refrigeração no trajeto e até em que horário e onde as portas do reboque foram abertas, por exemplo, e da mesma forma, configurar o funcionamento do equipamento específico para o produto que está em circulação”.

A tecnologia da plataforma Tracking permite ao operador ligar e desligar a unidade, verificar e apagar alarmes, ajustar set point e modo de operação, além de iniciar degelo e teste pré-viagem.

“Os benefícios do uso da plataforma Tracking são os mais diversos e têm a possibilidade de se ajustar às características de cada negócio, elevando a capacidade de controle total na gestão de temperatura da carga, que elimina erros de operação, é o principal”, frisa a empresa.

Com foco em segurança alimentar, a Emerson oferece soluções dentro das linhas Cargo e Cooper-Atkins para monitoramento, rastreamento de cargas e gerenciamento da temperatura de alimentos e ambientes de preparo e armazenamento de alimentos.

“Dentro da linha de produtos Copeland, tanto para compressão quanto para automação, a empresa tem investido no desenvolvimento de produtos mais eficientes, que contribuem para a redução do impacto ambiental, tanto direto, considerando o consumo energético, como indireto, relativo à aplicação de fluidos refrigerantes de baixo impacto ambiental”, salienta o diretor de negócios de ar condicionado – América do Sul da multinacional norte-americana, André Stoqui.

Segundo ele, a companhia desenvolveu um portfólio de componentes eletrônicos para viabilizar a conectividade para o monitoramento. “Entre as principais soluções estão os sistemas supervisórios Xweb e E3 e as plataformas de monitoramento Connect+ e Copeland RES, bem como os compressores de duplo estágio, modulação digital e de velocidade variável”, lista.

Stoqui crê que a tecnologia de monitoramento remoto permite a rápida atuação de forma preditiva e inteligente, uma vez que oferece uma visão estratégica dos dados do sistema.

“Dentro das nossas plataformas é possível ter acesso a informações de operação como set point de expositores frigoríficos, dados de temperatura de condensação e evaporação, além de demanda e consumo de energia, permitindo a adoção de rotinas inteligentes e condições de operação otimizadas para reduzir o consumo de energia e agilizar rotinas de manutenção, evitando possíveis paradas de sistema”, complementa o diretor da Emerson.

ONU formaliza adesão do Brasil à Emenda de Kigali

Ratificação do pacto, que reduz produção de HFCs no mundo, será anunciada na 34ª Reunião das Partes do Protocolo de Montreal, no Canadá.

Após uma longa tramitação no Congresso Nacional, aguardada desde 2018, o Brasil, enfim, passa a ser o 139º país a ratificar a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal. Depois de ser votada no Senado, em agosto, o governo Brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, fez o depósito da documentação legal necessária nas Nações Unidas, que foi aprovada em 19 de outubro.

Agora, o Brasil passa oficialmente a fazer parte da lista da Secretaria de Ozônio (Ozone Secretariat) unindo-se às principais potências mundiais, como China, União Europeia, Índia e Japão, que já ratificaram a Emenda. A ratificação acontece poucos dias antes da 34ª Reunião das Partes do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (MOP 34), programada para ocorrer de 31 de outubro a 4 de novembro de 2022 em Montreal, Canadá.

“É muito importante e significativo internacionalmente que o Brasil tenha chegado à MOP 34 com a Emenda ratificada. Mostra que o país está empenhado em cumprir as metas e os prazos estabelecidos pelo pacto global e poderá a partir de agora atuar como protagonista e não meramente como espectador”, diz Dra. Suely Machado Carvalho, especialista sênior do Painel de Tecnologia e Economia (TEAP) do Protocolo de Montreal.

No evento, que vai reunir representantes dos 189 países que já aderiram ao Protocolo de Montreal (que completa 35 anos em 2022), serão analisados os termos de referência para o estudo sobre a reposição do Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal no triênio 2024-2026, além de debater sobre os rumos da eficiência energética no mundo. A participação da delegação brasileira, representada por membros do Ministério das Relações Exteriores e Ministério do Meio Ambiente, incluindo o Ibama, está marcada para o dia 31 de outubro, quando serão analisados os termos da Emenda entre outros assuntos.

Assinada em Ruanda, em 2016, a Emenda de Kigali estava desde 2018 em tramitação no Congresso Nacional aguardando sua votação, o que aconteceu na Câmara dos Deputados em maio deste ano, na forma do PDL 1100/2018. Em agosto, o Senado também aprovou a Emenda na forma do PDL 179/2022 que, agora, após a ratificação na ONU, precisa ainda da publicação do decreto presidencial para sua promulgação como lei no país. Seu principal objetivo é reduzir a produção e o consumo de hidrofluorcarbonos (HFCs), gases de efeito estufa potentes comumente encontrados em geladeiras e aparelhos de ar condicionado, que aquecem o planeta até 12 mil vezes mais que o dióxido de carbono (CO2)

De acordo com o texto da Emenda de Kigali, o Brasil tem até 2024 para se adequar ao novo teto de consumo dos HFCs. A meta é atender todo o mercado brasileiro de fluidos refrigerantes sem aumento da média das importações entre 2020 e 2022, embora a tendência seja de crescimento. Esse congelamento permanecerá até 2028. As demais metas são reduzir em 10%, 30%, 50% e 80% a importação e o consumo desses gases em 2029, 2035, 2040 e 2045, respectivamente, em relação a esse teto.

Com a ratificação, o Brasil passa a ter acesso a um valor estimado de US$ 100 milhões do chamado Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal (MLF), destinado para a adequação de fábricas, geração de empregos e capacitação da mão-de-obra. Mas, para ter acesso ao Fundo, o governo brasileiro precisa cumprir os prazos estabelecidos e elaborar um Plano de Ação Nacional para a implementação da redução gradativa dos HFCs. Esse plano – chamado KIP (Kigali Implementation Plan) e que deve passar por uma consulta pública e depois ser aprovado pelo MLF – estabelecerá os setores prioritários para iniciar a redução dos HFCs, o que exigirá tempo e negociação com os setores envolvidos da indústria.

Por isso, a ratificação da Emenda de Kigali ganhou apoio não só das entidades ambientais e de defesa do consumidor, mas também de associações industriais e comerciais. “O apoio das entidades empresariais foi fundamental para mostrar a face industrial e econômica de um tratado que é equivocadamente visto apenas como ambiental”, diz Rodolfo Gomes, diretor executivo do IEI Brasil e coordenador da Rede Kigali, formada por organizações da sociedade civil.

No Brasil,  a Rede Kigali com o apoio de parceiros do setor privado, como a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) e o Sindicato das Indústrias de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo (Sindratar-SP), tiveram papel fundamental em todo o processo da ratificação da Emenda, desde sua aprovação no Congresso até sua promulgação, haja vista que o Brasil já possui meta a ser cumprida em 2024 e ainda precisa elaborar seu plano nacional de redução de HFCs.

O avanço tecnológico e a normatização vão evitar que o mercado consumidor brasileiro se torne destino de aparelhos obsoletos, de baixa eficiência energética e poluentes. Equipamentos com fluidos refrigerantes que atendem à Emenda são normalmente mais eficientes e o uso desses aparelhos resultaria em economia de R$ 57 bilhões no país até 2035, recursos que poderiam ser investidos em demandas mais urgentes da sociedade (conforme estudo de 2020 do Lawrence Berkeley National Laboratory). Ainda segundo o estudo, a mudança pode evitar também a necessidade de se investir 4,5 gigawatts (GW) de novas usinas para operação no horário de pico no período considerado, o que significa mais do que toda a capacidade instalada de termelétricas a óleo combustível existentes no país.

Para o meio ambiente, estima-se que o cumprimento da Emenda evitaria um aumento de 0,4 a 0,5 °C na temperatura média do planeta em 2100, um grande potencial na medida em que o mundo inteiro tem o desafio de evitar que esse aumento ultrapasse 1,5 °C, conforme estabelecido no Acordo de Paris.